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No ritmo da África do Sul

Durante três dias, a maior feira de turismo do continente africano mostrou aos visitantes um mix de cores, sons e imagens do que o país tem de melhor.

Destino que aos poucos vem sendo descoberto pelos brasileiros, a África do Sul é mais do que um sinônimo de safári. Esbanja paisagens de fazer inveja até aos top 10 do ranking mundial de beleza natural. Não bastasse possui efervescentes cidades, cultura para dar e vender, vinhos da melhor qualidade e gastronomia para todos os gostos. Acrescente-se a esses ingredientes a simpatia de sua gente. Parte desse tesouro pôde ser explorado durante a 38ª edição da Africa’s Travel Indaba.

Realizado entre os dias 8 e 10 de maio, no Centro de Convenções Inkosi Albert Luthuli, em Durban, África do Sul, o evento reuniu 1,1 mil expositores de 22 países africanos e compradores de mais de 80 países do mundo, além de veículos de mídia, nacionais e internacionais. O Brasil também esteve presente à feira, com a participação de representantes de agências de turismo no Hosted Buyers, programa idealizado pela South African Tourism (SAT) e direcionado à realização de negócios.

Feira de Turismo em Durban. Foto por: Fabíola Musarra

Queensberry, New Age, GW, Latitudes, Kangaroo, Milessis, Flot e Venturas foram as oito brasileiras participantes. Com o slogan Africa’s Stories, Your Success (Histórias Africanas, Seu Sucesso), a iniciativa contou ainda com fornecedores, como as companhias aéreas South African e British Airways, além de representantes de hotéis, lodges, safáris e de diferentes produtos dos países do continente africano, de artesanato a vinhos.

Os números iniciais da Africa’s Travel Indaba 2018 apontam que mais de 1,7 mil compradores locais e internacionais passaram pela feira de marketing turístico este ano – no ano passado, foram 1,5 mil. Organizado pela SAT, o evento tem como um de seus principais objetivos proporcionar oportunidades de negócios a compradores de todos os países do mundo e a expositores africanos.

Madiba

No ano em que se comemora o centenário de nascimento de Nelson Mandela (1918/2013), a data não foi deixada de lado no evento. Ao contrário. O emblemático líder que lutou a maior parte da sua vida contra o apartheid (regime de segregação racial que vigorou na África do Sul entre 1948 e 1994) foi lembrado em diferentes ações desenvolvidas em conjunto pela SAT e Fundação Nelson Mandela, como o lançamento do aplicativo A Jornada de Madiba (Madibas Journey).

O app para IOS e Android, com versão também em português, conta a história do ex-presidente do país e mostra 27 pontos turísticos em cidades sul-africanas relacionados a ele. Na feira, o ganhador do Prêmio Nobel da Paz em 1993 também foi referenciado em workshops e em um emocionante show musical onde luzes, fotos e vídeos retratavam os principais fatos da vida de Madiba, como o carismático sul-africano ainda hoje é carinhosamente chamado.  

Também não faltaram à feira a dança e o ritmo dos grupos étnicos que vivem em solo sul-africano, como os zulus (o maior deles), os xhosas (Mandela pertencia a essa etnia) e os basothos (do Sul e do Norte), só para citar alguns. Nem tampouco faltou o colorido artesanato produzido com capricho por mãos femininas e masculinas de diferentes lugares da África do Sul.

Zulus, a maior etnia da África do Sul.
Foto por: South Africa Tourism

Do Lesoto, um dos países africanos presentes à feira, duas curiosidades. A primeira, os trajes usados por seus habitantes, sobretudo o chapéu. Confeccionado, na maioria das vezes, com as cores da bandeira do país (azul, verde, branco e preto), tem formato semelhante a uma montanha, um tributo à vitória obtida em uma delas na Guerra do Senekal, travada em 1858 contra os europeus. A segunda, Lesoto ocupa um território no interior da África do Sul, país com o qual faz fronteira de Norte a Sul, de Leste a Oeste.

