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Morro de São Paulo: Paraíso com nome de cidade grande

Há cerca de 20 anos, Morro de São Paulo, no litoral baiano, era apenas um lugar pacato e tranquilo frequentado por mochileiros em busca de aventuras. Com a descoberta do “paraíso”, hoje é um dos lugares mais badalados e descolados do Nordeste brasileiro. Para garantir o conforto dos turistas surgiram pousadas charmosas, restaurantes com gastronomia refinada, lojas elegantes e uma agitada vida noturna.

A pequena vila com praias e paisagens de tirar o fôlego está situada em uma ilha e o acesso é feito apenas através de barcos ou avião. Nela, carros são proibidos de circular e caminhar é a principal forma de deslocamentos.

Foto por Jotafreitas/ Turismo Bahia

Morro de São Paulo está na Ilha de Tinharé, município de Cairu, região conhecida como Costa do Dendê, e possui suas raízes históricas no Brasil Colônia. Em 1531, Martim Afonso de Sousa, ao desembarcar batizou a ilha de Tynharéa. Com o tempo e com o sotaque baiano se transformou em Tinharé. Sua localização privilegiada fez com que fosse cenário de diversos ataques de esquadras holandesas e francesas, além de zona frequentada por corsários e piratas durante o período colonial. Integra o arquipélago da Baía de Camamu, região também conhecida como Tabuleiro Valenciano. Morro de São Paulo surgiu em 1535.

Do período colonial brasileiro a vila preserva alguns monumentos históricos. Entre eles a Fonte Grande, construída em 1746 para que a população e as tropas tivessem fornecimento de água; a Igreja Nossa Senhora da Luz – nome da padroeira de Morro de São Paulo –, construída em estilo barroco entre os anos de 1628 e 1845, guarda imagens sacras e decoração com artefatos em ouro e prata; o antigo sobrado em frente à Praça Aureliano Lima – chamado de O Casarão -, que abrigou Dom Pedro II em 1859 durante visita à ilha; e o Farol erguido entre 1848 e 1855 para facilitar o acesso à cidade de Valença e que foi considerado o mais moderno de sua época no litoral brasileiro.

PRIMEIRA, SEGUNDA, TERCEIRA, QUARTA…

Foto por Alex Oliveira/ SETUR

Passados 480 anos, muita coisa mudou, menos a beleza e a tranquilidade do lugar. Hoje quem ameaça invadir a ilha são os turistas que ano a ano chegam em número cada vez maior. E quem visita não se arrepende. Entre os atrativos estão as praias, ilhas vizinhas, trilhas ecológicas, roteiros históricos e a agitação noturna.

O roteiro das praias começa pela Primeira Praia. Sim, é isso mesmo. Lá existem quatro praias designadas dessa maneira. Nela estão as primeiras casas de veranistas da região, sendo que a maioria delas se transformaram em pousadas, lojas ou restaurantes. As antigas barracas de praia como conhecemos foram substituídas por quiosques sofisticados com comida internacional e música de qualidade. A diversão fica por conta do banana boat, surfe, mergulho e tirolesa que desce do alto do farol.

A praia mais famosa da ilha é a Segunda Praia. Principalmente entre os jovens, já que é lá que acontecem as festas noturnas que só terminam quem o sol desponta. É também a mais agitada durante o dia com muita gente se reunindo nas barracas de comidas e bebidas ou chega de barco tem um deck à disposição. Já quem vai caminhando tem que descer uma escadaria que é também um mirante. Pare e olhe para o mar cristalino e azul que envolve a ilha. Vale muitas fotos, acredite! 

Um dos pontos preferidos pelos praticantes de mergulho, a Terceira Praia é famosa também pela Ilha do Caitá, uma ilhota rodeada por uma grande barreira de corais e um único coqueiro no centro. Lembra aquelas charges de náufragos. Quem nunca praticou mergulho mas tem vontade, pode aproveitar o passeio e procurar uma das escolas que existem por lá. Depois das aulas é só alugar o equipamento e programar uma saída de barco para apreciar os cardumes de peixes e corais de todas as formas e cores. A praia também concentra bons hotéis e pousadas.

Já na Quarta Praia bastará uma máscara de snorkel para apreciar as belezas marinhas nas inúmeras piscinas naturais formadas por uma barreira de corais. É uma praia tranquila e sem agitação. Ideal para quem procura tranquilidade para ler e descansar. Quem não resistir à tentação de sair caminhando em busca de novas belezas irá encontrar um pequeno vilarejo de nome Zimbo, o povoado da Gamboa e, mais adiante, o Morro da Mangaba. 

Depois das praias numeradas, os visitantes que seguirem caminhando encontrarão a Praia do Encanto. Para chegar até essa quinta praia é preciso atravessar um manguezal e cruzar um pequeno riacho. O esforço vale à pena.

Adiante está a ilha vizinha de Boipeba – separada de Tinharé pelo Rio do Inferno – e, no caminho, o vilarejo de Garapuá. Essa pequena vila de pescadores possui uma enseada deslumbrante com águas calmas e cristalinas. Em Boipeba estão as paradisíacas praias de Cueira, Moreré, Bainema e Ponta de Castelhanos. Se estiver em busca de isolamento há algumas pousadas bem simples. Lanchas e tratores partem diariamente de Morro de São Paulo para passeios organizados por agências locais.

A praia Ponta da Pedra com águas calmas, cristalinas e cercadas por pedras é a porta de entrada para o povoado da Gamboa. Vá preparado porque lá não existe nenhuma barraca de praia, apenas o Iate Clube. A partir dela chegase ao povoado após caminhada de aproximadamente 20 minutos. Nem de longe lembra a esfuziante Morro de São Paulo. Porém, tem boa infraestrutura e boas pousadas e restaurantes que servem uma deliciosa comida regional. A Praia da Gamboa é conhecida pelos banhos naturais de argila.

Foto por Tatiana Azeviche / SETUR

A última praia é a do Forte, que só aparece durante os períodos de maré baixa. O resultado é uma linda faixa de areia bem próxima das piscinas naturais. O acesso à ela se dá através de antigas ruínas de um forte.

Onde ficar

A ilha dispõe de boa oferta de meios de hospedagem com hotéis, pousadas e casas de temporada. Há, também, um resort, o Patachocas Beach Resort (patachocas.com.br). Situado em uma antiga fazenda de cocos na Quarta Praia, possui excelente infraestrutura em meio à natureza e de frente para o mar.

O que comer

Morro de São Paulo tem bons restaurantes que servem desde a típica comida regional até pratos da cozinha internacional. E por estar na Costa do Dendê, pratos preparados com esse exótico óleo estão entre as melhores pedidas: Moqueca de Peixe, de Camarão, de Polvo, Bobó de Camarão, Acarajé, Casquinha de Siri e outras iguarias, além de frutos do mar – lagosta, ostras, siri, caranguejo etc. Há, também, restaurantes que servem pizzas, massas e carnes.

Texto por: Tino Simões

Foto destaque por Jotafreitas/ Turismo Bahia

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