No mês passado, a agência de viagens ViajaNet publicou um levantamento mostrando que os voos para Buenos Aires, capital da Argentina, tiveram quedas nos preços que chegavam até 33% em comparação com o mesmo período do ano passado – as férias de julho. A maioria dos voos saía por valores abaixo da casa dos mil reais.
Buenos Aires, de acordo com a empresa, foi o destino com mais passagens aéreas compradas em 2016, seguindo uma tendência turística que se iniciou há alguns anos: a proximidade geográfica, a diferença cambial vantajosa do real perante o peso e o aspecto europeu da cidade, distinta das metrópoles do nosso país, instigaram mais turistas daqui a atravessar o Rio da Prata.
Em 2010, o Instituto Nacional de Estatística e Censos (Indec), órgão estatístico do governo argentino, publicou que cerca de 750 mil brasileiros visitaram a metrópole do país naquele ano. Foi o período mais intenso de viagens de turistas locais para a cidade. No ano passado, segundo o mesmo instituto, o número total de visitantes internacionais chegando aos dois principais aeroportos portenhos foi de 222,4 mil pessoas – a maioria brasileiros.
Apesar da queda de viajantes do Brasil, Buenos Aires recebe um volume intenso de turistas do país nos feriados prolongados e na temporada de inverno, em julho. Na capital argentina, os termômetros chegam a marcar 8°C, mas as instalações com calefação aliviam a sensação térmica. Climas mais baixos são registrados em outras regiões pouco exploradas pelos visitantes brasileiros, que, pela necessidade de se manter próximos aos aeroportos para retornar ao Brasil, não se locomovem muito pela Argentina.
Esse fator impede que os visitantes daqui conheçam outros aspectos da vida argentina que não a da portenha. “Na Copa do Mundo, fiquei muito amigo de um argentino da província de Paraná, mais ao sul. Quando ele me convidou para ir visitá-lo, disse que já conhecia o seu país. Ele me perguntou sobre a cidade que tinha ido, e lhe contei sobre uma viagem que fiz a Buenos Aires em 2012. Ele me interrompeu e disse: ‘então você conhece Buenos Aires, não a Argentina’”, conta o jornalista Vinícius Feder.
Para ajudar os turistas interessados em conhecer a Argentina, e não Buenos Aires, a Qual Viagem elaborou uma lista de cinco lugares no país – com voos saindo de capitais brasileiras – para explorá-lo ainda mais:
Rosário
Nas margens do Rio Paraná, a capital da província de Santa Fé fica a 298 km de Buenos Aires e tem passagens aéreas saindo de cidades como São Paulo, Rio de Janeiro, Goiânia, Brasília e Porto Alegre.
Na Argentina, tem importância histórica por ser o local onde foi erguida a bandeira do país pela primeira vez após a luta pela independência da Espanha, em 1812. No final dos anos 1950, foi inaugurado o Monumento à Bandeira, uma imensa construção na região central de Rosário considerada pelos argentinos o principal cartão-postal do país – ele ilustra até a nota de 10 pesos.
Córdoba
Viajando uma hora de avião de Buenos Aires (ou saindo de cidades como São Paulo, Rio e Curitiba) se chega a Córdoba, capital da província de mesmo nome e segunda cidade mais populosa da Argentina, com cerca de 1,3 milhão de habitantes. Por sua localização geográfica, é um centro cultural, econômico e histórico do país, com diversas universidades, museus, parques e uma vida noturna agitada. Em outubro, acontece na Villa General Belgrano, vila próxima a Córdoba, a Oktoberfest argentina, que reúne milhares de visitantes do mundo inteiro.
Patrimônio Cultural da Humanidade pela UNESCO, órgão das Nações Unidas, a cidade é repleta de construções históricas e templos religiosos do período em que os jesuítas se instalaram na região. Os mais visitados são a Cripta Jesuítica, que ficou escondida por anos debaixo de uma casa, e a Catedral de Córdoba, cuja construção se iniciou no século 16 e só foi concluída 200 anos depois.
San Miguel de Tucumán
Assim como Rosário, a capital da província de Tucumán, no norte argentino, é conhecida no país como “Jardim da República” por ter sido o local onde se declarou a independência, em julho de 1816. Uma das cidades mais antigas do continente, fundada em 1565, fica rodeada pela Bolívia e pelo Chile, o que faz com que a província como um todo seja repleta de atrações naturais – apesar do clima que beira o zero grau.
Diferente de Rosário e Córdoba, fica a mais de 1.000 quilômetros de Buenos Aires – o ideal é pegar um voo partindo da capital.
Tucumán, ao lado de Jujuy e de Salta, outras províncias do norte da Argentina, reúne registros históricos dos povos nativos antes da invasão espanhola, como as ruínas de Tastil, a maior cidade indígena no território rio-platense. Muitos aventureiros também vão à região em busca do Nevado de Acay, uma montanha de mais de 5 mil metros de altitude que pode ser vista de diversos pontos da região.
Mar del Plata
Na direção oposta, ao sul de Buenos Aires, na costa do Oceano Atlântico, fica a cidade de Mar del Plata, a 418 km da capital. No passado, era o balneário da elite aristocrática portenha nos períodos de verão, o que fez com que se tornasse repleta de mansões. Hoje, no entanto, é um destino mais exótico.
Mar del Plata, como já diz o nome, atrai pela presença constante do oceano: há uma rambla semelhante à de Montevidéu e, na região portuária, habitam diversos (e simpáticos) lobos marinhos. A proximidade com o mar faz com que todos os pratos sejam preparados com o peixe e, claro, o tempo mais quente faz com que os argentinos tenham aonde pegar uma praia.
Texto por: Agência com edição Eliria Buso
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