Égua doido, o Maranhão é bonito demais! Seja pelos azulejos portugueses do Centro Histórico de São Luís, ou pelas dunas cinematográficas de Barreirinhas, é impossível não se apaixonar pelo estado que divide o Norte e o Nordeste do Brasil. Sua localização geográfica, inclusive, reflete bastante em seus costumes, sua gastronomia e cultura. Afinal, o estado é considerado a porta de entrada para o Norte do país, apesar de integrar a região Nordeste. E combina o melhor dos dois mundos, principalmente em termos de hospitalidade.
Por falar em porta de entrada, São Luís é onde desembarcam os viajantes brasileiros e estrangeiros que desejam conhecer o estado. E é justamente na chamada Ilha Upaon-Açu, que abriga a capital e alguns municípios dos arredores, que está um roteiro imperdível para quem deseja ter um primeiro contato com esse destino.
A nossa dica é reservar três dias para conhecer as belezas da natureza, da cultura e do povo ludovicense. Mas, se você quer mergulhar mais a fundo nos destinos maranhenses, pode separar dez ou quinze dias para visitar alguns lugares mais distantes. A seguir, indicamos o que fazer em São Luís e região no roteiro de três dias:
Dia 1 – Valparaíso Adventure Park
Maranhensidade com um pézinho no Chile. Esse é o Valparaíso Adventure Park. Localizado na região metropolitana de São Luís, em Paço do Lumiar, o maior parque de aventuras do Maranhão é cheio de particularidades.
A 24 km da capital, o espaço é uma boa alternativa para curtir um dia de diversão e lazer com a família. Quem chega em São Luís para um roteiro pelos principais destinos do estado pode separar um dia para visitar o lugar e curtir mais de dez atrações integradas à natureza preservada dos entornos.
O nome do parque é uma homenagem à cidade chilena de Valparaíso, morada do poeta Pablo Neruda. O fundador do empreendimento, um apaixonado pelas letras do chileno, marcou não deu o nome de Pablo a um de seus filhos.
Mas isso não significa que o Valparaíso não se identifica com a cultura maranhense. Muito pelo contrário. Desde a entrada, onde os visitantes passam por uma passarela que conta a história de quase dezoito anos do espaço, é possível entender que os nomes das atrações remetem à cultura, expressões e locais maranhenses.
“Dále”, por exemplo, é um termo maranhense que demonstra ação afirmativa e de incentivo e se tornou um dos atrativos mais populares entre a criançada. O espaço conta com o tradicional “baldão” que vira molhando os pequenos, em uma piscina de apenas 20 cm de profundidade.
A “Piquenolândia” também é uma área dedicada às crianças, com escorregadores de animais e um toboágua, em uma piscina de 54 metros de comprimento, 28 metros de largura e 1 metro de profundidade.
Já o “Rio Preguiças” é uma experiência de relaxamento que imita o rio de Barreirinhas, permitindo aos visitantes flutuar em boias e apreciar cachoeiras ao longo de um percurso de 473 metros de comprimento, 3 metros de largura e até 1,20 metro de profundidade, adequada para todos os públicos, incluindo crianças acompanhadas.
Outros atrativos de destaque no Valparaíso são: a tirolesa, com um percurso de 220 metros que passa sobre a reserva florestal; a Isla Negra, uma piscina de ondas, com borda de areia natural e com dimensões de 65 m de largura, 73,70 m de comprimento e capacidade para 1.800 mil litros de água; e o último lançamento do parque, o Boradescer, um toboágua de 20 m de altura e descida que pode chegar até 60 km/h.
Além disso, o parque abriga um dos maiores circuitos de arvorismo do Brasil, com quase 200 metros de comprimento. Ali os visitantes aventureiros encontram dez tipos de obstáculos distribuídos por todo o percurso.
