logo

Telefone: (11) 3024-9500

O pequeno dicionário alagoano | Qual Viagem Logo

O pequeno dicionário alagoano

24 de junho de 2014

Conhecido como Caribe brasileiro, Alagoas tem como um de seus pontos altos a cor do mar, que vai do azul ao verde, incluindo todos os tons. Mas o Estado é muito mais que praias de areias de açúcar pontilhadas por coqueiros. Suas cidades transbordam história, cultura e um riquíssimo artesanato. Juntas, elas escondem encantos para todas as letras do alfabeto.

Alagoas – Seu nome deriva das inúmeras lagoas que o Estado tem – a Mundaú é uma das maiores. De sua margem, no Pontal da Barra, em Maceió, pode-se embarcar em um passeio de escuna pelas suas águas e assistir a um indescritível pôr do sol. Com saídas diárias às 9h e às 13h, os pacotes são vendidos nas barracas do Pontal. São cinco horas para percorrer sete ilhas em Mundaú, mais duas na Manguaba, com parada para banho na Prainha, onde o mar e as lagoas se encontram.

Aeroporto Internacional Zumbi dos Palmares: para quem vai de avião, é a porta de entrada desse paraíso chamado Maceió, a capital do Estado.

Barra de São Miguel – Essa praia de águas azuis cristalinas fica a 25 km ao sul de Maceió. Se quiser almoçar ou se hospedar praticamente dentro do mar, a opção é o Village Barra Hotel. Além de todas as comodidades existentes em seus dois tipos de acomodações (luxo e standart), o hotel de 74 apartamentos, piscinas e restaurante oferece aos seus hóspedes a travessia de barco para a Praia do Gunga, que está 11 km adiante e fica dentro de uma fazenda de coco, no local onde o mar se encontra com a Lagoa do Roteiro. O acesso até lá também pode ser feito por jangada ou barco a motor, que partem do cais no centro de Barra. Logo na entrada do Gunga, lojinhas comercializam desde taças de areia extraída das falésias locais até pequenos mimos, como chaveiros, porta-lápis e imãs de geladeiras feitos de conchinhas.

Foto: Wesley Menegari via setur Alagoas

Barra de São Miguel Foto: Wesley Menegari via setur Alagoas

Bolinho de goma: herança dos holandeses, é a típica guloseima do Estado. Feito com farinha de mandioca, manteiga, leite de coco, maisena, ovos, sal e açúcar, essa espécie de sequilho em formato de concha, é vendida nas praias, bares, lojinhas e embarcações.

Costa dos Corais – Depois da Grande Barreira de Corais da Austrália, esse é a maior barreira coralina do mundo, com de 130 km de recifes de corais que se estendem de Paripueira (AL) até Tamandaré (PE). Desde 1997, é uma Área de Preservação Ambiental (APA), criada para proteger a flora e a fauna marinhas da região. Como os recifes impedem que as ondas cheguem até as praias, a região abriga muitas piscinas naturais, onde o mar é sempre calmo e quentinho. Para conhecer todo o circuito do lado alagoano, pode-se partir de Maceió e seguir pela Rodovia AL – 101, que vai pelo litoral norte. Confira algumas cidades:

Paripueira: O nome dessa antiga colônia de pescadores significa praia de águas mansas, em linguagem indígena. Do Restaurante Mar & Cia partem catamarãs rumo aos recifes. Eles seguem sempre acompanhados por um biólogo que vai ensinando sobre as espécies que vivem nas piscinas naturais: ouriços, estrelas-do-mar e peixinhos coloridos.

Barra de Santo Antônio: É banhada pelo Rio Santo Antônio, que empresta seu nome à cidade. Seus principais atrativos são os monumentos históricos da arquitetura holandesa do século 18 e seus preservados manguezais e praias, como Tabuba, Ilha da Croa (na verdade, uma península separada do continente pelo Rio Santo Antônio) e Carro Quebrado.

