A região turística que compõe a Chapada das Mesas no sul do estado do Maranhão não oferece apenas lindas cachoeiras, serras e mesetas de tirar o fôlego, rios, cascatas e recantos naturais belíssimos. A região também guarda um dos maiores tesouros da arqueologia do Maranhão. É no município de Tasso Fragoso que está a maior referência maranhense em sítios arqueológicos – devido à relevância do patrimônio. Lá se concentra o maior número de sítios arqueológicos do Maranhão.
As descobertas feitas até o momento revelam a existência de vestígios como gravuras rupestres no interior de grutas e paredões rochosos em serras de arenito, o que reforça, segundo os pesquisadores, a presença de populações pré-históricas.
Tasso Fragoso faz parte da região turística que abrange o Parque Nacional da Chapada das Mesas. Enquanto as demais cidades exploram os recursos naturais, Tasso Fragoso tem como cartão de visita a arqueologia. Balsas é a cidade de referência mais próxima. Está distante aproximadamente 130 km.
O fotógrafo, ambientalista e historiador Lirô, ou Agnaldo Guimarães Fialho, foi o pioneiro em pesquisas no lugar, catalogando tudo o que encontrava. Foram vários anos tentando apoio municipal, estadual e federal e, somente em 2008, com a visita de caravana da Secretaria de Estado do Turismo, Sebrae e Iphan, finalmente foi feita uma visita técnica e o trabalho se consolidou.
Os vários sítios arqueológicos identificados até agora mostram uma estratégia peculiar: os abrigos localizados próximos a cursos d’água e em encostas. Com isso, os ocupantes tinham maior facilidade para obter alimentos e matéria-prima para elaborar objetos e ferramentas do dia a dia, além de proteção e abrigo contra os perigos naturais de grupos inimigos e da própria selva.
Lirô afirma que já foram encontrados vários objetos líticos lascados como machadinha, cerâmicas, várias pedras de cortes, raspadores e dois moedores. Segundo ele, todo esse material está devidamente registrado e sob a guarda do Museu do Cerrado.
Todo esse patrimônio, do ponto de vista do pesquisador, precisa ser preservado dada a sua grande importância para a descoberta da identidade dos primeiros povoadores do extremo sul maranhense, mas é possível conciliar com o turismo.
“A preservação, a pesquisa e a divulgação desse legado arqueológico são de responsabilidade de todos e sua gestão deve ser compartilhada pelo poder público e pela comunidade, a verdadeira guardiã de seus bens culturais”, raciocinou o pesquisador, que não esconde o orgulho com o qual vem desenvolvendo pesquisas desde 2001.
Há rastros de antigas civilizações
O Brasil, muito antes da chegada de Pedro Álvares Cabral, já era habitado por grupos nômades, caçadores e pescadores que, segundo pesquisas, eram da Austrália, da Oceania ou da Ásia.
Isto foi comprovado por meio de escavações e análise de objetos e desenhos nas pedras deixados pelos primitivos. As pinturas e gravuras feitas por eles são o testemunho de sua passagem.
Consta na literatura que esses registros em diferentes suportes de pedra são chamados de arte rupestre ou “itacoatiaras”, palavra tupi que quer dizer pedra pintada: paredes e tetos de cavernas e abrigos, blocos no chão, pedras nos leitos dos rios, e lajes a céu aberto.
As mais antigas pinturas rupestres brasileiras encontradas nas cavernas estão no Parque Nacional Serra da Capivara na região de São Raimundo Nonato, no sudeste do estado do Piauí.
No Maranhão, a maioria da população ainda desconhece a riqueza arqueológica do estado no que consiste aos registros rupestres. Isso tem uma explicação em função da ausência de instituições, falta de atenção dos órgãos competentes em todas as esferas no investimento de estudos e pesquisas sobre a história da população pré-colonial que aqui viveu.
No estado, assim como em outras regiões do Brasil, encontra-se um tipo de vestígio arqueológico denominado grafismo rupestre, embora esse registro seja ignorado na região pela ausência de pesquisas.
Tasso Fragoso dispõe de uma riqueza em cavidades naturais e de milhares de gravuras e pinturas rupestres encontradas nas paredes das grutas, onde se encontram pegadas de animais, seguidas por humanas, folhas de palmeiras e instrumentos de caça. A cidade ainda tem pouca estrutura para receber turistas, dispondo de apenas dois pequenos e simples meios de hospedagem, mas com certeza se houver investimentos por parte dos governos estadual e federal, pode se transformar num importante destino nacional.
Texto por: Cláudio Lacerda Oliva
Fotos por: Agnaldo Guimarães Fialho