Não há dúvidas de que a Ilha da Madeira é um destino fascinante e completo. E, como não poderia ser diferente, o lugar também segue as tradições do restante de Portugal na produção de vinho. Sua localização privilegiada, solo vulcânico e método de preparo especial dão origem a uma bebida de características singulares: o vinho Madeira.
No reinado de Infante D. Henrique, foram introduzidas na ilha as castas que derivam o vinho, constituindo a oportunidade de fornecer a bebida aos navios que seguiam para o Novo Mundo e para as Índias pouco depois de sua descoberta, ainda no século 15. A produção se tornou uma das principais fontes da economia madeirense e, atualmente, os mais de 500 hectares de vinhas se misturam aos cenários de vegetação exuberante desse pequeno paraíso no Atlântico. Inclusive, um dos maiores eventos da região é promovido para celebrar a bebida. A Festa do Vinho é realizada entre setembro e outubro, período que coincide com as vindimas.
Esse é um vinho fortificado, ou seja, recebe álcool vínico para barrar a fermentação, o que faz com que também tenha um alto teor alcoólico, podendo ultrapassar os 19%. Seu processo de produção foi conhecido por acaso. Diferente de qualquer outro e desafiando as lógicas da enologia, utiliza dois métodos distintos: a maturação com calor, em que o vinho é armazenado em tonéis de inox sob temperaturas entre 45 e 50o C durante um período de, no mínimo, três meses, simulando as condições a que eram submetidos durantes as travessias oceânicas até as Índias, quando atravessavam duas vezes a linha do Equador. Existe também o processo chamado canteiro, no qual o vinho é armazenado em barris de madeira por um período mínimo de dois anos, nos pisos superiores das adegas, onde a temperatura é mais elevada.
Os vinhos Madeira podem ter vários graus de doçura, desde seco e meio seco, até doce e meio doce, cada um associado a um tipo de casta. Os vinhos doces são produzidos com a casta Malvasia, os meio doces são da casta Bual, meio secos com a casta Verdelho e os secos com a casta Sercial. Já a casta Tinta Negra é base da maior parte da produção, dada a sua versatilidade para produzir os quatros graus de doçura.
Degustar uma boa taça de vinho Madeira pode ser uma experiência inesquecível. Imagine provar uma bebida centenária? Com longevidade incomparável, o líquido pode ganhar sabor ainda mais extraordinário com o passar dos anos. Algumas amostras chegam aos três séculos.
Todos esses processos resultam em uma bebida complexa, de aromas ricos e intensos, reconhecida por sua energia e frescor, graças a uma acidez surpreendente e paladar inigualável.
Texto por: Agência com edição de Caroline de Oliveira
Foto destaque por IBVAM