Na Holanda, Amsterdã – uma das cidades mais lindas e vibrantes da Europa – se mistura no cenário com pacatos vilarejos cercados de campos de flores e verde. A poucas horas de trem dali, na pequena Bruges, o cheiro doce do chocolate toma conta das ruas, onde prédios medievais e realejos levam o viajante para outra época, em mais uma cidade que – embora pequena em tamanho – é grandiosa em exuberância. Bruges e Amsterdã são duas das nossas cidades preferidas na Europa, e tenho certeza que serão as suas também. Tome seu tempo e vá com calma, é minha primeira dica. As outras, dou a seguir, em um roteiro de 7 dias.
Amsterdã
DIA 1
Tão linda quanto democrática, Amsterdã é conhecida pelos seus coffeshops e pelo bairro da Luz Vermelha, mas entre seus canais há uma infinidade de atrações e atividades diferentes.
A cidade tem ótimas padarias, famosas por produzir pães artesanais com recheios de caldas doces e queijos holandeses, e tomar o café da manhã em uma delas pode ser um ponto de partida para começar o seu dia. Dependendo de onde você estiver, sugiro a Vlaamsch Broodhuys (não deixe de experimentar a pasta de chocolate e a geleia de uva, são incríveis) e a Le Fournil de Sébastien (com sotaque francês).
Depois, vá explorar os museus: o Van Gogh guarda uma coleção única do artista que dá nome ao espaço, e ainda um acervo de Gauguin. A cinco minutos de caminhada dele, está o Rijksmuseum, com obras da época de ouro holandesa, entre outras.
Então, seu caminho natural será o Vondelpark onde uma turma de turistas se junta aos locais num retrato fiel ao que Amsterdã representa: multiplicidade. O parque vibra com gente jogada em toalhas pelos gramados, punks, hippies, hispters e famílias fazendo picnic, ouvindo música e outras quimeras, e – no verão – curtindo uma piscina pop-up. Aqui, todos se misturam com sintonia.
Depois, é hora de explorar ares mais urbanos. A extensão do Vondelpark é a Leidsetraat, uma rua cheia de lojas internacionais e onde também está uma das filiais do cofeeshop Bulldog. Seguindo por ela até o final, você vai chegar no Singel, um dos principais canais do centro. É só atravessá-lo para entrar numa parte que eu amo, em um labirinto de ruas e pequenos canais com belas joias arquitetônicas e bares animados. Vá bater perna com toda calma do mundo pela Spuistraat e Spui, e não deixe de adentrar no Begijnhof, antiga morada das irmãs beguinarias.
Dia 2
Amsterdã, ao contrário de outras grandes capitais, é uma cidade descomplicada, facílima de ser explorada. E boa parte de sua graça está ao ar livre: nas ruas, canais, cafés com mesas do lado de fora. Por isso, alugue sua bike e vá circular.
Comece pela Central Station e siga para o Jordaan, um bairro mais sossegado, cheios de ateliês locais, cafeterias e galerias de arte. Coma a melhor torta de maça da cidade no Winkel 43 e depois rume para rua Tweede Angeliersdwarsstraat, um endereço vibrante no Jordaan. Daí, é se perder pelas vielas.
Depois, vá para a Dam Square – uma praça linda e centro nervoso da cidade – e ruma na sequência para as chamadas 9 Streets, onde reina a cena cool. Aqui você vai achar de lojas retrôs e brechós a lojas de designers moderninhos e cafés com assinatura muito local.
Sugiro almoçar por lá, no Pluk, que serve uma comidinha moderna e informal num ambiente lindo. Mas deixe a sobremesa para a Hans Egstorf Bakery. É lá que você vai achar o melhor stroopwaffle do pedaço, feito pelo Hans, padeiro desde 13 anos (!) e que mantém com muito amor essa padaria há 30 anos (!!) nas 9 Streets.
E então, é hora de explorar os canais! Amsterdã tem 165 canais e 1281 pontes, e se você sempre namorou as fotos que mostravam a cidade e seus canais, aqui vai um roteiro matador para ver ao vivo e a cores esses locais:
Os canais mais lindos são: Herengracht (amo ele em todos os pontos, mas principalmente perto das 9 Streets e quando vai chegando pro festivo lado da Centraal Station), Prinsengracht, Keizergracht e Singel. Eles formam o famoso cinturão de canais de Amsterdam.
