O nome Caçandoca significa “gabão do mato”, referência ao país africano do Gabão, nome dado pelos escravos fugitivos que formaram nessa região um quilombo de resistência. O Quilombo da Caçandoca é o mais antigo do litoral norte e encontra-se num dos lugares mais belos do Brasil, hoje transformado em comunidade quilombola formada por remanescentes das comunidades do período da escravidão.
A praia que leva o mesmo nome está em terras quilombola, com acesso nada fácil, a partir do Km 77,5 da Rodovia Rio-Santos, em Ubatuba, onde tem início uma estrada de terra com seis quilômetros. O final do trajeto passa pelas casas da comunidade, algumas bem rústicas, pelo centro comunitário e venda de artesanatos feitos pelas mulheres e a parada é obrigatória para pagamento de “pedágio” no valor de R$10,00 que dá direito ao estacionamento sob os pés de pitangas e jundus.
Todos os buracos e pedras do caminho valem a pena para chegar na praia com não mais de mil metros de areia fofa e branca, com imensas pedras nos cantos com águas tranquilas que oscilam entre o verde esmeralda e o azul turquesa do Mar Virado.
Por ser um acesso difícil, geralmente há poucas pessoas, que acabam se acomodando nas mesas com guarda sóis dos vários bares que ficam na areia, com variedade de porções e bebidas a preços justos.
Para os aventureiros, locação de prancha stand up, caiaque e passeio de banana boat, com duração de vinte e cinco minuto com custo de R$ 25,00 por pessoa.
Do seu canto esquerdo, parte uma trilha rápida que leva até a Praia do Pulso, quase deserta, acessada também por uma estrada que corta um condomínio que há trajeto. No canto direito, um pequeno riacho marca o início, que após subir uma formação rochosa leva até a Praia da Caçandoquinha.
No retorno, vale uma parada para fotografar a vista, onde é possível ver a Igreja Nossa Senhora de Fátima, conhecida como Mosteiro do Arautos do Evangelho, que parece um castelo medieval incrustrado nas rochas se lançando ao mar.
São nove mil metros de área construída, com mais de cem cômodos e com portões com mais de oito metros de altura, que só é possível conhecer durante os horários de missa. A igreja internamente é de uma beleza suntuosa, com vitrais magníficos e visão para o mar. Ao lado, há uma capelinha luxuosa e, no jardim, treze réplicas dos profetas de Aleijadinho, com vista para a Ilha e Praia de Maranduba.
Duas peixarias são paradas obrigatórias para quem quer comprar peixes recém pescados e camarões.
Depois desse passeio a sensação é que se conheceu um pouco mais sobre a história de nosso país e que se esteve em um lugar que será impossível esquecer tanta beleza natural.
Texto e fotos por: Patricia de Campos