Chapéu usado no Lesoto, país da África. Foto por Fabiola Musarra

Curiosidades à parte, a feira trouxe importantes novidades: a partir do dia 29 de outubro, a British Airways passa a operar em Durban, oferecendo três voos diretos por semana entre o aeroporto internacional da cidade, o King Shaka, e o aeroporto de Londres-Heathrow. Essa é a primeira conexão direta entre a cidade litorânea da África do Sul e a Europa. A nova rota deverá reduzir em até três horas o tempo de voo entre a capital britânica e Durban.

Foto por: Fabíola Musarra

A dez entre as dez principais estrelas do lindíssimo país banhado pelos oceanos Atlântico e Índico também esteve no evento. Representantes do Parque Nacional Kruger (o mais famoso deles entre nós brasileiros) e de outros parques e reservas naturais sul-africanas apresentaram roteiros e o verdadeiro zoológico ao ar livre que desfila diante do olhar quando se embarca em um safári em um deles.

“Embora os safáris sejam um dos principais postais da África do Sul, nos preocupamos em praticar um turismo responsável e sustentável. Por isso, ensinamos os visitantes a não interagirem com os animais. Também procuramos evitar a intervenção humana nos habitats das espécies”, disse Siza Ntshona, CEO da SAT, em coletiva à imprensa brasileira e argentina.         

Safári na Amakhala Game reserve. Foto por: Fabíola Musarra.

Ntshona aproveitou a entrevista para comemorar os resultados da Africa’s Travel Indaba deste ano. “O objetivo da feira é criar uma plataforma que permita ao mundo fazer negócios com a África e os negócios estão acontecendo. Estamos, portanto, encorajados pelo número de compradores e expositores que vieram de diferentes países do mundo. Eles são nossos parceiros valiosos. São eles que nos ajudam a empacotar e a vender a África para o mundo ”, disse o CEO da SAT.

Os números

Nesta edição, houve um total de 1.747 compradores, o equivalente a um crescimento de 14% em relação a 2017, além de mais de 1,1 mil expositores, um aumento de 5,7% em relação ao ano passado. Do total de expositores, 200 deles participaram pela primeira vez da feira. Ainda em 2017, o evento teve mais de 20 mil reuniões de negócios confirmadas entre fornecedores e compradores – número 47% maior do que o registrado em 2016.

“Quando tomamos a decisão de fazer da Indaba um evento pan-africano, foi uma estratégia deliberada da nossa parte de impulsionar a economia africana”, afirmou Ntshona. Segundo ele, exemplo disso foi a criação da nova marca da feira: Africa’s Travel Indaba, uma denominação que reafirma que o evento pertence a todo o setor turístico africano, e que seu propósito é estimular o turismo e o desenvolvimento econômico inclusivo no continente africano.

Siza Ntshona, CEO do SAT. Foto por: Fabíola Musarra

Para Ntshona, os números iniciais indicam que os expositores estão tendo resultados positivos no evento, onde um sistema on-line combina as necessidades dos compradores e as ofertas dos fornecedores, economizando tempo, além de tornar a feira mais eficiente e produtiva. “Com isso, os visitantes podem expandir as redes de network e fechar negócios”, concluiu o CEO.

O Africa’s Travel Indaba acontece há 38 anos e atrai cerca de 7 mil participantes do mundo todo. Expõe grande variedade de opções turísticas para compradores locais e internacionais. Vale a pena lembrar, contudo, que até 1994 a África do Sul não estava totalmente capacitada a receber turistas.

Um dos workshops da feira de turismo, em Durban. Crédito: South African Tourism

Nos últimos anos, porém, com a realização de megaeventos, como a Copa do Mundo de Futebol em 2010 e o Mundial de Rúgbi em 1995, o país não é mais apenas um destino de safáris de luxo para poucos privilegiados. Atualmente, oferece infraestrutura de hospedagem, transporte e atrações para todos os bolsos, e tem no turismo um dos principais propulsores de sua economia.

Texto por: Fabíola Musarra. A jornalista viajou para a África do Sul a convite da South Africa Tourism e Latam Airlines.

Imagem Destacada por Fabíola Musarra

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