Dono de um dos museus mais visitados do país, Projeto tem 70% de sua renda gerada por recursos próprios
A Praia do Forte é um dos pontos mais visitados por turistas em sua passagem pela Bahia. Além do mar cristalino com águas calmas, a praia perto de Salvador também possui a principal estrutura do Projeto Tamar no país. No fim de 2019, o projeto comemorou 40 anos de existência soltando 40 milhões de tartarugas no mar.
Os eventos que marcam as comemorações ocorrem na Praia do Forte, localizada na Mata de São João, na Região Metropolitana de Salvador. No dia 13 de dezembro, inúmeros moradores e turistas presenciaram a soltura de 101 animais recém-nascidos.
O que faz o Projeto Tamar
Localizado a 75 km do centro de Salvador, o Tamar desenvolve inúmeros trabalhos envolvendo o acolhimento e a recuperação de tartarugas-marinhas no Brasil, além de pesquisas aplicadas para solucionar problemas para a conservação desses animais.
A ideia do projeto começou com um grupo de pesquisadores de oceanografia da Universidade Federal do Rio Grande (FURG) em ilhas e arquipélagos como Fernando de Noronha e Abrolhos. Ao denunciar o abatimento de tartarugas-marinhas a órgãos públicos, o grupo foi convidado a fazer um mapeamento sobre quais espécies faziam sua desova no Brasil e quais problemas elas enfrentavam.
Além da Praia do Forte, o projeto começou em outras duas localidades: Linhares, no Espírito Santo, e em Pirambu, em Sergipe. Hoje, ele conta com 25 pontos de monitoramento ao longo da costa brasileira. Em parceria com a Petrobras, uma de suas principais apoiadoras, o Tamar também desenvolve projetos para a preservação de corais, peixe mero e baleias-jubarte.
Apesar da importância de apoiadores, hoje, o Projeto Tamar obtém 70% de sua renda a partir da bilheteria de seus centros de visitação e a venda de produtos. A unidade na Praia do Forte recebe uma média de 600 mil pessoas anualmente, o que faz do local um dos cinco museus mais visitados do país.
A vida das tartarugas-marinhas
Conhecidas por um ciclo de vida de longa duração e uma grande capacidade migratória, as tartarugas-marinhas transitam entre a costa americana e a africana. Essa dinâmica torna o monitoramento desses animais um trabalho complexo, que exige a parceria entre diferentes países por onde eles transitam.
A cada mil tartarugas, apenas uma chega à fase adulta, que ocorre por volta dos 30 anos. Por isso, a sobrevivência da espécie depende da sua capacidade de gerar o maior número de novas vidas a cada ano. Desde 2001, o Tamar usa satélites para monitorar o deslocamento das tartarugas-marinhas, a fim de conhecer as rotas migratórias e entender melhor o comportamento delas.
Existem cinco espécies de tartaruga-marinha no litoral brasileiro: a cabeçuda, a pente, a de couro, a verde e a oliva. Embora a população de todas venham se recuperando, a tartaruga-de-couro e a tartaruga-pente ainda estão em estado crítico, de acordo com a União Internacional Para Conservação da Natureza e dos Recursos Naturais (IUCN).
Como é realizada a monitoração
As áreas de reprodução e as praias de desova são monitoradas todas as noites entre os meses de setembro e março, no litoral, e de janeiro a junho, nas ilhas oceânicas. Estagiários e pescadores contratados pelo Tamar, chamados “tartarugueiros”, são responsáveis por tal monitoramento.
Nos próprios ninhos, os pesquisadores marcam as fêmeas, que são submetidas a uma biometria. Além disso, é realizada a contagem de ovos postos. Na área de alimentação, o monitoramento é quase todo feito no mar, muitas vezes com pescadores. Eles são orientados a salvar tartarugas que ficam presas nas redes de pesca, cercos e currais.
Tecnologia para monitorar de tartarugas
Nas áreas de reprodução e desovas, todos os animais encontrados vivos são marcados: recebem um anel de metal nas nadadeiras dianteiras a fim de serem identificados. Isso ajuda os pesquisadores a acompanharem o seu deslocamento, seus hábitos comportamentais e sua taxa de sobrevivência.
A busca por novas aplicações de tecnologias, como a Internet das Coisas, visa coordenar distintos aparelhos funcionando em rede. Embora mais caros, equipamentos como transmissores de satélites têm um alcance maior. Além disso, a tecnologia da área da genética também é fundamental para estudar os nichos e ciclos de vida das tartarugas-marinhas.
Foto por Istock/ HQuality Video