Gastronomia regional
A história do Valparaíso Park começou em 2009 com a abertura de um restaurante. E, de lá pra cá, até hoje a gastronomia é um dos seus diferenciais. Atualmente, há dois restaurantes no parque, o Dom Maranhão e o Dom Neruda, além de uma lanchonete e outros pontos de atendimento rápido aos visitantes.
Entre as opções gastronômicas, o Dom Neruda oferece cardápio especializado em frutos do mar, enquanto o Dom Maranhão revisita o melhor dos sabores locais. Neste segundo, inclusive, é possível provar delícias como: patinha de caranguejo à milanesa, arroz de cuxá, carne de sol e cremes de bacuri e cupuaçu.
Em breve, os visitantes do Valparaíso Park poderão estender sua passagem pelo parque. Isso porque está sendo construído um hotel para atender melhor a demanda dos viajantes de todo o Brasil. O empreendimento será feito em dez blocos de 16 apartamentos, totalizando 160 unidades. Com um investimento de R$40 milhões, a expectativa é de que a primeira fase seja entregue até o final de 2024.
Dia 2 – Centro Histórico de São Luís
De volta a São Luís, o Centro Histórico da cidade é um verdadeiro tesouro urbano, onde o charme da arquitetura portuguesa – e francesa – se encontra magnificamente preservado. Este vasto conjunto arquitetônico, reconhecido pela UNESCO como patrimônio cultural mundial em 1997, é um dos maiores e mais bem conservados exemplares da herança dos portugueses na América Latina.
Com aproximadamente quatro mil edificações coloniais espalhadas por mais de 220 hectares, a área é um espetáculo visual de sobrados e solares adornados com azulejos portugueses, muitos dos quais foram construídos durante o auge econômico da produção de algodão.
O coração de São Luís pulsa com vida e história nos bairros da Praia Grande e Desterro. Ali, o passado e o presente se entrelaçam, oferecendo aos visitantes uma gama diversificada de atrações culturais: de museus a centros culturais, passando por teatros, cinemas, bares e restaurantes.
Além disso, o centro histórico é um paraíso para os amantes de artesanato, com inúmeras lojas especializadas. Praças acolhedoras, becos charmosos, escadarias e ladeiras conduzem a algumas das ruas mais pitorescas da cidade, incluindo a Rua Portugal, Rua do Giz e o Largo do Comércio, fazendo deste um destino imperdível para quem deseja mergulhar na rica história e cultura de São Luís.
Essa região da capital maranhense também abriga alguns atrativos imperdíveis como:
–Museu do Reggae: dedicado exclusivamente à celebração e preservação do reggae, um gênero musical que tem profunda ressonância na região. São Luís é intitulada como a Capital Nacional do Reggae e o museu desempenha um papel crucial na salvaguarda da memória e da história do reggae. Em cinco ambientes, presta homenagem aos influentes músicos maranhenses do reggae e celebra os tradicionais clubes de reggae da cidade; mas também abriga preciosidades históricas, incluindo a primeira guitarra da banda Tribo de Jah e a icônica radiola “Voz de Ouro Canarinho”, símbolos da influência e do legado do reggae no Maranhão.
–Museu da Gastronomia Maranhense: que ocupa um sobrado histórico, parte do Conjunto Arquitetônico e Paisagístico reconhecido pela UNESCO como Patrimônio Mundial. Segundo museu do Brasil dedicado à temática gastronômica, ele desempenha um papel crucial na pesquisa, exposição e valorização dos sabores e conhecimentos gastronômicos maranhenses. Camarão seco, ostra, sururu, doce de espécie e a cachaça tiquira são alguns dos destaques que são apresentados por lá.
–Mercado das Tulhas: também conhecido com Feirinha da Praia Grande, o lugar destaca-se pela oferta de produtos regionais, incluindo doces, bebidas como licores e cachaças, a tradicional tiquira, temperos variados, panelas de ferro, lembrancinhas e peças de artesanato. Ali, os visitantes também encontram restaurantes que servem especialidades culinárias típicas do Maranhão.
