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Mato Grosso: da Chapada dos Guimarães ao Pantanal

Destino de clima quente e calor humano, o Mato Grosso tem destinos naturais diversos, entre alguns dos biomas mais ricos do Brasil. Dois dos seus mais famosos cenários podem ser acessados em curtos trajetos de carro a partir da capital do estado, Cuiabá: dos impressionantes paredões da Chapada dos Guimarães à biodiversidade do Pantanal Norte.

Foto por Patrícia Chemin

Terceiro maior estado do Brasil – com uma área maior do que as de muitos países –, o Mato Grosso guarda uma grande variedade de paisagens e destinos. Geralmente lembrado pelo agronegócio, tem boa parte de seu território ainda preservado. Além disso, é marcado pelo encontro de três biomas bem brasileiros – Amazônia, Cerrado e Pantanal –, que, com a região do Araguaia, formam roteiros repletos de natureza e cultura autêntica.

Foto por Patrícia Chemin

Apesar das grandes dimensões, é possível juntar em uma mesma viagem pelo Mato Grosso pelo menos dois biomas diferentes. E alguns destinos turísticos são de fácil acesso a partir de Cuiabá. É o caso da Chapada dos Guimarães (cuja porta de entrada fica a pouco mais de 50 km ao nordeste da capital do estado) e do Pantanal (a cidade de Poconé, por exemplo, está a 100 km ao sudoeste de Cuiabá). A seguir, descubra mais sobre esses dois importantes destinos mato-grossenses.

CHAPADA DOS GUIMARÃES

Situado entre os municípios de Chapada dos Guimarães e Cuiabá (que servem de base para os visitantes), o Parque Nacional da Chapada dos Guimarães foi criado para proteger a beleza cênica local, além das cabeceiras dos rios que formam o Pantanal. Saindo de Cuiabá, já na estrada se descortinam aos poucos os imensos paredões de arenito avermelhados em meio à vegetação tão característicos desse destino, marcando de forma imponente a borda do Planalto Central.

Foto por Flavio André-MTur

Trilhas em áreas de Cerrado, banhos de cachoeira, sítios arqueológicos e mirantes naturais para contemplação são alguns dos principais atrativos do parque. A entrada é gratuita, porém alguns pontos só podem ser visitados mediante agendamento com o ICMBio e acompanhamento de um guia autorizado. E dá para chegar perto de muitos atrativos de carro.

Véu de Noiva

Foto por Flavio André-MTur

Grande cartão-postal da Chapada dos Guimarães, a Cachoeira do Véu de Noiva tem uma queda d’água de mais de 70 metros, formada pelo rio Coxipozinho. Ao longo dos anos, o rio foi aos poucos esculpindo um cânion, o que resultou em uma paisagem arrebatadora. Os enormes paredões de arenito em formato de ferradura, onde araras vermelhas e outras aves fazem seus ninhos, são abraçados por uma abundante vegetação.

Foto por Patrícia Chemin

Por segurança, não é permitido chegar à base da cachoeira. O que não é um problema, já que a melhor vista para o Véu de Noiva é do mirante homônimo no alto do cânion, acessado através de uma trilha de cerca de 600 metros a partir do estacionamento do atrativo. Ali perto fica a sede administrativa do parque nacional, que serve de ponto de apoio, e também sua entrada principal (Rodovia MT-251, km 50).

Foto por Patrícia Chemin

Outras trilhas começam nesta mesma área. Uma delas leva à Cachoeira dos Namorados e à Cachoeirinha, ambas liberadas para banho, com piscinas naturais. Já o chamado Circuito das Cachoeiras tem uma sequência de várias quedas d’água, entre elas a das Andorinhas, ao longo de uma trilha mais extensa.

Foto por Flavio André-MTur

Salgadeira

Na mesma estrada que leva ao parque nacional, o complexo da Salgadeira é um atrativo turístico muito tradicional na região, com vista privilegiada para os paredões da Chapada. Desde o começo do ano, está sob gestão do Sesc-MT, que trabalha em uma série de melhorias estruturais no local e no desenvolvimento de novos projetos turísticos e ambientais.

Foto por Patrícia Chemin

Além de visitas mediadas, oferece três áreas de banho em águas cristalinas nos riachos e na cachoeira que dá nome ao complexo, um mirante e a passarela elevada que leva à queda d’água.

Morros, lagoas e mirantes

Um dos pontos mais altos da Chapada dos Guimarães, o Morro de São Jerônimo tem mais de 800 metros de altitude. Proporciona vistas deslumbrantes, porém é um passeio mais desafiador, já que demanda uma caminhada longa, de cinco a seis horas de duração entre subidas e descidas.

Foto por Flavio André-MTur

Outros mirantes ao longo da Chapada, no entanto, são acessíveis de carro ou através de trilhas curtas. É o caso da Cidade de Pedra, onde há um agrupamento de formações rochosas esculpidas pelo vento, junto aos paredões da Chapada, lembrando ruínas de uma cidade perdida. Do topo, é possível contemplar também as veredas do rio Claro e bandos de araras-vermelhas.

