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SP recebe II Concurso Nacional de Rabo de Galo

Com a presença de entidades e grandes empresas do setor de cachaça, evento promoveu drinque

 

Assim como a Caipirinha, o drinque Rabo de Galo é considerado um patrimônio cultural do Brasil, com 64 anos de história. Para promover a bebida, foi realizada a segunda edição do Concurso Nacional de Rabo de Galo em São Paulo. O evento reuniu bartenders e mixologistas de todo país, que prepararam receitas inéditas da bebida no último dia 3, no bairro da Liberdade, região central.

O bartender Paulo Leite, da capital paulista, foi o grande vencedor do concurso. O profissional do Empório Sagarana alcançou 116 pontos utilizando cachaça, vermute, licor à base de alcachofra e, para decorar, casca de limão e formiga saúva.

“Foi a primeira vez que participei do concurso. Foi incrível. Quando elaborei este drink, pensei nas intenções do campeonato, que é levar o Rabo de Galo entre os 100 mais consumidos do mundo. Fiquei bastante focado na receita clássica, apenas busquei equilibrar ao utilizar os aromas cítricos e o toque de capim cidreira da formiga saúva”, contou Leite.

Já o segundo lugar ficou com Eduardo Gondim, do Jangada, de São Paulo, com 114 pontos. O bartender apresentou o drinque  feito com cachaça, vermute com infusão de cacau, aperitivo de alcachofra com infusão de menta, tintura de erva mate e para decorar casca de laranja.

Com 113 pontos, o bartender Rafael Câmara, do Restaurante Urbana Farmcy, de Porto Alegre, conquistou o terceiro lugar com um Rabo de Galo feito com dois tipos de cachaça, vermute, café gelado (prensado a frio com 16 horas de maceração) e bitter de erva mate. Para decorar, casca de laranja, suporte de madeira para a taça, grãos de café orgânico das montanhas do Espírito Santo, erva mate e lascas de madeira.

O evento

Criada por Derivan Ferreira de Souza, conhecido como Mestre Derivan, e o renomado bartender Daniel Júlio, a iniciativa também visa tornar o Rabo de Galo o segundo coquetel brasileiro à base de Cachaça a ser inserido na seleta lista de 100 drinques considerados clássicos do mundo pela IBA (sigla em inglês para Associação Internacional dos Bartenders).

“Hoje, o trabalho do Mestre Derivan tem sido de resgatar a importância do Rabo de Galo e colocá-lo em uma posição que não deixa a desejar a nenhum outro drinque internacional. O trabalho dele também é de tornar o Rabo de Galo uma bebida internacional. O evento também é importante para um resgate e valorização da cachaça, mostrando sua versatilidade como base para coquetelaria”, declara Carlos Lima, diretor-executivo do Ibrac (Instituto Brasileiro da Cachaça).

O concurso contou a presença de entidades e grandes empresas ligadas à cachaça. Estandes disponibilizaram produtos e uma grande variedade de drinques à base de cachaça ao público.

Desafio para o setor

Mesmo sendo uma bebida típica do país e uma das mais queridas pelos brasileiros, o mercado da cachaça tem como grande desafio a alta carga tributária. Para o executivo da Ibrac, esse fator tem comprometido de forma decisiva no desempenho do setor a ponto de as perspectivas para 2018 não serem tão positivas.

Carlos Lima afirma que, para 2018, o cenário é pessimista e o segmento deverá apresentar patamares semelhantes ao do ano passado. “Se houver um crescimento deverá ser mínimo, irrisório”, acrescenta.

“O setor sofre há algum tempo com a alta carga tributária. A cachaça, hoje, é um dos produtos mais tributados do Brasil. São mais de 82% de impostos. Nos últimos anos, isso tem minado a capacidade de produção e venda do setor, comprometendo em melhorias, investimentos, marketing e outros aspectos da bebida”, detalha o executivo.

Na avaliação de Lima, o panorama do mercado da cachaça deverá se perdurar enquanto o Governo Federal não rever a carga tributária do setor. “Isso é triste porque a cachaça é uma bebida símbolo do Brasil, que deveria ser olhado com carinho pelos nossos governantes”, finaliza.

Um pouco de história

Considerado um patrimônio cultural do Brasil, com 64 anos de história, o Rabo de Galo tem sua trajetória iniciada na cidade de São Paulo, com a chegada de uma fábrica de bebidas nos anos 1950. A indústria queria atender os anseios alcoólicos dos imigrantes italianos. No entanto, estes consumidores encantados pela Cachaça não bebiam mais o Vermute, mas apreciavam muito o “ouro líquido brasileiro”.

Assim, foi criada uma mistura dos dois, inclusive com copo exclusivo, que continha marcação das doses. Segundo relatos, o fundo do copo era mais grosso para aguentar a batida no balcão, na volta do gole. Inclusive, a bebida era para ser chamada de “Cocktail”, mas a ideia foi rapidamente descartada e substituída pela tradução da palavra em inglês Cocktail, que, em português, significa “Rabo de Galo”.

O Rabo de Galo, que inicialmente tinha em sua proporção original de dois terços de cachaça para um terço de vermute, nos dias de hoje não tem uma receita exata e nem há uma técnica fixa de preparo: as bebidas podem ser misturadas num mixing glass com gelo ou no próprio copo de servir.

Com essas nuances de preparo se tornou o drinque mais consumido pela boemia no Brasil. Por isso, essa bebida, mais do que especial, tem agora voltado para si as luzes dos holofotes, já que o estudo da origem da Coquetelaria Brasileira tem sido objeto de constantes pesquisas de bartenders e mixologistas, que querem resgatar as origens dos drinques.

“O evento de hoje serve também como um resgate de um drinque que, assim como a cachaça, sofreu muito preconceito no Brasil. Durante anos, o Rabo de Galo foi tido por muitos como bebida de classes mais baixas. O evento promovido por Mestre Derivan também pretende tornar o Rabo de Galo uma bebida internacional”, observa Lima.

“Queremos aumentar a presença brasileira nessa carta da IBA. Essa inclusão será uma nova jornada e um grande passo para a nossa coquetelaria e também para a Cachaça”, complementa Daniel Júlio, um dos idealizadores do concurso.

 

Informações: www.instagram.com/rabodegalo.oficialbrasil/

Por Luciano Emiliano

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