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Turismo religioso conquista cada vez mais adeptos. Descubra suas origens

As viagens de fé e devoção são popularmente conhecidas como turismo religioso. Turismo religioso é o termo usado para designar o deslocamento de uma ou mais pessoas para fins ligados à fé e/ou à devoção. Pode ser praticado entre cidades, estados ou até países, mas também pode ser praticado na mesma cidade. Abrange desde visitar uma igreja a participar de romarias e peregrinações de curta ou longa duração no Brasil ou em outros países. (Fonte: Jornalista Amadeu Castanho)

Na Grécia Antiga dava-se extrema relevância ao tempo livre, ao qual era dedicado à cultura, diversão, religião e desportos. Os deslocamentos de maior destaque eram os que tinham o propósito de assistir as Olimpíadas (que ocorriam a cada quatro anos na cidade de Olímpia). Para lá se deslocavam milhares de pessoas, de diversas religiões e desportos. Havia, ainda, peregrinações religiosas, como as que se dirigiam aos Oráculos de Delfos e ao Dodoma. Nessa época, até os judeus realizavam peregrinações para visitar o Templo de Jerusalém. O turismo, portanto, teve seu início antes de Cristo, com as peregrinações aos Templos Religiosos. Apesar desta realidade ser, atualmente, quase inexistente para as culturas judaica e grega, a tradição persiste, embora com novas proporções e destaques. Embora tenha começado muito antes do cristianismo, em outras religiões, inclusive a judaica, foi a partir de Jesus Cristo que o turismo religioso se desenvolveu.

As leis judaicas especificavam que todo judeu devia visitar Jerusalém para as celebrações da Páscoa e da Festa dos Tabernáculos. Isso já pode ser considerado turismo religioso. Ainda durante a vida de Jesus Cristo, as pessoas já iam de um lugar para outro para ouvi-Lo, para tentarem ser curadas ou para tentarem que Ele curasse algum parente ou amigo. Depois da Sua morte e ressurreição, os apóstolos começaram o seu trabalho de evangelização. Com a expansão do cristianismo, os lugares onde Jesus viveu, pregou e foi crucificado passaram a ser visitados por fiéis de muitas cidades e países. Existem registros desde o século IV relatando essas visitas a Jerusalém. Acompanhando a expansão do cristianismo, começaram a surgir mártires e santos cujos túmulos e locais de milagres também passaram a ser visitados.

O Caminho de Santiago de Compostela é percorrido desde o Século IX, quando foi encontrado na Espanha o túmulo atribuído a São Tiago (Maior), um dos 12 apóstolos. Com as primeiras aparições da Virgem Maria a fiéis em todo o mundo, os locais dessas aparições foram marcados com a construção de capelas e igrejas, que passaram a receber um número cada vez maior de visitantes. (Conf. Marco Histórico e Pastoral da Pastoral do Turismo pag.101 e 102).

Podemos então definir que o Turismo Religioso está relacionado a fé e ao Espaço Sagrado. Tem seu ponto de partida principal a vivência da Espiritualidade.

Em seu discurso, o arcebispo Brösel salientou que o “caminho para fora” que corre ao longo do peregrino é refletida e uma expressão de sua “viagem interior”, e para isso o primeiro deve estar presente e promover o segundo. O caráter religioso da peregrinação é o seu elemento predominante, que deve ser respeitado e mantido, e dependendo do que deve ser considerado os outros componentes (tais como os de natureza cultural).- Revista Povos em Movimento, do Pontifício Conselho para a Pastoral dos Migrantes e Itinerantes nº 121 de 2014.