Foto por Flavio André-MTur

O destino tem ainda como atrativos a Lagoa Azul (dentro de uma gruta, suas águas ganham um lindo tom turquesa com a incidência dos raios solares), o Lago do Manso (para quem curte esportes náuticos) e a Casa de Pedra (uma das cavernas mais famosas da Chapada), além de outras diversas cachoeiras.

Centro de Chapada dos Guimarães

Foto por Patrícia Chemin

Chapada dos Guimarães também é o nome de uma cidade que abriga o parque nacional e possui pouco menos de 20 mil habitantes. Situado acima dos paredões, o centro é pequeno, porém muito charmoso, e facilmente acessado a partir de Cuiabá. Tanto que recebe visitantes da capital de forma recorrente, principalmente aos finais de semana, sendo uma ótima opção para quem quer tranquilidade e fugir do calor – apesar da proximidade, Chapada dos Guimarães costuma ter um clima bem mais ameno do que Cuiabá.

Foto por Patrícia Chemin

O entorno da praça Dom Wunibaldo, onde está a Igreja de Santana do Sacramento, concentra o comércio local, formado por simpáticas lojas de artesanato, cafés e padarias. Vale passear por ali ao fim da tarde e à noite.

Foto por Patrícia Chemin

Chapada dos Guimarães também tem uma boa oferta hoteleira e gastronômica. Um exemplo é o Atmã Restaurante e Pousada. Além de contar com um mirante com vista panorâmica – em dias de céu limpo, é possível avistar Cuiabá –, o restaurante tem um salão todo cercado por janelas de vidro do chão ao teto. Com pratos elaborados pela chef Adriana Costa, o cardápio é bem variado, combinando ingredientes locais com a gastronomia francesa. E a pousada da mesma propriedade preza pela tranquilidade e pelo conforto, com suítes personalizadas.

Foto por Patrícia Chemin

Também na borda superior da Chapada, o Morro dos Ventos é um restaurante e mirante dentro de um condomínio, porém aberto a visitantes, com ambientes bem abertos e jardins. Conta com vistas deslumbrantes por todos os lados, especialmente da plataforma elevada, onde você pode avistar os paredões da Chapada dos Guimarães. Seu restaurante é especializado na culinária típica mato-grossense.

PANTANAL NORTE

O Pantanal é a maior planície alagável do mundo, com mais de 200 mil km². E é ao visitar esse bioma que você passa a ter a verdadeira noção de sua magnitude. Um ambiente complexo, dinâmico, de grande biodiversidade e de um equilíbrio delicado de extremos, capaz de se transformar ao longo dos períodos de cheia, vazante, seca e enchente, de acordo com a vontade das águas.

Foto por Flavio Andre-MTur

No Mato Grosso, o Pantanal cobre boa parte do sudoeste do estado, em cidades como Cáceres, Barão de Melgaço e Poconé, até a fronteira com a Bolívia e a divisa com o Mato Grosso do Sul. O Pantanal também é mais acessível do que se imagina. Poconé, nosso destino nesta viagem, fica a cerca de 100 km de Cuiabá.

Nossa Senhora do Livramento

Ao seguir pela Rodovia MT-060, no caminho para o Pantanal de Poconé, vale visitar a pequena cidade de Nossa Senhora do Livramento, um polo turístico em desenvolvimento, com atrativos autênticos que combinam manifestações culturais e gastronomia.

Foto por Patrícia Chemin

No tranquilo centro urbano, perto da Igreja Matriz (uma das mais antigas do Mato Grosso), está o Centro de Comercialização É de Livramento, onde é possível conhecer, degustar e adquirir produtos locais da agricultura familiar. Chips de banana, rapaduras (que são mais macias, lembrando um doce de leite de corte), furrundu (doce de mamão verde e especiarias), biscoitos, doces de banana, mel, cachaças e licores de frutas nativas são apenas algumas das delícias encontradas ali.

Foto por Patrícia Chemin

Nossa Senhora do Livramento tem ainda outras rotas turísticas em operação, estruturadas com apoio do Sebrae-MT e focadas na produção local de doces e queijos premiados e no afroturismo.

Comunidade Quilombola de Mata Cavalo

Na zona rural de Nossa Senhora do Livramento, o Quilombo de Mata Cavalo, formado por grupos remanescentes de descendentes de africanos escravizados, é uma comunidade que luta pela conservação de suas terras e tradições – e tem atingido esse objetivo também por meio do turismo. Visitar o Mata Cavalo é embarcar em uma viagem espiritual, carnal e cultural em um local marcado pela ancestralidade. É uma daquelas experiências transformadoras, que ficam na memória.

Foto por Patrícia Chemin

Na Casa da Cultura, que funciona como centro de recepção ao turista, você é convidado a mergulhar nessa riqueza cultural, primeiramente em apresentações de grupos de dança afro-brasileira (incluindo o tradicional siriri) formados por jovens, que mantêm viva a memória de seus ancestrais.

