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Quando o destino é a própria estrada

Foto: mspoli via Istock

Haja disposição para encarar uma estrada por longas horas a bordo de um veículo utilitário, muitas vezes com crianças no carro e excesso de bagagem. Hoje o carro corresponde a apenas 22,2% dos deslocamentos de turistas pelo país, de acordo com boletim divulgado em maio pelo Ministério do Turismo. A maioria dos turistas brasileiros (64,4%) prefere reduzir o tempo de deslocamento e chegar mais rápido ao seu destino de avião. O que poucos sabem é que colocar o “pé” na estrada nem sempre é sinônimo de monotonia e estresse. Especialmente quando a paisagem, do lado de fora, é o grande apelo da viagem.

Imagine fazer um safári de carro pelo Pantanal. É mais ou menos o que ocorre quando se trafega pela Transpantaneira (MT-060), uma rodovia com 145 km de extensão que liga a cidade de Poconé a Porto Jofre. A via tem o maior número de pontes do mundo: são 125 no total, todas de madeira. A maior atração, porém, são os jacarés, as capivaras, os tuiuiús e as sucuris à beira da estrada. Dados do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes informam que o país tem mais de 1,7 milhão de quilômetros de estradas.

Se a ideia é voltar no tempo e reviver o período de colonização italiana, um pequeno trecho de 12 km próximo a Bento Gonçalves (RS) forma o Caminho das Pedras, que pode ser percorrido em um único dia. O belo paisagismo das estradas turísticas de Bento Gonçalves, com investimentos de R$ 184 mil do Ministério do Turismo, as casas centenárias de pedra, os moinhos, as cantinas coloniais, os rebanhos de ovelhas e os teares são os grandes atrativos do trecho histórico.

As quatro rotas da Estrada Real, que percorre 87 cidades de Minas Gerais, Rio de Janeiro e São Paulo, muitas delas históricas, são indicadas para quem gosta de cultura. Em um trajeto de 1,6 mil km o turista pode experimentar a rota dos Diamantes (de Ouro Preto a Diamantina), do Caminho Velho (De Ouro Preto a Paraty), do Caminho Novo (Ouro Preto a Porto Estrela) e do Sabarabuçu (Cocais-Glaura).

A paisagem litorânea é o cartão de visita dos 556 Km de Rio-Santos. O trajeto à beira mar dá vista para a Serra do Mar e a Mata Atlântica. Praias como Baleia, Barra do Sahy, Maresias, Ubatuba, Camburi, Mangaratiba, Angra dos Reis e a histórica Paraty fazem parte do trajeto. É possível estender o passeio pernoitando por vários municípios.

De Ilhéus a Itacaré, no sul da Bahia, pela BA-001, percorre-se a Costa do Cacau até Barra Grande e Maraú, já na BR 030, na Costa do Dendê. As paisagens são repletas de coqueirais e fazendas de cacau. Em direção à Barra Grande há um trecho de 40 km em estrada de terra de onde é possível contemplar lagoas e dendezeiros a partir da via principal.

No Paraná, a Estrada da Graciosa, de paralelepípedo, usada por tropeiros em meados de 1.900, oferece um percurso de 33 km de curvas sinuosas e liga Curitiba a Morretes (PR 410). O trajeto possui um portal de entrada e passa por montanhas, cachoeiras, casebres coloridos e sete mirantes para apreciar a paisagem de Mata Atlântica, bastante preservada. Em 1993, parte do trecho da Serra foi declarada pela Unesco como Reserva da Biosfera da Mata Atlântica. Recomenda-se pegar a estrada em dias de sol, pois no frio pode haver neblina o que prejudica a visibilidade.

SOS para o turista de carro

Para comunicar ocorrências nas estradas e garantir a segurança, o Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes oferece um aplicativo para celulares que operam no sistema IOS e Android. Ele permite a comunicação direta, em tempo real, de ocorrências como queda de barreiras, buracos e presença de animais na pista. Já são seis mil ocorrências e 1.200 usuários cadastrados. O aplicativo, com geolocalizador, tem ajudado a reduzir os acidentes nas estradas.

Texto por: Carolina Valadares

Foto destacada: mspoli via Istock

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