Quem passa pela pequena cidade de São Bento do Sapucaí, na divisa dos estados de São Paulo e Minas Gerais, se encanta com os monumentos que a natureza presenteou o local. Imensas pedras se destacam na paisagem serrana. São as pedras do Bauzinho, Ana Chata e Baú, essa última inclusive “sequestrada” como cartão postal da cidade vizinha de Campos do Jordão, onde tem seu paredão rochoso mais exposto, mas a pacata “São Bento”, tem muitas outras preciosidades a serem descobertas.
O ideal é explorar a bordo de um carro off road, para poder enfrentar as subidas íngremes das estradinhas de terra que serpenteiam entre as montanhas e aproveitar paisagens dignas de muitas fotos.
Caminhar nas ruas do centro a pé, no ritmo tranquilo da cidade, entre antigos casarios é um ótimo programa. Vale á pena conhecer a igreja matriz, que ainda conserva a construção em taipa, a Casa de Cultura Miguel Reali, casa em que viveu o famoso jurista e hoje abriga produções culturais locais. No Memorial Zé Pereira, enormes bonecos de “papier mache” ficam expostos durante o ano todo e saem às ruas no período do carnaval, puxando os blocos que animam crianças e adultos.
A capela de mosaicos é ponto obrigatório de visitação, uma obra inusitada do artista plástico Angelo Milani, paranaense radicado na cidade, que revestiu a capela com santos quebrados e outros objetos deixados aos pés de um “cruzeiro santo”, trazendo inclusive um novo sentindo para as peças. O colorido forte e os muitos nichos nas paredes, merecem ser observados com calma.
No bairro do Quilombo, as atividades culturais pulsam por todas as partes. No barracão do Arte no Quilombo, mulheres artesãs transformam as palhas de milho e os talos da bananeira em flores multicoloridas e objetos utilitários, onde é possível também encontrar peças feitas com retalhos coloridos, como colchas que resgatam a lembrança das casas caipiras de antigamente. No ateliê Ditinho Joana, entalhes em madeira que ganharam espaço em galerias de todo mundo, feitos pelas mãos de um verdadeiro mestre, de pequena estatura e enorme simpatia, que encanta os visitantes com suas histórias.
No Museu do Carro de Boi, o resgate dos idos tempos em que o transporte era em lombo de burro ou carro de boi. Ferramentas usadas no ofício da construção desses carros, assim como alguns deles, estão expostos. O lugar também é um núcleo da catira, que se junta a outras manifestações do bairro, como os violeiros e a congada que vieram dos escravos que por ali se refugiaram.
As peças em cerâmica da arquiteta Lígia, com cores especiais de suas fornadas, também estão no roteiro do bairro do Quilombo, que se encerra com o Museu da Trincheira, contando um pouco da história da Revolução de 1932, onde soldados paulistas se posicionaram nas trincheiras da cidade para defender nosso estado, e com o ateliê de Nico Ferreira, ex-pedreiro que descobriu na arte a inspiração de uma nova maneira de viver, com uma técnica própria, que transforma cacos de madeira em vasos e mosaicos.
Ainda no bairro, o espaço Frescor da Montanha ganha destaque na proposta de agricultura orgânica e sustentável.
A cidade sempre atraiu os adeptos de esportes de aventura, como escalada e rapel, e agora conquista espaço entre os destinos dos apaixonados por gastronomia, apresentando os sabores da Mantiqueira.
Veja onde comer:
Bistrô – Um pequeno e acolhedor restaurante no centro da cidade, com destaque para os risotos e para costela, pratos assinados por Rogério Correia da Silva, que também é sommelier, dando ótimas dicas de harmonização.
Rua Dr. Rubião Junior, 03
Brazin Burguer – lugar ideal para os amantes de um bom hambúrguer artesanal. Sob o comando do chef Leandro Brazin, que apresenta também opções vegetarianas como o hambúrguer de camarão, grão de bico e ervilha, ingredientes da cozinha japonesa estão quase sempre presentes na composição dos “sandubas”, como os cogumelos shitake e shimeji.
Rua Major Miguel Chiaradia, 173
Chá e Charme – O espaço traz elementos inusitados como um mini vagão de trem, artesanato em blocos de concreto tornando um ambiente alegre e divertido. Em uma grande mesa bem posta, os clientes podem se deliciar com os quitutes feitos pela Chef Estefânia, com sabores únicos e fantásticos, como os pães, geleias, bolos e salgados. O chá da prosperidade, feito com sete ervas é um segredo da casa e promete “milagres” para aqueles que experimentam. É necessário fazer reserva antecipada pelo telefone (12) 99784-5426
Rua Vereador José Lopes de Lima, 129
Dona Mariquinha – Um espaço charmoso e intimista, que serve um café premium produzido na Serra da Mantiqueira, com um armazém com diversos produtos artesanais da região à venda, como café e geleias de frutas de pequenas propriedades rurais.
Estrada do Quilombo, 1403
Restaurante Trincheira – Restaurante sofisticado que presenteia os clientes com uma vista digna de foto, da Serra da Mantiqueira, que parece se integrar ao ambiente através dos imensos janelões de vidro. No cardápio truta com amêndoas, risoto de cogumelos, entre outras opções. Funcionam para almoço e jantar e são pet friendly.
Estrada Vereador Benedito Cândido Ribeiro, 1403 – Quilombo
Sabor da Serra – Localizado no centro, serve comida caseira em regime de self service, com gostinho de comida de fazenda. Á noite tem opção de pizzas.
Av. Conselheiro Rodrigues Alves, 128
Vinícola Villa Santa Maria/ Bruschetteria da Villa – Destino para passar o dia. O restaurante é puro charme encravado em meio a serra. Com arquitetura contemporânea, em meio a vinhedos e a presença de pequenos pássaros que voam livremente, as bruschettas são entradas obrigatórias, com diversos sabores. Os pratos oferecidos trazem uma qualidade única, somada a aromas que deliciam os sentidos.
No espaço, que é também uma vinícola, com produção e rótulo próprio (Brandina), com sete variedades diferentes, entre elas chardonnay, sirrah e cabernet, que oferece a experiência de gustação de vinhos e visita a cave, onde uma mesa de oito metros, feita de um único tronco, impressiona pela beleza. Funcionam para almoço de 5ª a domingo e são pet friendly.
Estrada Municipal José Theotônio da Silva, s/n Bairro do Baú (12 Km do centro)
E se durante a estadia a curiosidade sobre a cidade aumentar, é só baixar o aplicativo do Muman (museudamantiqueira.com.br) e seguir o roteiro áudio guiado ou somente assistir esse espaço virtual, que apresenta a cidade como um museu a céu aberto, estudando os costumes, as vivências e o modo de ser e estar do cidadão na Serra da Mantiqueira,
Onde ficar:
Frescor da Mantiqueira (trailer e container)
Chalés da Estalagem (pet friendly)
Quinta dos Colibris
Villa da Montanha
Vovó Hilda
Texto e fotos por: Patricia de Campos