–Palácio dos Leões: construído em 1626, o lugar fica onde a cidade de São Luís começou, mostrando a história do lugar. A construção do palácio e o que tem dentro dele contam como o Maranhão se desenvolveu e sua cultura. Visitar o Palácio dos Leões é aprender sobre a história e a cultura do Maranhão, vendo cada parte do prédio que tem muitas histórias para contar.
–Mirante da Cidade: inaugurado em setembro de 2022, que oferece uma nova perspectiva de São Luís do décimo andar do prédio da Secretaria Municipal da Fazenda, um dos mais altos do centro da cidade. Além de um espaço dedicado a exposições e eventos culturais, seus terraços permitem vistas panorâmicas em todas as direções, destacando marcos importantes como o Teatro Arthur Azevedo e a Igreja Nossa Senhora dos Remédios.
Dia 3 Quilombo Cultural de São Luís + Passeio de barco até as fronhas maranhenses
São Luís possui o maior Quilombo Urbano da América Latina e visitá-lo nos dá uma verdadeira amostra do caldeirão cultural presente neste destino. O Roteiro Quilombo Cultural de São Luís busca promover a valorização da identidade étnica quilombola, oferecendo uma experiência rica em cultura e história. Nesse tour, os visitantes são convidados a mergulhar na essência dos quilombos urbanos, entendendo seu significado não apenas como espaços físicos, mas como manifestações vivas da resistência e da ancestralidade negra.
A iniciativa, organizada pela Secretaria Municipal de Turismo de São Luís, destaca-se pela sua abordagem de autoafirmação e pertencimento, proporcionando um olhar profundo sobre a unidade social e a importância territorial dos quilombos na formação da identidade cultural da cidade.
Composta por 10 locais emblemáticos, a rota inclui desde mercados municipais, como o da Liberdade, a espaços de expressão religiosa e cultural, como os terreiros Ylé Ashé Obá Yzôo e Ilé Ashé Ogum Sogbô, até manifestações artísticas e festivas, representadas por blocos tradicionais e afros, grupos de bumba meu boi e tambor de crioula, além de uma produtora dedicada ao reggae. Essa diversidade permite aos visitantes uma vivência autêntica e memorável, marcada pelo encontro com a riqueza das tradições quilombolas e pela oportunidade de apreciar a força da comunidade negra local na conservação de suas raízes e na celebração de sua herança.
No Bumba meu Boi de Leonardo, por exemplo, os viajantes podem conferir uma apresentação de tambor de crioula, uma das formas de expressão de matriz afro-brasileira popular no estado do Maranhão. A manifestação cultural envolve dança circular das coreiras, canto e percussão de tambores.
Descobrindo as Fronhas Maranhenses
Para continuar o terceiro dia, é possível fazer um passeio de barco saindo de Raposa, a maior colônia de pescadores do estado. A 30 km da capital maranhense, o destino reúne igarapés, ilhas, manguezais, dunas e praias. E a melhor forma de conhecer suas belezas é navegando.
Há opções de passeios em catamarãs saindo do Porto do Braga, em percurso que parte pelo Rio Paciência com destino à costa. A rota passa por manguezais, criadouros de ostras e prainhas para banho até a chegada às Fronhas Maranhenses.
A versão “mini” dos famosos Lençóis conta com dunas entremeadas pelas águas da chuva e das marés. As Fronhas ficam na Ilha de Carimã e dão uma pequena amostra dessa paisagem tão única que encanta viajantes do mundo inteiro. Essa é uma boa experiência pertinho da capital para quem visita o Maranhão em época de seca em Barreirinhas. Isso porque dá para se ter uma pequena noção do que é esse atrativo.
Serviço
Como chegar
O Aeroporto Internacional de São Luís recebe voos da Azul, da Gol e da Latam a partir de diversas cidades brasileiras.
Onde ficar
Onde comer
Restaurante Elis Capote – (98) 98197-6982
Atrações turísticas
Texto por e fotos: Eliria Buso. A jornalista viajou à convite do Valparaíso Adventure Park