Viajar para outro país com seu cachorro ou gato não é tão simples quanto parece e vai muito além de apenas fazer a reserva com a companhia aérea. Há uma série de restrições e exigências que o turista tem que seguir, incluindo a emissão de documentos específicos. E o assunto é sério, já que envolve questões de saúde pública, como o controle de doenças.
Com o aumento do trânsito de pessoas e, consequentemente, de animais pelo mundo, hoje em dia já existem serviços especializados em ajudar os donos de animais de estimação nessa jornada a outro país. Para explicar melhor o tema, a Qual Viagem conversou com o Dr. Marcelo Quinzani, médico veterinário do hospital Pet Care de São Paulo e idealizador da Pets Abroad, uma consultoria de viagem com animais.
“Todo o processo burocrático envolvendo a viagem se pauta pela questão de saúde pública”, afirma Quinzani. A exigência comum a todos os países é que o animal de estimação tenha a vacina anti-rábica e o CVI (Certificado Veterinário Internacional, também chamado de CZI), documento final de viagem com a autorização do Ministério da Agricultura. Mas há legislações específicas para cada país que recebe o animal, sendo que algumas são bem rigorosas. “Eu gosto das exigências, porque é uma garantia de que eu não estou levando uma doença para outro país”, afirma o médico veterinário.
Se o destino escolhido para a viagem é livre da raiva, como é o caso da Europa, o tempo necessário para realizar todo o processo é de no mínimo 120 dias, já que o destino exige a sorologia (exame que comprova se o animal produziu os anticorpos necessários depois da vacinação). Para os países insulares, como Austrália, Reino Unido e Japão, as exigências são ainda mais rígidas e esse prazo sobe para 180 dias, já que inclui até um processo de quarentena do animal.
Para países que não exigem sorologia, como os Estados Unidos, todo esse preparo deve começar no mínimo entre 30 e 40 dias antes da viagem. Segundo o Dr. Marcelo Quinzani, “as pessoas se surpreendem muito quando ficam sabendo dessas exigências”, que não costumam ser muito divulgadas entre os viajantes. Para orientar os donos dos animais e ajudar com toda a documentação necessária surgiu a Pets Abroad. É importante, ressalta Quinzani, que viajar com seu melhor amigo seja um momento de prazer e não um problema.
Além disso, todo o animal que vai viajar, além de receber a vacina contra a raiva, tem que ser vermifugado e usar preventivos para parasitas. O Dr. Marcelo Quinzani recomenda que, antes da viagem, a pessoa faça seu animal de estimação se acostumar aos poucos com a caixa de transporte que será usada no avião e nos aeroportos. Esse treinamento ajuda a diminuir o estresse do cachorro ou do gato.
Antes de levar seu pet para o exterior, é necessário ainda estar atento a algumas restrições de idade, raça e tamanho. Animais de até quatro meses de vida não podem viajar, pois são muito novos para serem vacinados. Fora isso, alguns países não permitem a entrada de raças consideradas agressivas, como Pit Bull e Fila Brasileiro.
Além disso, animais de nariz chato (braquicéfalos), como os cães Bulldog, Pug, Boston Terrier, Lhasa Apso, os gatos Persa, entre muitas outras raças, geralmente não podem viajar no compartimento de cargas do avião. Porém, as companhias aéreas estabelecem limites de tamanho e peso para o animal ficar na cabine junto com o dono. Se o seu animal é braquicéfalo, o melhor é procurar a ajuda de pessoas que tenham um conhecimento desses processos.
Vale ressaltar que cães de trabalho, como os cães-guia, não são submetidos a essas restrições, e podem viajar dentro da cabine do avião independentemente de seu peso ou tamanho. Mas precisam passar pelo mesmo processo de controle sanitário, com vacinas e exames.
Mais informações em: petsabroad.com.br
Texto por: Patrícia Chemin
Foto destaque por: iStock / damedeeso