Foto: tendcriativa via SETUR ALAGOAS

Foto: tendcriativa via SETUR ALAGOAS

Barra de Camaragibe: Berço de Aurélio Buarque de Holanda, autor do mais conhecido dicionário da língua portuguesa. Tem lindas praias, como a dos Morros e Marceneiro.

São Miguel dos Milagres: Entre suas praias de águas transparentes, encontra-se a do Toque.

Porto de Pedras: Em 1860, Dom Pedro 2º parou ali para descansar e se encantou com o lugar, que inclui praias paradisíacas como as de Patacho e Tatuamunha. Esta última foi escolhida para acolher o Projeto do Peixe-Boi Marinho. Responsável pela introdução do mamífero ameaçado de extinção na natureza, o espaço é aberto à visitação. Mas, com sorte, o dócil bichinho também pode ser visto próximo à foz do Rio Manguaba.

Foto: tendcriativa via SETUR ALAGOAS

Foto: tendcriativa via SETUR ALAGOAS

Porto Calvo: Foi um dos primeiros lugares a ser habitado por colonos portugueses, trazidos pelos donatários da antiga Capitania de Pernambuco. É também a terra de Domingos Fernandes Calabar, considerado pelos portugueses como um traidor, mas tido, por muitos historiadores, como um herói. Calabar mudou o curso da guerra ao apoiar os holandeses, quando eles invadiram e se instalaram no Nordeste brasileiro.

Japaratinga: Nesse vilarejo de pescadores são imperdíveis as paisagens que se descortinam desde o Pontal do Boqueirão, na foz do Rio Manguaba, passando pela Praia de Barreiras do Boqueirão, com suas fontes de água mineral.

Maragogi: É o segundo polo turístico de Alagoas. Equidistante de Maceió e Recife (PE), é um dos extremos geográficos desse circuito que merece um capítulo à parte.

Delmiro Correia – A força das cachoeiras e corredeiras do Rio São Francisco foram usadas para a instalação de nove hidrelétricas entre Piranhas (AL) e Paulo Afonso (BA). Entre elas, a Angiquinho, a primeira usina hidrelétrica do Nordeste, construída em 1912 pelo empresário Delmiro Correia, que batiza o município que dista 40 km de Piranhas. Obra de engenhosa engenharia, a casa das máquinas da antiga hidrelétrica fica presa entre as rochas a 100 m do leito do rio.

Engenhos – Engenhos e usinas canavieiras não faltam nesse Estado, um dos principais polos produtores de açúcar e álcool do País. Eles são tão importantes para a história e economia do Estado que a Secretaria de Turismo criou um circuito turístico para contemplá-los: o Roteiro Integrado da Civilização do Açúcar, que inclui as cidades de Maceió, Marechal Deodoro, Pilar, Coruripe, União dos Palmares e Rio Largo.

Foz do Rio São Francisco – O passeio de barco até a divisa entre Sergipe e Alagoas é fantástico e dá direito a uma paisagem que inclui as ilhas fluviais do caminho, as dunas amareladas, os coqueirais e – o principal – a foz do Rio São Francisco, o lugar onde o Velho Chico se une ao Oceano Atlântico, depois de ter percorrido cinco Estados brasileiros – Minas Gerais, Bahia, Pernambuco, Sergipe e Alagoas. Os passeios de barcos partem de Piaçabuçu (140 km de Maceió pela AL-101, sentido Sergipe).

Foto: jsdeoliv  via Istock

Foto: jsdeoliv via Istock

Galés de Maragogi – Distante 6 km da praia central da cidade, as galés de Maragogi – nome dado às piscinas rasas em alto mar – integram a Costa dos Corais, situando-se no centro desse ecossistema. O passeio às galés permite conhecer de perto os recifes de corais. Contudo, as leis de preservação restringem o número de pessoas e embarcações que podem visitar o lugar, só permitindo a visitação de dez catamarãs com 60 pessoas cada por dia. Nas piscinas de água rasa, também é proibido usar nadadeiras. Nas mais profundas, pode-se mergulhar com cilindro acompanhado por um guia, vendo peixinhos coloridos, anêmonas e corais-cérebro.

