O campeonato de tênis de Wimbledon está de volta em 2021 e acontece até 11 de julho, neste final de semana. Tão fascinantes quanto os saques de cair o queixo, voleios e backhands vistos no gramado verde sagrado são as tradições, a herança e a história por trás do torneio de tênis mais antigo e prestigiado do mundo.
Um torneio muito vitoriano
O primeiro campeonato de tênis em quadra de grama foi realizado em 1877 no The All England Corquet Club, perto da Worple Road, em Wimbledon, sudoeste de Londres. O evento histórico foi um Grand Slam masculino jogado por 22 amadores. A final inédita foi assistida por cerca de 200 espectadores e o vencedor, o tenista local Spencer Gore, recebeu um prêmio em dinheiro de doze guinés (o equivalente a cerca de £ 790 em poder de compra hoje). As competições de simples feminino e duplas masculinas foram adicionadas à competição em 1884, com as duplas femininas e duplas mistas introduzidas em 1913. O crescimento foi tamanho que, em 1922, o campeonato mudou de endereço, indo para um local maior na Church Road, a mesma área do sudoeste de Londres onde permanece até hoje.
Faça chuva ou faça sol
As quadras de Wimbledon mudaram muito desde a troca de endereço. A última grande mudança aconteceu em 2009, ano em que a quadra central de Wimbledon deixou de sofrer atrasos provocados pela chuva graças a um teto retrátil. Capaz de cobrir a grama em apenas dez minutos, o teto foi acompanhado de outras melhorias como um sistema de ar-condicionado de última geração para aclimatação do estádio. A primeira partida completa disputada sob um teto fechado foi o confronto entre a lenda escocesa Andy Murray e o suíço Stanislas Wawrinka, no ano em que foi instalado.
Raízes nobres
Antes dos Grand Slams de Wimbledon ganharem fama, o tênis era predominantemente apreciado pela classe alta e pela realeza britânica. O exemplo mais antigo de quadra de tênis que sobreviveu na Inglaterra remonta ao século 16 e pode ser encontrado nos campos do histórico Hampton Court Palace. Jogo dos mais apreciados pelo rei Henrique VIII, o “tênis real” era um esporte apreciado também por alguns dos nobres mais importantes e pelas pessoas mais ricas do país desde aquela época.
O tênis em quadra de grama, que difere do “tênis real” e requer menos espaço, foi jogado pela primeira vez em 1873 pelo major Walter Wingfield. Criado como um jogo para ser apreciado ao ar livre, geralmente era jogado nos gramados das grandes mansões pertencentes à elite britânica.
Jogos modernos
Hoje, os jogos em Wimbledon atraem fãs de todo o mundo e são assistidos em mais de 200 países. Embora o torneio tenha 18 quadras de grama, boa parte dos holofotes, das pontuações e revezamentos mais emocionantes costuma se concentrar no Centre Court, a quadra central que fica em um estádio de 15 mil lugares e é considerada a quadra de tênis mais icônica do mundo. O calibre dos convidados que se acomodam nos assentos da Centre Court também é alto. Há inclusive um Royal Box, o camarote real, reservado exclusivamente para uso da família real e seus convidados.
Por que todos de branco?
Ao lado dos vestidos de grife e paletós de linho vistos regularmente nas arquibancadas, os trajes usados pelos competidores seguem uma regra simples: são todos brancos da cabeça aos pés. Essas regras estão em jogo em Wimbledon desde o início, remontando ao século 19, quando o tênis era jogado em certas reuniões sociais e os jogadores usavam “roupas brancas de tênis” para evitar que manchas de suor embaraçosas surgissem. Com exceção de um “acabamento” colorido com cerca de um centímetro, hoje os jogadores devem usar um traje totalmente branco – incluindo os shorts e até a sola dos sapatos.
Servindo moda
As quadras de Wimbledon também influenciaram a moda diretamente por meio do tricampeão Fred Perry, que dá nome à marca de camisas polo. O logotipo traz a coroa de louros, inspirada no emblema de Wimbledon, e é costurado na frente de cada camisa polo. Lançada no campeonato de Wimbledon em 1952, a camisa branca de tênis virou um sucesso e foi além das quadras, ganhando coleções coloridas e virando ícone britânico de moda a partir da década de 1960.
Murray Mound
O tenista escocês Andy Murray foi homenageado pela renomeação não oficial da área gramada ao redor da No. 1 Court de Wimbledon. Agora, o espaço, um imenso gramado ao lado da principal quadra do complexo, é carinhosamente conhecido como “Murray Mound”. Anteriormente chamado de “Henman Hill” em homenagem ao jogador britânico Tim Henman, o espaço reúne multidões animadas que assistem aos jogos em telas gigantes e se deliciam com as tradicionais guloseimas de Wimbledon.
Tradições saborosas
O sabor de Wimbledon é representado por uma porção simples, mas deliciosa, de morangos frescos com chantilly, acompanhados de alguns copos do destilado Pimms (misturado com uma seleção de frutas, hortelã e limonada) ou uma taça de espumante. Morango com chantilly é o alimento básico por excelência de Wimbledon. Cerca de 140 mil porções são geralmente devoradas durante o evento de duas semanas. O torneio tem grande orgulho em fornecer morangos de Kent da mais alta qualidade, colhidos no dia anterior e entregues com os primeiros raios de sol às 5h da manhã do dia seguinte.
Mais informações em: visitbritain.com
Texto por: Agência com edição de Patrícia Chemin
Foto destaque por: iStock / CharlieAJA