São exatamente nove cidades incrustadas entre os rios Tietê e Paranapanema, bem na região centro-oeste do estado de São Paulo. O acesso para quem sai da capital paulista é pela ótima, bem sinalizada e segura rodovia Castelo Branco. A viagem até Botucatu leva em torno de duas horas e 45 minutos, mas em média o visitante leva entre duas a três horas para explorar, se encantar e desbravar um dos mais novos, autênticos e promissores produtos turísticos do estado de São Paulo.
Pardinho, Botucatu, Bofete, São Manuel, Pratania, Avaré, Paranapanema, Itatinga e Anhembi são os municípios que formam o Clúster turístico definido como Polo Cuesta. Cada uma das cidades conta com atrações diversas, histórias emocionantes e alguns pontos em comum, o bem receber, a abundância da natureza e uma comida com sabor de fazenda.
Em cada uma delas existem atrações que misturam turismo de aventura, religioso, contemplativo, cicloturismo, turismo histórico e cultural, sem contar no clima e nas paisagens deslumbrantes que podemos desbravar nessa próspera região. Cenários deslumbrantes, brisa constante, resquícios da Mata Atlântica, cachoeiras, corredeiras, pinturas ruprestres , além de pessoas que nos trazem experiências incríveis da vida simples do campo , com muito amor em receber.
Tendo as paisagens de um relevo típico, formado há milhões de anos por rochas vulcânicas remanescentes da era mesozoica e as mais variadas formas: da contemplação à escalada esportiva. Não importa qual a sua escolha. A Cuesta é uma forma de relevo que tem colinas e montes de um lado suave e no outro íngreme, com cumes assimétricos de inclinação longa e suave. Ele é um meio termo entre mesas e encostas escarpadas.
Apesar de tantos atrativos, paisagens únicas, e muitas opções de se fazer turismo, a região onde está inserido o Polo Cuesta ainda é muito pouco conhecida do consumidor final, quase nunca foi divulgada e aguarda os visitantes que ficaram trancados por conta do isolamento social.
Portanto, esse é o melhor momento para se aventurar nesse conjunto de atrativos naturais e mergulhar de fato num produto único, que veio pra ficar e receber turistas e famílias principalmente dos grandes centros urbanos.
Nada melhor do que conhecer um local ainda com pouco fluxo de turistas. Mas, para entender essa falta de popularidade, é preciso compreender um pouco o histórico e o contexto no qual ela foi habitada no período pós-indígena.
Principalmente nas décadas de 40 e 50, a região foi se transformando mais urbana e o que era praticamente rural virou núcleos populacionais mais densos com ótima estrutura. Aos poucos, as grandes áreas rurais foram se organizando ao redor do relevo. Assim, o cenário social se transformava, preservando ao máximo as belezas naturais da região.
Botucatu é a capital turística da Cuesta
Nosso roteiro pode começar por Botucatu, popularmente conhecida como a cidade dos bons ares. A palavra vem do tupi, ybytukatu, que significa vento bom. Com aproximadamente 150 mil habitantes, a cidade foi fundada em 1855 e uma das primeiras comunidades a desfrutar desses ares foi a dos fazendeiros de café. Em 1830, eles decidiram subir a Cuesta, ainda inabitada. A partir daí, cultivaram o grão nas abundantes terras e consequentemente fez a economia local disparar.
A área central da cidade tem um circuito de prédios imponentes do século passado. Visitas obrigatórias são a catedral e a Pinacoteca, a segunda mais importante do estado de São Paulo. Botucatu é um centro universitário e pode ser considerada a “capital turística da Cuesta”, por abrigar bons hotéis, shoppings, inúmeros restaurantes e culinária contemporânea e diversificada, ela tem capacidade de receber qualquer tipo de turistas, em qualquer época do ano.
Outra dica interessante é explorar o potencial do Bairro Demétria, formado por condomínios que dividem antiga fazenda. Chama a atenção pela rica e variada produção orgânica. O local oferece renomados restaurantes e uma deliciosa pizzaria. Consulte também outras atrações para visitar nesse local de extrema beleza.
Cafés especiais, aventura e boa gastronomia em Pardinho
Pardinho foi outra cidade que teve sua economia baseada na produção e no cultivo do café. Um dos menores núcleos urbanos da região, a pequena cidade é muito grande em se falando de atrativos turísticos. Ela detém mais de 50% das atrações naturais encontrados no entorno da Cuesta e, atualmente, é um dos mais importantes produtores de gado, tendo em suas terras bons laticínios, como o Gege, além da produção de queijos nobres e vinhos de sabor acentuado, como o vinho Treviso da família Boscariol, que desde 1972 produz de maneira artesanal vinhos de ótima qualidade.
