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Piranhas e a Rota do Cangaço no Alagoas

3 de dezembro de 2015

Para conhecer as belezas e os atrativos que margeiam o Velho Chico, utilizamos como base a aprazível cidade de Piranhas. Distante 280 km de Maceió, e com uma população de 25 mil habitantes, é cercada de morros e abençoada pelas águas do São Francisco. Tombada em 2012 pelo Patrimônio Histórico Nacional (IPHAN), possui rico acervo barroco dos séculos 18 e 19. Hospitaleira e com casario colorido, sua história está intimamente ligada à ferrovia que começou a rodar por lá em 1878.

Foto por Roberto Maia

Foto por Roberto Maia

Último trecho navegável do Baixo São Francisco, se orgulha por ter sido parte da chamada Rota do Imperador, que marcou a passagem de D. Pedro II pela cidade em 1859, quando lançou a pedra fundamental da ferrovia. A antiga casa de máquinas da Rede Ferroviária hoje abriga o Centro de Artesanato, Artes e Cultura do Xingó e abriga trabalhos de artistas e artesãos de sete cidades da região. Esculturas, bordados, cerâmica, tapeçaria, brinquedos, peças de couro de tilápia e doces típicos podem ser adquiridos por preços bem em conta. Abre de quarta a domingo das 9h às 18h na baixa temporada e até as 20h na alta e nos feriados.

Mas o imperador não é o único a encher de orgulho os moradores de Piranhas. O cantor Altemar Dutra também foi merecedor desse carinho incondicional. Por ter visitado a cidade em inúmeras oportunidades e confessado seu amor pelo lugar, mereceu homenagens como ter seu nome em uma rodovia, na orla ribeirinha e até em uma pizzaria no centro histórico.

Mas Piranhas ficou nacionalmente conhecida por ter sido um dos pontos importantes do cangaço. Foi palco de um combate épico entre um de seus moradores, Seu Chiquinho Rodrigues, e parte do bando do temido cangaceiro Virgulino Ferreira da Silva, o Lampião. Todos na cidade conhecem essa história e não se cansam de repeti-la aos visitantes. Contam que Seu Chiquinho armou-se com seu rifle e muita munição e esperou sozinho os cangaceiros, entrincheirado na sacada de sua casa. Vitorioso, conseguiu evitar a invasão da cidade. Segundo dizem, Lampião repreendeu seu bando por ter investido contra uma cidade cuja padroeira era Nossa Senhora da Saúde, santa da qual ele era devoto. A igreja da padroeira foi construída em 1885 e vale uma visita.

Foto por Roberto Maia

Foto por Roberto Maia

Em 1938, Lampião, sua mulher Maria Bonita e outros nove cangaceiros foram mortos na região, em um lugar chamado Grota do Angico – município de Poço Redondo (SE) -, em uma emboscada da volante (polícia). O local ficou abandonado até a década de 1980 quando começou a receber a visita de muitos turistas de forma espontânea. Hoje, a Rota do Cangaço é o segundo maior atrativo turístico depois do Rio São Francisco. O passeio para chegar até o local através de uma trilha leve de 1,5 km em meio à vegetação da Caatinga leva cerca de uma hora.

Toda a trajetória de Lampião e do cangaço pode ser vista no Museu do Sertão, local onde estão expostos utensílios, armas e fotos de Lampião, inclusive a que mostra as cabeças decapitadas – dele, de Maria Bonita e dos demais cangaceiros mortos – na escadaria da prefeitura. Vale uma visita e o ingresso é baratinho, apenas R$ 2.

Destino perfeito para quem gosta de passeios ecológicos e de aventura, Piranhas tem vários sítios arqueológicos e belos cenários naturais. Em todas as trilhas – dos mais variados graus de dificuldade – o belo visual do Velho Chico encanta e convida para inúmeras fotos. Entre as mais conhecidas estão a do Rio Capiá, da Via Férrea, do Mirante do Talhado e a da Pedra do Sino. Todas elas são testemunhas da história do sertão.

O folclore e o artesanato também estão presentes e marcam a cultura do destino. As festas populares são embaladas por grupos de reisados e bandas de pífanos, enquanto os bordados em redendê e em ponto-de-cruz chamam atenção pela beleza e criatividade. Uma visita no povoado de Entremontes dará uma ideia da importância desse tipo de artesanato na cultura e na economia local. O redendê é elaborado por exímias bordadeiras utilizando um instrumento chamado bastidor, que une linhas brancas e coloridas em primorosos trabalhos. As peças produzidas por muitas mulheres do local podem ser adquiridas na cooperativa Cia. de Boradados. Dom Pedro II também passou pelo distrito e moradores da comunidade garantem que foi ele quem escolheu o nome do lugar.

Foto Divulgação

Foto Divulgação

Piranhas também é um dos pontos de partida para as visitas aos cânions do São Francisco em agradáveis passeios de catamarãs e barcos chamados voadeiras. Também é muito interessante o roteiro realizado em típicas canoas de Tolda, um tipo de embarcação dos anos 1950. Saindo da cidade e seguindo pelo leito do Velho Chico é possível observar as impressionantes formações rochosas, ilhas, praias pluviais e até uma pequena capela entalhada na rocha, onde são celebradas missas no dia de São Francisco – 4 de outubro. O passeio tem duração de mais ou menos quatro horas.

Texto por: Roberto Maia

Foto destaque: Divulgação

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