No centro europeu há um país onde o ar puro dos alpes trazem melodias de Mozart. Áustria, a grande potência cultural europeia foi berço de grandes compositores, com importantes contribuições no universo das artes plásticas, arquitetônicas e cinematográficas. No ramo científico se concentram importantes investigações e conquistas sendo a terra natal de Freud, Hans Asperger, dos economistas Schumpeter e o Prêmio Nobel, Friedrich Hayek entre outros. A qualidade da produção intelectual não é por acaso, capaz de inspirar a Kafka, a paz que se respira no país é tangível no céu, nas águas do Danúbio e nas imponentes montanhas que as vezes, se vestem de branco.
Dos nove estados que a dividem, a Baixa Áustria é um daqueles locais imperdíveis, conhecê-lo é se debruçar no riquíssimo legado histórico que aguarda por você. A uma curta distância de Viena (trinta minutos de carro), no distrito de Baden, Heiligenkreuz é uma linda cidade com apenas 1525 habitantes. No local, se encontra a maior abadia cisterciense da Europa, uma das mais antigas do mundo que data de 1133. Entre suas paredes, vivem mais de 80 monges conhecidos por seus cânticos gregorianos.
No conjunto, convivem em harmonia vários estilos arquitetônicos, o que nos monstra a resiliência frente a guerras, incêndios e inundações que sucederam ao longo do tempo, principalmente durante os séculos XV e XVI. Correspondem ao românico a fachada, as naves e o transepto, sendo o coro do estilo gótico. Os turcos destruíram grande parte do mosteiro, durante o qual a biblioteca foi queimada, foi no processo de reconstrução que o mosteiro medieval foi ampliado com novos átrios barrocos.
A entrada para a abadia é feita através de um grande pátio interno em cujo centro está uma coluna barroca da Santíssima Trindade, projetada pelo escultor Giovanni Giuliani, concluída no século XVIII. A fachada, como na maioria das igrejas cistercienses, mostra três janelas simples como símbolo da Trindade. A torre sineira foi adicionada posteriormente na ala norte.
Em 1802, foi criado o instituto de estudos teológicos e filosóficos, que se tornou uma universidade em 1976. É uma das principais faculdades para a formação de padres no mundo germânico.
Cercado por uma extensa vegetação, em meio ao bosque também é uma particularidade que caracteriza a ordem do Cister. O lugar não só permitia o isolamento, se não que as amplas áreas forneciam as necessidades básicas para a vida monástica sem a necessidade de estabelecer excessivo contato com o exterior. O valor que eles dão à floresta é imenso, tornando-se pioneiros no desenvolvimento de padrões de explotação florestal no século XIII. A floresta abastece à ordem de recursos naturais necessários para aquecer, construir e se alimentar. Introduziram a especialização do trabalho agrícola conseguindo gerar excedentes para vende-los.
Texto por Natalia Bastos, imagem destacada via Istock/FotoGablitz