No ano de 2014 o Ministério do Turismo lançou informações referente ao Turismo Religioso no Brasil e seu crescimento, com dados referente a um total de 17,7 milhões de turistas por ano e um impacto econômico de 15 bilhões de reais. O que deixou com uma dúvida referente aos cálculos foi que o Mtur informou que o país tinha 344 destinos com potencial para o Turismo Religioso, com 96 atrações voltadas ao Turismo Religioso. Com isto busquei junto com o jornalista Amadeu Castanho, da Revista Eletrônica Viagens de Fé, realizar uma pesquisa mais aprofundada, partindo a princípio de 04 principais destinos do TR no Brasil, incluindo o NE.
Naquele mesmo ano Aparecida atingia um público de 12.225.608 pessoas ano. O Santuário de Santa Paulina em Nova Trento/SC, recebia 840.000 turistas/peregrinos; Divino Pai Eterno em Trindade/GO, registrou um público de 2,8 milhões de pessoas apenas na Festa, naquele mesmo ano, e a cidade Juazeiro em 2014 atingia um público de 2,5 milhões de pessoas. Com estes quatro destinos o público estimado ultrapassa os dados informados pelo Mtur com um total de 18.865.608 turistas/peregrinos em visita a estes locais naquele no ano de 2014.
Iniciei com estes dados para informar como é preocupante a falta de informações precisas sobre o Turismo Religioso no Brasil. Ou existe uma diferença para mais ou para menos. Com isto há a necessidade de realizar uma pesquisa mais aprofundada dentro de cada destino e Espaços Sagrados que possuem o potencial para o Turismo Religioso. Como bem nos fala a Professora Dra. Marlene Huebes, é necessário para obter estes dados precisos trabalhar com a econometria do turismo, pois a metodologia do estudo já existe.
O Espaço Sagrado para o desenvolvimento do Turismo Religioso
Outro ponto importante dentro do Turismo Religioso é o Espaço Sagrado. Quando me refiro a Espaço Sagrado estou falando da estrutura física do santuário, da paróquia, do templo religioso e dos espaços sagrados referentes à estrutura física das demais religiões com o potencial para o Turismo Religioso.
Não podemos falar em Turismo Religioso, sem a criação de produtos e atrativos turísticos religiosos para que o turista e o peregrino possam ficar mais tempo em visita ao local. Temos este exemplo na Basílica de Nossa Senhora Conceição Aparecida em Aparecida/SP. O peregrino e o turista, ao chegarem no local, encontram uma variedade de atrativos e produtos para visitar: o museu de cera, a cúpula da Basílica, a sala das promessas, capela das velas, o bondinho, o mosaico da Bíblia (criando recentemente inspirado no Livro do Êxodo e assinado pelo padre Marko Ivan Rupnik, da Eslovênia), visita à imagem original de Nossa Senhora Aparecida, que se encontra na Basílica, Museu de Nossa Senhora Aparecida, Mirante de 360º da Torre de Aparecida, além das várias lojinhas onde podemos adquirir produtos religiosos. Existem outras áreas a serem visitadas na Basílica, que contribuem para a evangelização e o encontro pessoal do turista e peregrino com Deus e com a Devoção Mariana.
Conseguimos perceber esta mesma realidade no Santuário de Santa Paulina em Nova Trento/SC, onde são inúmeros os locais dentro da espaço a serem visitados: Oratório de Nossa Senhora do Bom Socorro, Cascata, Recanto do Anjo da Guarda, Casa das Graças, Ermida, Velário, Memorial da Casa Paterna e muitos outros pontos de visitação, como atrativos e produtos dentro da área do Santuário.
Além das visitas é necessário ter a presença do sacerdote, missas diárias com a programação para que o Turista e peregrino possa ter o conhecimento. E ter a presença de um condutor local onde possa apresentar a história do Espaço Sagrado aos turistas e peregrinos. Falando isto o Espaço Sagrado precisa estar aberto diariamente e pelo menos indicando o horário de acolhida.
Sem estes cuidados dificilmente é possível ter a consolidação do Turismo Religioso em um destino ou Espaço Sagrado.
O Turismo Religioso é um segmento do turismo que precisa de cuidado e atenção. É preciso ter um trabalho técnico profissional, fugindo do amadorismo para poder consolidar o TR nos destinos com potencial.
Vejo que hoje a maior preocupação não deve ser os números do Turismo Religioso, mas a preparação dos stakeholders (partes interessadas), principalmente no que se refere a religião para um melhor entendimento sobre o Turismo Religioso partindo do Espaço Sagrado. Com esta preparação e um bom ordenamento socioespacial dos Espaços Sagrados, fortalecendo a oferta turística e demanda turística, podemos pensar nos números. A oferta do TR no Brasil é enorme e surpreendente, mas falta ainda o cuidado com o Espaço Sagrado, como mencionei o Espaço em sua estrutura física ao qual chamamos no Turismo, o cuidado com a infraestrutura para acolher o turista e peregrino.
Texto por: Manoel Sidnésio
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