Águas verdes cristalinas, uma quantidade surreal de animais marinhos e a possibilidade de acordar ao lado de um naufrágio são alguns dos diferenciais dessa viagem! Quer saber quantos mergulhos você pode fazer em dois dias embarcado? Vem comigo!
Caso você não saiba do que eu estou falando, liveaboards são embarcações próprias para que mergulhadores fiquem hospedados no mar e realizem diversos mergulhos durante dias. Como você vai ver agora, eu vivi esta experiência pela primeira vez, e já me apaixonei, especialmente por morar no Rio de Janeiro e poder conhecer ainda mais o litoral do meu Estado! Além deste, há apenas outros dois no Brasil, sendo um em Noronha e outro em Abrolhos, então dá sim pra dizer que é raridade na costa brasileira!
Depois de passear pelo centro histórico de Paraty durante a tarde, comi uma pizza deliciosa, bem italiana mesmo, no restaurante Punto Divino, perto da praça onde têm vários bares. Inclusive, ali perto, foi no Coupê onde comi no almoço as melhores iscas de peixe da vida! Vários petiscos incríveis no cardápio são de encher a boca, mas as iscas e o croquete de costela ganharam meu coração! E o estômago, claro! Saí correndo da pizzaria pois um táxi ia me pegar no hotel às 22h, então aproveitei para tomar um banho (não fazia ideia de como seria isso no barco) e arrumar minha mala!
A Embarcação
O Enterprise, da Atlantis Divers, fica na Marina do Engenho, uma das várias marinas de Paraty que eu nem sabia da existência! Apesar de ter passado boa parte da infância indo para a cidade nas férias escolares, só conhecia o cais principal, de onde saem as escunas dos passeios. Enfim, cheguei ao catamarã por volta das 22h30 e logo fui recebido pela tripulação, que veio pegar as bagagens e me dar algumas orientações.
Ao todo são 10 cabines distribuídas no primeiro andar da embarcação, que conta com três andares. Cada cabine acomoda três pessoas, sendo uma cama de casal embaixo e uma de solteiro em cima, mas no caso de o barco sacudir eu não ia curtir muito ficar no beliche… #ficaadica Todos os quartos são suítes e o banheiro tem água quente, mas vale lembrar que todo o consumo de água deve ser bem controlado, uma vez que o tanque cheio do barco deve durar as três noites, e não tem refil no meio do mar. Uma informação MUITO importante! A descarga é liberada porque é de água salgada, beleza? Além disso, boa notícia para os calorentos como eu: tem ar-condicionado em todos os quartos e chega a ficar bem frio se deixar no máximo! No segundo andar fica o refeitório, onde além das refeições ficam à disposição refrigerantes, sucos, frutas e paçoca o tempo todo, e, no terceiro, o solarium, onde podemos apreciar a vista. Outra dica quanto ao solarium é: evite ficar por lá se o mar estiver batendo e a navegação estiver difícil, pois balança bastante nessa situação!
Como imaginava, e também tinha pesquisado sobre experiências em liveaboards na internet, me preparei para ter mais peças de banho e não mais que três peças de roupa para os momentos secos, além de uma mochila separada só para os equipamentos fotográficos. Tentei economizar espaço ao máximo, pois não sabia o que esperar sobre o quarto onde eu ficaria. Ah! Uma dica que já deixo aqui: um poncho de surf foi meu grande aliado nessa viagem! Assim, depois de cada mergulho eu tomava uma ducha de água doce pra tirar o sal e já o vestia.
Os Mergulhos
Saímos de Paraty por volta das 4h30 da manhã rumo à Ilha Grande, onde começaríamos o dia de mergulhos, chegando por lá às 7h30. Por volta das 5h30, quando subi pro solarium para ver o nascer do sol, querendo muito fazer um time-lapse, as ondas aumentaram e o barco começou a bater bastante. Voltei correndo (literalmente) para o meu quarto para tentar dormir, mas senti falta do sinto de segurança… Depois de um cochilo, amanheci no primeiro ponto da Ilha, a Praia dos Meros, onde recebemos um briefing (pequena aula sobre o ponto de mergulho) logo depois do café da manhã, que estava super adequado ao “novo normal”! Quanto a isso, vale dizer que toda a tripulação estava o tempo todo de máscara e seguindo todos os padrões de segurança!
Logo após o briefing, descemos para o deck de mergulho para nos equiparmos. Eu, como estava mergulhando em apneia, só precisei de máscara, snorkel e nadadeiras, enquanto todos os outros se equipavam com colete, regulador e outros ítens do mergulho scuba. A água estava incrivelmente clara e, além dos tradicionais sargentinhos (aquele peixinho listrado que aparece sempre), a vida marinha estava bem ativa! Vimos raias, tartarugas e muitos peixes, foi lindo demais!
Os dias são super cheios, com horas intercaladas de mergulhos e refeições! No próprio sábado almoçamos, demos uma descansada e, logo depois do mergulho vespertino, quando vimos a luz do céu se apagar aos poucos, seguimos pro mergulho noturno. Foi minha primeira vez na água à noite, com lanterna e câmera na mão, observando como os peixes se comportam de forma diferente, e foi inesquecível!
Resumindo
Vale lembrar que não existe roteiro predefinido e são as condições de navegação que vão decidir onde a embarcação vai poder atracar. Durante o fim de semana fizemos os seguintes pontos:
Praia dos Meros
Ponta da Pissirica
Ponta do Longa Naufrágio
Pinguino Ponta do Longa – onde encontrei um cavalo-marinho
Praia Vermelha – onde se encontra naufragado o vapor Califórnia, de história super interessante!
Em termos de vida marinha, para listar alguns animais, vi ao longo dos mergulhos garoupas, miriquitis, tartarugas, cavalos-marinhos, raias e muitas espécies de peixes! A cena mais linda, pra mim, foi ver uma tartaruga se alimentando tranquilamente ao lado dos mergulhadores!
No entanto, depois de dois dias inteiros convivendo com mergulhadores até então desconhecidos, a maior lição que tirei veio de um novo amigo que o oceano me trouxe:
“O mergulho e a comida são meras desculpas para termos boas conversas e conhecermos novos amigos!”.
Texto e fotos por: Victor Bezerra