Da documentação ao transporte aéreo, preparamos um guia para quem quer ter a companhia do animal de estimação em viagens para o exterior.
É cada vez mais comum que as pessoas queiram levar seus cachorros ou gatos em viagens para outros países, afinal de contas eles são membros da família. O que nem todos sabem é que é preciso fazer um planejamento com cuidado e antecedência, já que essa questão envolve controle de doenças, emissão de documentos, restrições e procedimentos que vão garantir o bem-estar do seu animal.
Exigências
Cada país tem suas próprias regras sobre a entrada de animais em seu território. Porém, algumas são comuns a todos eles. Tanto cães quanto gatos devem ter a vacina anti-rábica (aplicada entre 30 dias e um ano antes da viagem), um atestado de saúde emitido próximo à data de viagem por um veterinário, o uso de preventivos contra parasitas e o uso de vermífugo. Além disso, é preciso tirar o CVI (Certificado Veterinário Internacional, também chamado de CZI), documento final de viagem com a autorização do Ministério da Agricultura.
Mesmo assim, é preciso estar atento à legislação do país de destino. Lugares livres da raiva, como a Europa, costumam ser mais rígidos. Eles exigem a sorologia, um exame que comprova se o animal produziu os anticorpos necessários depois da vacinação, e a colocação de um microchip, que vai ligar a identificação do animal aos resultados dos exames. Nesse caso, é preciso iniciar todo o processo no mínimo 120 dias antes da data da viagem.
Se, além de ser livre da raiva, o destino for insular (caso do Japão, da Nova Zelândia e do Reino Unido, por exemplo), o prazo passa para 180 dias, pois pode incluir até uma quarentena do animal. Já a Austrália não aceita animais vindos diretamente do Brasil. Segundo o Dr. Marcelo Quinzani, médico veterinário criador da consultoria especializada em viagens de pequenos animais Pets Abroad, “as pessoas se surpreendem muito quando ficam sabendo dessas exigências”, mas que elas são necessárias para evitar a transmissão de doenças entre diferentes territórios.
Restrições
Nem todos os cães e gatos podem embarcar para outros países. É o caso dos filhotes de até três meses de vida, pois ainda não têm a idade permitida para receber a vacina anti-rábica. Há países que não aceitam a entrada de raças consideradas agressivas, como Pit Bull e Fila Brasileiro.
Preparativos
Algumas medidas podem ajudar a reduzir o estresse do pet durante a viagem, como fazê-lo se acostumar com a caixa de transporte que será utilizada quando ele estiver no aeroporto e no avião. Para isso, compre a caixa cerca de dois meses antes do embarque – vale lembrar que ela deve respeitar todas as exigências internacionais de segurança e conforto.
Ao longo desse tempo, incentive seu animal de estimação a usá-la como cama ou toca e coloque lá dentro petiscos, brinquedos e cobertores – assim ele vai associá-la a algo positivo. É também recomendado aplicar na caixa feromônios específicos para a espécie, cujos odores têm efeitos calmantes. Tudo isso vale para cães e gatos.
Transporte aéreo
Para os pets, a reserva da passagem deve ser feita diretamente com a companhia aérea e com antecedência, pois pode haver um número máximo de animais permitidos por voo. No check-in e na alfândega do país de destino, será necessário apresentar todos os documentos do pet, como o CVI.
A principal dúvida é se o animal de estimação vai viajar na cabine junto com o dono ou no compartimento de cargas. Para a primeira opção, as companhias aéreas estabelecem limites de peso (geralmente, em torno de 10 kg) e tamanho, contando com a caixa de transporte. Os valores variam de acordo com a empresa. As exceções são os animais de trabalho, como os cães-guias.
Por outro lado, raças de nariz chato (como os cães Bulldog, Pug, Boston Terrier, Lhasa Apso, e os gatos Persa, entre muitos outros) só podem viajar dentro da cabine, pois possuem uma dificuldade natural de respirar. Se excederem o peso ou o tamanho máximos para isso, ficam praticamente impossibilitados de viajar de avião.
Mesmo na cabine, o animal deve permanecer dentro da caixa de transporte durante toda a viagem, que por sua vez estará acomodada no chão, aos pés do dono.
Se o pet tiver que viajar no compartimento de carga, não é preciso se preocupar. Inclusive, esta situação pode ser até mesmo menos estressante para o animal. Ele será manuseado com todo o cuidado e viajará em um compartimento exclusivo para cargas vivas, onde a temperatura é controlada (não ficará junto com as bagagens). Mesmo dentro da caixa de transporte, terá acesso a água e comida.
Mais informações em: petsabroad.com.br
Texto por: Patrícia Chemin. A jornalista entrevistou o Dr. Marcelo Quinzani, médico veterinário do hospital Pet Care de São Paulo e idealizador da Pets Abroad.
Foto destaque por: iStock / damedeeso