Logo você vai perceber que este é um quilombo de força feminina. São as mulheres que comandam e fazem tudo acontecer. Também são elas que expõem os produtos de fabricação própria, como ervas para chás medicinais, doces, geleias, itens à base de babaçu, chips de banana, licores e outros alimentos feitos com plantas cultivadas em suas próprias terras, além de artesanatos, das biojoias afro da Lu às bonecas de pano de Dona Maria Auxiliadora.

Foto por Patrícia Chemin

Outras experiências integram o roteiro na comunidade quilombola, como visita ao centro de Umbanda Reino de Xangô, almoço no quintal da Josefina, com destaque para a agroindústria da banana da terra e apresentação de tranças e turbantes, e pintura corporal africana com a Carina, talentosa artista que transforma as trajetórias de vida de cada pessoa em desenhos únicos marcados na pele. Cada expressão é uma forma de resistência – divulgar a própria cultura para que ela seja então respeitada.

Poconé e a Transpantaneira

Foto por Patrícia Chemin

A mesma MT-060 leva até Poconé, a porta de entrada para o Pantanal e a icônica Transpantaneira, ambicioso projeto da década de 1970. Aos poucos, o asfalto fica para trás e dá lugar a uma estrada de terra batida que cruza o Pantanal até Porto Jofre, localidade já na divisa com o Mato Grosso do Sul. O Portal da Transpantaneira, a 20 minutos do centro de Poconé, já avisa: “aqui começa o Pantanal do Mato Grosso”.

Foto por Patrícia Chemin

Ao percorrer essa estrada parque, você pode encontrar belezas naturais por todos os lados. Além da vegetação preservada ao redor, um olhar mais atento sobre um campo alagado, por exemplo, revela jacarés junto às margens. Um tuiuiú, a ave-símbolo do Pantanal, surge de repente em um voo rasante, uma ema passa correndo do lado do seu carro ou você vê a pegada de uma jaguatirica marcada no chão de terra.

Foto por Flavio Andre-MTur

Em seus 150 km de extensão, a Transpantaneira atravessa mais de 120 pontes de madeira, que costumam ser ótimos pontos para observar de perto a fauna e a flora locais. Ao longo da estrada estão também várias fazendas e pousadas pantaneiras para hospedagem e passeios na região.

Aymara Lodge

Foto por Patrícia Chemin

Junto à Transpantaneira, o Aymara Lodge oferece hospedagem em total imersão na natureza. Cercado pela vegetação do Pantanal, este parece um mundo à parte, de pura tranquilidade. Nem é preciso sair da pousada para ver de perto a vida selvagem. Seja uma arara-canindé que sempre vem dar bom dia aos hóspedes, ou então um jacaré, já bem conhecido do local, que aparece na margem do riacho, além de outras tantas aves, macacos, cachorros do mato e mais.

Foto por Patrícia Chemin

No Aymara Lodge, você tem uma autêntica experiência na natureza, mas sem abrir mão do conforto. Com estilo rústico e detalhes em madeira ipê, característica da região, os quartos têm varanda térrea com rede, ar-condicionado e banheiro privativo. Os hóspedes podem aproveitar ainda piscina, bar e restaurante, cujo cardápio valoriza os peixes, as carnes e as receitas da região, com todo o aconchego da boa comida caseira. As diárias são no regime de pensão completa, com café da manhã, almoço, café da tarde e jantar inclusos.

Foto por Patrícia Chemin

Há diversos passeios disponíveis, entre aqueles mais tradicionais do Pantanal. A começar pelo safári fotográfico na Transpantaneira, geralmente ao nascer do sol ou ao fim de tarde, quando existe maior probabilidade de avistar os animais, além da focagem noturna. Outras opções são o passeio de canoa ou de barco pelo rio e trilhas pela mata para observação de aves.

Foto por Patrícia Chemin

SERVIÇOS

Como chegar

A partir de Cuiabá, o acesso à Chapada dos Guimarães é feito em 50 km pela Rodovia MT-251, que corta o parque nacional em grande extensão. Para chegar a Poconé, a 100 km de Cuiabá, siga pela MT-060.

Onde ficar

Paiaguás Palace Hotel

Malai Manso Resort

Aymara Lodge

Onde comer

Primus Peixaria

Atmã Restaurante

Morro dos Ventos Restaurante Mirante

Passeios

Confiança Viagens e Turismo

Parque Nacional da Chapada dos Guimarães

Salgadeira

Agência Receptiva Elly é de Livramento

Comunidade Quilombola de Mata Cavalo

Mais informações em: descubramatogrosso.com.brturistando.mt.sebrae.com.br

Texto por: Patrícia Chemin. A jornalista viajou a convite do Sebrae-MT para a FIT Pantanal 2024, com apoio da Fecomércio-MT, da Secretaria Adjunta de Turismo-MT e da Secretaria de Estado de Desenvolvimento Econômico-MT.

Foto destaque por: Patrícia Chemin

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