O café, que foi o maior responsável pelo crescimento econômico local, volta com força total. Um exemplo é a fazenda São Pedro, que em sua área cultiva um dos melhores grãos cafeeiros do estado de São Paulo. Devido as características da região, a colheita é mais tardia, possibilitando que o fruto absorva o máximo de nutrientes da planta, resultando em uma bebida com caraterísticas únicas.
Atualmente, uma cafeteria bem instalada serve três tipos da bebida: o café Cereja, com torragem média, o que proporciona uma acidez equilibrada, com notas frutadas e corpo médio; o Jasmim, que preserva os aromas e óleos essenciais do grão, resultando em uma bebida mais suave; e o Bourbon, composto por grãos nobres de sabor mais aveludado com notas discretas de chocolate.
A cafeteria com características rurais tem mesas ao ar livre, loja com os produtos exclusivos e uma vista deslumbrante, coordenada com competência por Mayane, Graziele e Kleiton, que dão um show de atendimento.
Depois do café, nada como experimentar as guloseimas dos doces artesanais Grand’ Amore e se impactar com as queijadinhas, suspiros, geleias , bombocados e a mercearia repleta de petiscos deliciosos, numa das mais vistas mais espetaculares da região. O local também promove ordenhas com pré-agendamento, pizzas crocantes e acampamentos para curtir o céu mais estrelado do estado, num espetáculo de luzes e cores.
Bofete: de morada indígena ao turismo ecológico
Nos áureos tempos, a atual cidade de Bofete foi a morada da tribo Kanhgág. Localizado na Serra de Botucatu e estabelecida em 1921, esse belo local tem cerca de nove mil habitantes. Bofete também oferece belezas únicas, além de clima agradável e reúne muitos atrativos.
Quem resolve desbravar esse pedaço do oeste paulista ainda encontra aquele ar de novela de época. Café sendo produzido, gado espalhado nos pastos, plantações de milho, soja, e trigo e o avanço perigoso da cana de açúcar. No entanto, o turismo local se fortalece ano após ano, graças à visão estratégica de empresários que tem visto a importância da atividade turística. Aliás, muitos deles estão sabendo aproveitar esse novo e promissor setor econômico como poucos.
A Cuesta é simplesmente um dos destinos mais completos e diversificados à disposição dos turistas nesse capítulo ao qual chamamos de novo normal.
As opções turísticas são tantas que vale a pena, nesse momento, fugir da aglomeração das grandes metrópoles e simplesmente encontrar-se junto a natureza. Paredões, escarpas, serras, céu de brigadeiro em manhãs refrescantes e um show de luzes e estrelas cadentes ao anoitecer. Tucanos, siriemas, lobos guará, tatus, gambás, coelhos, veados campeiros, centenas de pássaros, cachoeiras e um “Mar de Morros” esperam a sua visita.
Trekking, cachoeiras, paisagens e esportes de aventura
As trilhas com cachoeiras na Cuesta são inúmeras. Infelizmente, algumas delas ficam em propriedades privadas e não permitem visitas. Mas ainda sobram boas opções públicas para refrescar os viajantes. As paisagens ao redor são revigorantes e a simplicidade e colhimento da população local surpreendem e emocionam.
Um dos destaques do local no turismo de aventura é a Tirolesa do Gigante. A atração reúne uma descida de 800 metros diante da principal paisagem da região. Só de olhar, já dá frio na barriga. Mas a experiência vale muito a pena. O local em breve ganhará chalés rústicos e confortáveis com paisagem indescritível de um horizonte de matas preservadas a perder de vista.
Conhecer as estradas de terra em um passeio de buggy? Basta agendar o horário para explorar a Cuesta com toda a adrenalina que ela proporciona. Outra atração imperdível é o voo livre.
Se a região é famosa pelos “bons ares”, nada mais justo do que experimentá-los em grande estilo. Na Base da Nuvem, é possível praticar voo livre e conhecer tudo como se fôssemos enormes pássaros, que aliás são centenas por lá. A atividade de Birdwatching deve ser outra que deverá impulsionar mais visitantes.
Escalada esportiva rapel e cascading
Para quem gosta de escalar, paredões não faltam nessa região. Um dos destaques é a Pedra do Índio, que une paisagem e desafio. Em algumas cachoeiras, também é possível agendar. O local cobra R$ 10,00 a entrada por pessoa, mas tem boa estrutura com trilhas guiadas, banheiros limpos, uma grande loja com suvenirs e uma lanchonete que oferta bons lanchinhos, ou um café da manhã bem regional, com produtos regionais, a R$ 25,00 por pessoa.
Cicloturismo para os amantes da pedalada
As estradas que ligam os pontos turísticos também têm chamado a atenção dos visitantes. Tanto é que a Cuesta já recebe atualmente uma das provas da Brasil Ride, ultramaratona de mountain bike. Então, não se esqueça de trazer a bicicleta. O projeto Cuesta Cicloturismo consiste numa variedade de roteiros para viagens de aventura com o uso da bike. O projeto também contempla outras modalidades, com roteiros para viagens de mochileiros, cavaleiros e pilotos de veículos off road. Todas as rotas receberam sinalização padronizada e seguem o conceito de roteiros autoguiados.
