Muito diferente do que ocorre nas principais capitais do país, em Tiradentes o Carnaval é, tradicionalmente, sinônimo de folia em família ao ritmo de antigas marchinhas e diversão garantida com os blocos que desfilam pelas ruas dessa histórica cidade que completou 300 anos. Em 2019, com a programação oficial começando em 28 de fevereiro com a saída do Bloco ABT (Associação dos Blocos de Tiradentes) do Quatro Cantos e se estendendo até 05 de março, os dias de Momo deverão lotar o pequeno e bucólico município mineiro, que se localiza a 190 km de Belo Horizonte e concentra, na parte urbana, cerca de 3.500 habitantes.
Esta é a expectativa da empresária Gabriela Barbosa, integrante do Coletivo Tiradentes Mais (associação que reúne empresários e artistas apaixonados por Tiradentes que atuam na área da hospitalidade). De acordo com ela, durante esse período a cidade deverá receber cerca de 8 mil pessoas por dia, em sua maioria casais e famílias de todo o Brasil que buscam segurança e animação.
A festa carnavalesca também é responsável, segundo Gabriela, pelos altos índices de ocupação previstos para os hotéis e pousadas. “Projetamos uma taxa de ocupação entre 98% e 100%, sobretudo casais e famílias, que identificam em nossa cidade uma atraente opção de lazer para os dias de Carnaval”, diz.
Complementarmente, a hoteleira Patricia Garcia, da Pousada Ouro de Minas, afirma: “Nosso Carnaval à moda antiga é extremamente alegre, divertido e muito benéfico para a economia do município. Além de centenas de visitantes virem curtir os blocos, as marchinhas, os shows, eles também desfrutam de outros atrativos, como os restaurantes, os museus, as lojas e as atrações turísticas. É um público muito interessante que tem o perfil da cidade”, afirma.
Sobre o Carnaval tiradentino
Na mais bem conservada das cidades históricas de Minas, as tradições mantêm-se preservadas ao longo do tempo, de geração a geração. Segundo dados de pesquisa do Iphan (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional), registros fotográficos dos anos 30 do século passado exemplificam a existência de blocos carnavalescos nas ruas seculares de Tiradentes desde então e de forma comprovada. Uma herança que se mantém e é, hoje, o principal diferencial do município.
Entre os blocos mais tradicionais e animados de Tiradentes, o Ver-Te Cana é um dos mais populares. Criado em 1986 por Antonio Vicente do Nascimento – o lendário Sheshel –, é extremamente organizado, tem camiseta própria e atrai centenas de foliões vestidos de verde e branco (saída em 3 de março, às 21h30, da Rua Direita).
Outro grupo muito prestigiado é o Palhaçada. Fundado em 2008 por Leonor Gomes, ex-professora aposentada, é um dos mais alegres e coloridos. Todos os integrantes, inclusive a fundadora e famílias inteiras, vestem-se de palhaços ou recorrem a alegorias que remetam ao look do personagem que é amado pelas crianças e dá nome ao bloco (saída em 4 de março, às 17h30, do Largo das Mercês). Antes do Palhaçada, a turma do Gatos de Botas, que desfila desde 2016 e é conhecido por ter sua própria bateria, arrasta uma multidão ao som de música clássica e o que tem de mais popular na música contemporânea (saída em 4 de março, às 16h, do Bar da Zezé).
Atração especial da programação carnavalesca, o Bloquinho, que se autoproclama como ‘o menor bloco do mundo’, é encabeçado pelos integrantes do Teatro Casa de Boneco (com 29 anos de atuação em Tiradentes). Seu fundador, Nado Rohrmann, ao lado da mulher e do filho (Renata Franca e André Franca Rohrmann), sai pelas ruas com seus bonecos e marionetes da porta da sede da companhia, que fica na Rua Direita. Juntos, eles seguem até a esquina da Rua Padre Toledo. “É um trajeto curto, mas feito no passo e no tempo do boneco”, diz Nado. O bloco, segundo ele, surgiu de um espetáculo que homenageava e resgatava as tradições do Carnaval local, como o antigo Bloco dos Gatinhos, cujos integrantes vestiam o corpo todo, calçavam luvas na mão e colocavam uma fronha na cabeça com duas pontas amarradas para cima, imitando orelhas, e pinturas de bigodinho que simbolizam o felino.
Em seu primeiro desfile, o Bloquinho criou bonecos que reproduziam as fantasias do saudoso Bloco dos Gatinhos. Depois, Nado passou a incorporar outros personagens que homenageiam a cultura tiradentina, como o boi. “É muito prazeroso ver as pessoas nos seguirem enquanto caminhamos vagarosamente pela rua manipulando as marionetes. Aliás, quem tiver uma em casa, pode trazer. Caso não saiba manipular, a gente ensina na hora”, diz Nado. “O importante é soltar o boneco que existe dentro de você”, complementa (saída em 3 de março, às 16h, do Teatro Casa de Boneco).
Mais informações em: tiradentesmais.com.br
Texto por: Agência com edição de Patrícia Chemin
Foto destaque por: Divulgação