Quando os moradores do International Business District (IBD), em Songdo, na Coreia do Sul, vão todos os dias ao trabalho, buscar seus filhos na escola ou até mesmo quando vão ao mercado, o carro é um meio de transporte opcional.
Isso acontece porque a cidade de US$ 40 bilhões (R$ 154,6 bilhões) — atualmente, um terreno em construção do tamanho da cidade de Curitiba — foi desenhada para eliminar os automóveis. Um projeto que começou em 2002 e que prioriza transporte público, como ônibus, metrô e bicicletas, ao invés do trânsito de carros, de acordo com a empresa responsável pelas obras.
Quando terminada, em 2020, a cidade vai possui nove milhões de metros quadrados ao noroeste da Coreia do Sul, a cerca de 100 km de Seul. No entanto, a busca das pessoas por propriedades em Songdo já obrigou os organizadores a organizarem vários tipos de leilão de imóveis.
Num primeiro momento, os desenvolvedores do projeto afirmaram que fariam uma cidade ambientalmente sustentável. Uma das estratégias para isso era reduzir a necessidade de carros. Para isso, a empresa criou um plano urbanístico em que escritórios, parques, dispositivos médicos e escolas estão relativamente próximas das casas. Os apartamentos e negócios foram construídos todos a uma distância de 12 minutos de estações de metrô ou de paradas de ônibus.
Muitos prédios não-residenciais são acessíveis a pé e, para dar um caráter ainda mais sustentável, Songdo tem 50 milhas de ciclovias ao seu redor, conectando toda a rede de 90 milhas da cidade. Cerca de 40% da área é reservada para espaços verdes (cerca do dobro de Nova York, nos EUA, por exemplo), que também encoraja os moradores a caminhar.
O maior parque de Songdo possui 40,8 hectares e foi inspirado no Central Park, na metrópole estadunidense. “O que você vê em Songdo hoje é uma cidade compacta e muito caminhável, resultado desse tipo de pensamento ao planejamento”, diz Stan Gale, presidente da empresa responsável por Songdo. O International Business District é uma parte de um grande projeto dentro de Songdo chamado Incheon Free Economic Zone.
Quando o governo começou a planejar Songdo, em 2000, 500 toneladas de terra foram despejadas em um pântano para estabelecer as fundações. Hoje em dia, 20 mil apartamentos estão prontos ou em processo de construção no IBD, onde já vivem cerca de 50 mil pessoas. Em um futuro próximo, a expectativa é que esse número aumente para 100 mil moradores e que, quando ela estiver pronta, 300 mil pessoas morem ali.
Outra novidade da cidade é que ela não terá caminhões de lixo: ao invés disso, um sistema de tubos pneumáticos vai sugar os descartes dos prédios direto para uma central em alguns segundos que, por sua vez, vai reciclá-lo ou transformá-lo em energia. O bairro também tem 100 edifícios que possuem o certificado LEED, o sistema de classificação verde mais usado no mundo. A ideia é que Songdo inteira possua o selo em alguns anos, quando 40% da água utilizada também poderá ir para algum tipo de reúso.
Songdo produz três vezes menos gases de uma casa comparando com outras cidades do mesmo tamanho. De qualquer forma, alguns moradores ainda ficam preocupados que Songdo fica localizada a uma grande distância de Seul, centro econômico, político e cultural do país. Atualmente, a viagem até a capital dura cerca de uma hora.
“De várias maneiras, essa é a cidade que os coreanos querem mostrar ao mundo, em que há um futuro limpo e sem pobreza”, disse o jornal estadunidense Los Angeles Times. A analista da consultoria CityLab, Linda Poon, estranhou a vida atual da cidade. “Há uma tonelada de pessoas morando em Songdo, mas você realmente não as vê. A cidade existe, mas é invisível”, criticou.
Texto por: Agência com edição
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