Os roteiros foram planejados para serem seguros e atrativos, oferecendo aos visitantes a possibilidade de experiências originais, conhecendo um dos mais recortados relevo do estado com suas belas paisagens. Visitando as tranquilas cidades do interior, com matas e rios preservados, lindas cachoeiras, povoados e vilarejos, ter contato com a diversidade cultural e as tradições, percorrendo caminhos da história.
Degustação dos sabores do campo
Quem gosta de culinária artesanal já precisa colocar a região no mapa de interesses. São diferentes opções para o paladar, como a Cervejaria Glatz e os queijos da Pardinho Artesanal ou da Fazenda Três Barras, além dos queijos e produtos de leite mais populares e não menos gostosos dos laticínios gege. Nos entorno das serras, há diversas propriedades que oferecem delícias de dar água na boca. Um local imperdível é a Venda Vivan, que iniciou as atividades em fevereiro de 1946. Continua com as mesmas características de tempos atrás, uma venda antida que atende em mesas rústicas.
Lá, o destaque são as coxinhas fritas em banha de porco e as tubaínas, refrigerantes produzidos na região. Reduto de motociclistas e ciclistas, além de outras tribos, oferece verveja bem gelada e petiscos deliciosos além de outros salgados.
Ao pé de enormes árvores, os papagaios e as maritacas cantam e falam com os visitantes. A anfitriã, Maria Vivan, recebe todos com muita prosa, ao lado de seu marido e filhas. De lá se avista o Gigante Adormecido, as três pedras, e ao longe a Pedra do índio.
As cachoeiras mais famosas são: a Véu da Noiva formada pelas águas do Rio Pardo, a cachoeira da Marta e as cachoeiras da Fazenda Pavuna, todas em Pardinho.
Vale apena ainda visitar a Fazenda dos Bambus, o Museu de Mineralogia, e os variados esportes de aventura, de rapel a parapente disponíveis por lá.
Cultura caipira, música, couro e poesia
Nessa lista, não poderia faltar um aspecto fundamental: a cultura caipira (sobretudo a música). No Centro de Cultura Max Feffer, em Pardinho, o turista pode conhecer um pouco mais sobre essa tradição e ainda tirar uma foto com a maior viola do mundo. Já quem visita Pratânia, outra cidade que faz parte do Polo, pode visitar o Museu de Tonico e Tinoco, ícones da musica caipira de raiz.
Lá estão as principais obras dos cantores, que são os verdadeiros representantes da musica de raiz do interior de São Paulo e um dos ícones do gênero no país. Lá está a casa onde eles nasceram, que foi totalmente remontada para prestar uma homenagem e prestigiar a memória dessa dupla de poetas.
Pratânia também oferece várias lojas especializadas em sapatos, bolsas, jaquetas, cintos, carteiras e outros produtos feitos em couro legítimo, uma das maiores referencias da região.
O Mel de Itatinga, as praias de Avaré e ainda as escondidas e preservadas Anhembi e Paranapanema
Em Itatinga, a grande atração é a produção de mel; produtores firmaram rigorosos protocolos de produção e desenvolveram um dos mais significativos produtos naturais da região. As técnicas tornaram a produção de mel uma das melhoras em termos de custo benefício.
Já em Avaré, o potencial turístico é diversificado. Tem nas águas de sua represa a grande possibilidade do desenvolvimento do turismo náutico. Pescaria, velas, barcos e praias de água doce em mais de 1.800 de margens, num espelho d’água além de puro, cristalino na maior parte do ano.
A cidade orgulha-se de suas fazendas, da produção de um dos melhores leites do Brasil e tem também dezenas de cachoeiras a serem exploradas. Segundo a diretoria de turismo, são mais de 90 para serem catalogas e ficarem disponíveis para a prática do turismo.
A cidade deve receber o Arenão, uma arena multiuso que poderá abrigar num futuro próximo mais de 35 mil expectadores em diversos eventos, desde provas de cavalo, gados, até apresentações culturais e musicais. A cidade de Avaré tem uma excelente rede hotelaria e ótimos restaurantes.
Pra completar, falta a estupenda natureza de Paranapanema, as praias, a pesca e a bucolidade de Anhembi e ainda você se aventurar e descobrir um novo roteiro e uma nova aposta para o turismo contemplativo e de aveentura, numa das regiões mais impactantes do estado de São Paulo e talvez de todo o Brasil.
Mais informações: polocuesta.com.br
Onde ficar
Texto por: Cláudio Lacerda Oliva
Fotos: Geovana Fraga