História – Se a opção é conhecer a colonização de Alagoas, não deixe de visitar as cidades de Marechal Deodoro, Penedo e Piranhas, as duas últimas localizadas às margens do Rio São Francisco. Com igrejas, conventos e palacetes dos séculos 17 e 18, Penedo é uma das mais antigas históricas brasileiras. Conhecida como Ouro Preto do Nordeste, foi fundada pelos bandeirantes no século 16. Já Piranhas fica na divisa entre Alagoas e Sergipe e é a porta de embarque para a Rota do Cangaço, um roteiro que privilegia aqueles que querem aprender um pouco mais sobre os cangaceiros que aterrorizaram as populações no início do século 19. Dali parte o catamarã rumo à Grota do Anjico, local da emboscada onde Lampião e seu bando foram assassinados no dia 28 de julho de 1938. Em Maceió, o endereço obrigatório é o bairro de Jaraguá, que exibe casarões coloniais e antigos armazéns espalhados pelas ruas próximas aos cais do porto. Construídos no início do século 19 e tombados pelo Iphan, muitos desses trapiches já foram recuperados e agora sediam antiquários, casas noturnas e outros setores do comércio.

Foto: Wesley Menegari via setur

Foto: Wesley Menegari via setur

Ilha de Santa Rita – A maior ilha lacustre do país, com mais de 12 km de superfície, faz parte do passeio de escuna à Lagoa de Mundaú. Área de preservação ambiental, é formada pelos povoados de Santa Rita, Siriba, Jacaré e Barra Nova.

Jangada – De Pajuçara, na região central de Maceió, quando a maré está baixa, jangadas partem para as piscinas naturais que se formam a cerca de 2 km da costa.

Kilo – Há muitos restaurantes que servem comida por kilo em Maceió. No cardápio, muitos pratos à base de frutos do mar, peixes, aves e carnes fresquinhas, além de um bufê de saladas e sobremesas.

Lagoas – Ao todo Alagoas possui 17 lagoas, sendo que as maiores são Mundaú e Manguaba. Juntas, elas formam um dos maiores complexos lagunares do mundo.

Marechal Deodoro: Tombado como Patrimônio Histórico Nacional em 2006, o município ao sul de Maceió abriga a casa do proclamador da república brasileira e tem atrações que remetem à colonização de Portugal, como o Museu de Arte Sacra Dom Ranulpho da Silva Farias, com o Convento de São Francisco, ambos do século 16. Ao lado de seu centro histórico com construções do início do século 19, as rendeiras e os seus bordados em filé, labirinto, redendê e bilro são o algo a mais da cidade.

Nossa Senhora dos Prazeres – É a padroeira de Maceió. A matriz de mesmo nome fica no centro da capital, na Rua Barão de Atalaia Pinto, s/nº.

Orla – Pelos 5,5 km da deslumbrante orla de Maceió aninham-se as praias da Avenida, do Sobral, do Pontal da Barra, Pajuçara, Ponta Verde, Jatiúca, Cruz das Almas, Jacarecica, Guaxuma, Garça Torta, Riacho Grande, Pratagi e Ipioca.

Praia do Francês – A 21 km ao sul de Maceió pela AL-101, atrai os surfistas com suas ondas de mais de 2 m. Para quem não surfa há passeios de barcos até os recifes de coral, onde se pode mergulhar nas piscinas naturais. Se a maré estiver baixa, é possível caminhar até a Praia do Saco. Também conhecida como Saco da Pedra, a praia está dentro de uma reserva ecológica que pertence à Ilha de Santa Rita.