Dependendo da motivação para fazer a viagem, o mesmo espaço sagrado convergem diferentes tipos de visitantes, incluindo turistas, peregrinos religiosos e turistas culturais. No entanto, nem sempre é fácil identificar as verdadeiras razões, e para a dificuldade de “verbalizar”, tanto porque coexistem diferentes razões e compatíveis entre elas. Portanto, a diversidade de peregrinos e turistas acolher diversas demandas. (Cardeal Vegliò)

Para isso, pedimos uma sensibilidade especial por parte do mundo civilizado e de negócios, que reconhece e respeita a dimensão espiritual, a “viagem interior”, mencionado acima. (idem)

Com estas orientações da Igreja vi outro ponto crucial, onde alguns profissionais de turismo e destinos estavam errando, e não obtendo sucesso no Turismo Religioso. Elaborei ainda durante a Pandemia no ano de 2020 o curso, Turismo de Experiência e Fé.

Era necessário que todos entendessem que o Turismo Religioso é exclusivamente uma experiência do homem com Deus, o encontro de si mesmo e mais, ter a experiência da cultura e história do povo e do destino que está visitando.

O destino que pretende atrair a demanda do Turismo Religioso, deve entender primeiro que deve atuar junto ao poder público e Igreja. Porque o Turismo Religioso tem seu ponto no Espaço Sagrado, na Fé e devoção popular.

Um outro ponto de grande relevância sobre o Turismo Religioso é que muito provavelmente é a forma mais antiga de turismo organizado. Em 5 de julho de 1841, o pastor batista inglês Thomas Cook levou 540 fiéis da sua congregação numa excursão de trem. Era o começo da primeira agência de viagens do mundo. A primeira excursão do criador da primeira agência de turismo foi de turismo religioso!

Pós pandemia já ouvimos falar que estaremos recebendo um turista em busca de vivenciar mais a cultura, a história e o folclore do destino a ser visitado. Nesta perspectiva o próprio Ministério do Turismo reconhece que o Turismo Religioso irá despontar como uma das principais tendências deste tipo de turista.

No ano de 2015 segundo o Relatório de Tendências da World Travel Market Latin América, o turismo religioso brasileiro se destacava como um dos maiores do setor e apontava para o crescimento deste mercado. E ainda de acordo com o SEBRAE, eventos de Turismo Religioso, tem atraído investimento de pequenos negócios e movimentando economias locais em setores como indústria, comércio, serviços, turismo e artesanato, com geração de emprego e renda em todas as regiões do país (SEBRAE Inteligência Setorial) . De acordo com dados preliminares do Departamento de Estudos e Pesquisas do Ministério do Turismo, no ano de 2015, cerca de 17,7 milhões de brasileiros viajaram pelo País levados pela fé. Cerca de 10 milhões fizeram viagens sem pernoitar no destino (excursionistas) e outros 7,7 milhões permaneceram pelo menos uma noite no local. Este número aumentou no ano de 2018, subindo para 20 milhões, conforme Ministério do Turismo. Embora pesquisas realizadas por duas das principais referências do Turismo Religioso no Brasil (Jornalista Amadeu Castanho e Sidnésio Moura), apontam que com apenas 15 destinos o Turismo Religioso no país ultrapassa os 30 milhões de adeptos, a pesquisa foi matéria no Ministério do Turismo e em alguns jornais do segmento do Turismo.

O importante agora não é ter dados estatísticos do TR, mas preparação e formação dos entes que desejam atrair a demanda turística do TR, como a elaboração de Políticas Públicas para incentivar, motivar, orientar e fornecer diretrizes de infraestrutura.

Desta forma para avançarmos nos dados estatísticos fiéis e concretos do Turismo Religioso, é necessário compreender não apenas sua dimensão sociocultural ou política e econômica, mas preparar os entes para compreender sua dimensão  Espiritual. Porque o TR não é um Turismo de breve visitas aos locais Sagrados, mas é um Turismo de Vivência onde o Turista/Peregrino precisará de tempo para expressar sua fé e devoção. É o encontro do Homo viator consigo e com Deus.

Texto por: Manoel Sidnésio

Foto destaque por: Setur Sergipe

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