A Curva Dourada: no Herengracht, entre Leidsestraat e Vijzelstraat (marque o local no mapa como Herengracth 536) fica um dos mais conhecidos e fotografados conjunto de casas da capital holandesa.
Por fim, para jantar em alto estilo, vá ao Bord’eau, um restaurante com duas estrelas no Michelin, e uma experiência gastronômica.
Dia 3
O Red Light é o bairro onde se concentram os coffee shops, lojas com produtos feitos à base de marijuana e o comércio do sexo com prostitutas em vitrines. Lendo assim, parece que você vai entrar no submundo.
Mas não, o Red Light District também é um dos bairros mais antigos de Amsterdã, e guarda um dos conjuntos arquitetônicos mais lindos da cidade. E é um lugar onde, tranquilamente, passeamos com a Juju em todas as vezes que fomos para o destino (com 4, 12 e 15 anos).
Isso porque, além de cabines eróticas, há lojas, cafés, sorveterias, lanchonetes em barcos ancorados e uma turma de gente andando de um lado pro outro. Sem falar nos prédios históricos, como gótico Oudekerk. Se quiser nossa opinião, a gente adora essa parte!
E uma informação legal: as meninas aqui não têm cafetões e nem chefes (cafetinagem é proibido em Amsterdã). Elas trabalham por conta própria, e ficam nas vitrines porque é proibido se prostituir na rua. Além disso, elas têm assistência do governo em saúde e assistência social.
Tendo conhecido o Red Light, e experimentando a cidade a pé e de bike, agora é hora navegar.
Assim como Veneza, Amsterdã também possui um labirinto de canais, e é aqui onde talvez você consiga se deparar com o estilo de vida mais original da cidade: moradores em seus barcos munidos de música e prosecco, e se aglomerando bares decorados com artigos de segunda mão.
De forma que passear de barco pelos canais também é o maior barato, mas recomendo que – em vez dos tours turísticos – você alugue sua própria embarcação. Não se acanhe caso não tenha experiência: não é preciso licença para navegar, e tendo internet 3G (a gente usa sempre o chip da Easysim4u) no celular você não se perderá pelo anel de canais. O nosso barco cabia até 6 pessoas, e alugamos o nosso barco com o Canal Motor Boat.
E se quiser fechar o dia com algo bem diferente, se ligue no norte de Amsterdã, equivalente a Williamsburg no Brooklyn. O lugar hispsterizou, e na beira do canal por lá tem vários cafés e bares diferentões. Dois imperdíveis são o The Noorderlicht Café e o Pllek, esse último feito de containers, com varanda de areia, sofás e – no verão – sessão ao ar livre de cinema.
Dia 4
Se Volendam e Marken são nomes conhecidos nos folhetos das agências que vendem passeios pela chamada Waterland Region, Monnickedan é um antigo vilarejo de pescadores, parado no tempo, ainda inexplorado pelo turismo e que não pode ficar fora do seu roteiro.
O jeito mais lindo de chegar lá é pedalando a partir de Amsterdã, passando pelos campos, e chegando em 1 hora. De lá, vale esticar – aí sim – até Volendam. Serão mais 30 de bike, num caminho plano, que dá pra seguir pelo Google Maps.
Caso você ache que isso é quase um Ironman, há uma forma mais fácil: basta pegar o ônibus para Volendam que sai da Central Station (o bilhete custa 10 euros, e vale para viagens ilimitadas no período de 24h) e alugar a bike em Volendam. De lá para Monnickedam são deliciosos fáceis 30 minutos de pedal.
Mais turística que Monnickedam, porém bem pitoresca ainda, Volendam é uma vila de pescador, com prédios datados do século XVII, um lago e casinhas. Aqui, vale conhecer também a marina e o museu de queijos, com direito a degustação.
Esse passeio pode ser feito em 1 dia e, se for primavera, com certeza ele será colorido por campos de tulipa ao longo do percurso. Porém recomendo que, caso tenha mais tempo, se estenda alguns dias por aqui.
Além de Marken, Volendam e Monnickedam, há dezenas de outras microcidades entreligadas por verdes campos para pedaladas e paisagens inesquecíveis, e que merecem seu tempo de viagem.