Foto: romarj via Istock

Praia do francês Foto: romarj via Istock

Quilombo dos Palmares – Foi o maior de todos os quilombos brasileiros e ocupava uma área quase tão grande como Portugal. Localizava-se na Serra da Barriga, região que compreende os atuais os estados de Alagoas e Pernambuco. Quando foi fundado em 1597, Palmares tinha apenas uns 40 habitantes, mas cresceu tanto que chegou a ser integrado por dez quilombos menores. Como a fuga de escravos significava prejuízo financeiro para os senhores de engenho, eles organizavam expedições para capturar os negros. Foi numa delas que um menino nascido naquela comunidade quilombola foi capturado e entregue ao padre da vila de Porto Calvo (AL). Quinze anos depois, o garoto voltou a Palmares, onde se tornou o líder mais importante: Zumbi. Em 1692, o quilombo foi atacado, mas o exército fracassou. Na segunda tentativa, em 1694, Palmares foi destruído. Mesmo ferido, Zumbi fugiu e continuou organizando ataques aos engenhos para roubar armamentos e libertar escravos. Foi traído por Antônio Soares, um de seus homens, que revelou o seu esconderijo após ter tido torturado. Zumbi foi assassinado no dia 20 de novembro de 1695. Sua cabeça foi cortada e levada para o Recife (PE), onde as autoridades ordenaram que ficasse exposta em praça pública, com o intuito de desencorajar a fuga dos escravos e de acabar com a crença popular de que Zumbi era “imortal”. De nada adiantou, pois ele tornou-se um mito.

Rendeiras – São famosas em todo o Estado pelos caminhos e toalhas de mesa, panos de bandeja, colchas, saídas de praia, chapéus, blusas, vestidos e outras peças que confeccionam em filé, labirinto, bilro e redendê. O primeiro foi criado há muito tempo pelas mulheres de pescadores, que consertavam suas redes. Em Maceió, essas peças são encontradas no Pontal da Barra, onde o filé nasceu, conforme contam as rendeiras do bairro, e na Feirinha de Artesanato da Pajuçara.

Sururu – Extraído das lagoas, o marisco é um dos principais ingredientes da gastronomia regional.

Taboua – É uma planta que cresce em abundância em locais úmidos, como brejos, manguezais e várzeas. No município de Feliz, há uma grande variedade de peças são produzidas a partir da palha da taboua. São bolsas, utensílios domésticos e objetos para decoração. Ali também podem ser encontrados artesanatos feitos com bagaço da cana-de-açúcar.

União dos Palmares – O município localizado na Serra da Barriga abriga o Parque Memorial Quilombo dos Palmares. Aberto à visitação pública e com entrada gratuita, reúne os vestígios arqueológicos do quilombo que foi o maior foco de resistência negra à escravidão no Brasil por quase 100 anos, entre 1597 e 1694.

Vida noturna – O bairro de Stella Maris e a orla de Ponta Verde concentram as principais baladas de Maceió.

Foto: arthurprofcam via Istock

Foto: arthurprofcam via Istock

Xote, trote e forró são alguns dos ritmos que eletrizam as danceterias, as boates e os barzinhos de Maceió, que oferecem opções para todos os gostos, de MPB ao eletrônico, passando pelo pagode e o sertanejo.

Zumbi dos Palmares – A palavra zumbi ou zambi vem termo nzumbe, do idioma africano quimbundo, e significa alma de pessoa falecida. Para os bantos, uma tribo africana, a palavra é sinônimo de líder religioso e militar. No Brasil, em função da crença popular afro-brasileira, zumbi é um morto-vivo, um fantasma que vagueia a esmo. Etmologias à parte, Zumbi foi o mais importante líder do Quilombo de Palmares. Traído, foi assassinado em uma emboscada. Na data de sua morte, 20 de novembro, hoje se comemora o Dia da Consciência Negra.

Serviço:

Village Barra Hotelwww.villagebarrahotel.com.br

Restaurante Mar & Cia www.piscinasnaturais.com.br

Parque Memorial Quilombo dos Palmareswww.quilombodospalmares.org.br

Maceio Atlantic Suiteswww.maceioatlantic.com.br

 

Texto por: Fabíola Musarra

Foto destacada: Wesley Menegari via Setur Alagoas

 

Comentários