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Segurança e falta de políticas públicas deixam aeroporto do Galeão a ver navios

Uma das cidades mais lindas do mundo, a cidade do Rio de Janeiro já se orgulhou de ser reconhecida como “a porta de entrada do Brasil”, principalmente por ser a entrada de turistas estrangeiros da Europa, Ásia, América Central e até Ásia. Essa retórica foi uma verdade absoluta até uns 25 anos atrás, tempos em que o Galeão, principal aeroporto do estado do Rio de Janeiro, era o principal aeroporto brasileiro.

Desde então, a importância do aeroporto foi sucumbindo e atualmente ele não está nem entre os Top 10 aeroportos do país. Opera somente com 16% de sua capacidade instalada. Falta uma política real de cuidados principalmente no quesito segurança e logística. O que deixa a todos nós indignados é a falta de uma política pública em relação à importância e aos investimentos, principalmente em segurança pública.

A perda de voos do Galeão se deu principalmente pela fuga de conexões nacionais, fator fundamental para alimentar as companhias aéreas internacionais. A maioria das cias aéreas internacionais preferem voar diretamente para Guarulhos, em São Paulo, pois lá é que está a maior e mais completa malha de distribuição de voos do Brasil. Houve também crescimento fortíssimo no aeroporto de Viracopos, com as fortes operações nacionais e internacionais da Azul Linhas Aéreas, fazendo de um terminal que antes ficou quase paralisado, o terceiro aeroporto em movimentação de cargas e passageiros do Brasil.

Essa política pública tirou os voos nacionais do Galeão e os levou para o aeroporto Santos Dumont, hoje o quinto mais importante do país, que atualmente não aguenta sequer mais voos. É por ele que passa atualmente a maior parte dos passageiros que chegam ou partem do Rio, numa operação de conexão com Guarulhos, que tomou para si o título de o principal aeroporto do país.

A “porta do Brasil” agora está espalhada por vários Estados, mas com uma concentração maior em Guarulhos. É para lá que migrou a maior parte dos voos internacionais que antes operavam a partir do Galeão. Além disso, Guarulhos investiu no trem, que, mesmo não sendo o ideal, leva os passageiros diretamente às linhas de metrô. Guarulhos também recebeu investimentos na ampliação de novas salas de embarque, no crescimento forte do terminal 3, mudanças logísticas importantes de acessos e estacionamentos em abundância.

Sem mudança do cenário, estão ficando cada vez mais escassos os voos no Galeão, obrigando cariocas e fluminenses a fazerem escala em São Paulo, bem como tornando mais difícil a vinda de turistas para o Rio. Com menos voos de passageiros, também diminui o transporte aéreo de cargas, afetando diretamente as operações de importação e exportação do Estado.

Ao mesmo tempo em que o Galeão e o Rio viveram esse processo de decadência, nas últimas duas décadas os mineiros consolidaram o fortalecimento do aeroporto internacional de Confins. Além disso, os aeroportos de Campinas, Porto Alegre, Brasília e Recife também cresceram demasiadamente em voos nacionais e consequentemente internacionais tendo um reaquecimento de suas demandas.

Mas no caso do Rio de Janeiro, não é apenas os interesses e as brigas tarifárias. A logística desse aeroporto internacional ficou obsoleta.  Para se sair ou chegar até o Galeão, os turistas enfrentam um grande desafio. O abandono total da cidade do Rio de Janeiro, e o tráfico de drogas, são duas variáveis importantes na escolha das cias aéreas.

As linhas Vermelhas e Amarela, o Complexo do Alemão e o Complexo da Maré, são áreas de confronto e guerra civil, além de guardarem o maior arsenal de armamentos, os mais perigosos do Brasil. O problema não é de administração, da Infraero, o problema é de segurança. O Rio de Janeiro vive o pior momento de sua história. Os últimos cinco governadores presos e ou processados, prefeitos da capital fluminense também, escândalos atrás de escândalos das assembleias da capital e do estado.

Do Galeão partiam voos para Seoul, Frankfurt, Washington, Hong Kong, Tokio, Miami, Roma, entre outros destinos internacionais e atualmente o aeroporto opera com só 16% de sua capacidade. Governada por grupos políticos sem visão periférica e de quase sem nenhuma credibilidade, as cias aéreas internacionais resolveram migrar para locais mais seguros. Uma cidade maravilhosa como essa não pode viver apenas de futebol e carnaval, isso não dá segurança econômica a ninguém. A cidade e o estado do Rio de Janeiro precisam parar de fingir que governam para repensar suas políticas públicas. Está mais que na hora desse destino decolar!

Texto por: Cláudio Lacerda Oliva

Foto destaque por: Divulgação

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