Bruges
Dia 5
Tem muita gente que faz Bruges num bate e volta de um dia porque a cidade é pequenininha e dá pra visitar em uma manhã e uma tarde. Mas isso é para quem quer apenas ver a cidade, em vez de vivê-la.
Bruges é uma cidade-monumento cortada por canais, pontilhada por belíssimos exemplares de arquitetura gótica, e com uma atmosfera muito especial. É alegre, linda, romântica, tem mesmo cheiro de chocolate pelas ruas e, explorando bem a cidade, você vai descobrir uma infinidade de lojinhas diferentonas, ruelas, jardins e bons lugares para comer.
Então, reserve um tempo e curta com calma, porque a cidade é linda de morrer! Nada de bate-volta!
A Markt, praça principal de Bruges, fica no centro da cidade é o ponto de partida do seu passeio de hoje. É aqui que estão alguns dos melhores chocolatiers do planeta: Godiva, Neuhaus, Dumon e Leonidas, então aproveite para cair dentro de um bom chocolate.
Dos waffles – também na praça o outro clássico belga, recomendo o Chez Albert, e sem economia de calorias: caia dentro das coberturas de caramelo e de chocolate ao leite.
Ainda na Markt fica o Campanário de Belford, onde pagando 8 euros é possível subir na torre e ver a cidade toda. E o Historium, que tem uma exibição em realidade virtual da história de Bruges. É bem bacana para quem viaja com crianças.
Aí, prepare-se para uma sucessão de surpresas apaixonantes no caminho rumo ao outro lado de Bruges, onde ficam o Beguinage e o parque Minnewater. Descendo pela Steenastraat e MariaStraat, você vai encontrar o Saint John Hospital (do século XII), a Igreja de Nossa Senhora (século XII também) e praças vibrantes como a Walplein e a Wijngaardplein.
Termine seu circuito passando pela Ponte Bonifácio e tomando um chocolate quente em algum café da à beira do KozenhoedKaai
Gula extra: para fechar o dia com um jantar especial e estrelado no Michelin, recomendo o Christophe (e seus pratos frescos de camarão).
Dia 6
Assim como Amsterdã, fazer um passeio pelos canais de Bruges e se perder de bicicleta pelo seu labirinto de ruas são dois jeitos de curtir a cidade sob uma perspectiva diferente. E que recomendo muito.
No que se refere à magrela, a loja mais barata que achamos e com bikes novas e variadas (tandem dupla, tripla, com carrinho e o que mais você quiser) foi a Koffieboontje, do lado da Markt (locação por todo o dia: 15 euros).
Já o passeio de barco dura 30 minutos, custam 10 euros, e pode ser comprado na hora no quiosque que fica na Wollestraat.
E se quiser algumas dicas de lugares para sentar, fazer um lanche, comer um waffle ou uma batata frita, aqui vão: Vero Caffe para lanches rápidos, Godiva para um chocolate quente inesquecível, The Gulliver Tree para um chá aconchegante, e o 2 Beer para escolher entre mais de 300 rótulos de cerveja, boa parte artesanais.
Ghent
Dia 7
Ghent fica a 30-45 minutos de trem de Bruges. É uma cidade belíssima, a vale a pena conhecer num bate-volta.
Por lá, explore a Veldstraat, principal rua comercial da cidade, a Catedral de São Bavo, a Sint Veerplein, e os canais. É deles, inclusive, onde fica a St. Michels Brigde, que se tem uma das vistas mais lindas.
Em tempo: para escolher uma cidade de base, entre Bruges, Bruxelas e Ghent, nós ficamos com Bruges sem pestanejar!
Quem leva
Nós fomos para Holanda de KLM, que tem voos diretos do Brasil para Amsterdã, e é uma das melhores companhias europeias na nossa opinião. De Amsterdã para Bruges, fomos de trem, numa viagem com duração de 3 horas.
Onde se hospedar
AMSTERDÃ
Fizemos uma troca de casas pelo Home Exchange, e nos hospedamos no apartamento de uma família local no centro da cidade, em um prédio histórico.
BRUGES
Recomendo o THE PAND, a dois passos da Markt.
Texto e fotos por: @jujunatrip
Foto destaque por Istock/ dennisvdw