Embora o gramado de Wimbledon não vá receber nenhum jogo de tênis neste mês, a herança e a tradição do torneio continuam a ser apreciadas mundialmente. Desde a entrega de morangos e cremes tradicionais até a descoberta da moda inspirada no tênis, há uma porção de formas de explorar Wimbledon – o local onde acontece o torneio de tênis mais antigo e prestigiado do mundo.
Um torneio ao estilo vitoriano
O primeiro campeonato de tênis de gramado foi realizado em 1877 no Clube de Croquet da Inglaterra na Worple Road, em Wimbledon, no sudoeste de Londres. Esse torneio emocionante recebeu o único Grand Slam masculino jogado por 22 amadores, que teve um lindo final assistido por 200 espectadores. Vencido pelo esportista local Spencer Gore, ele orgulhosamente recebeu prêmios equivalentes hoje a cerca de £ 790. As competições em dupla foram implementadas em 1884, com duplas femininas e duplas mistas em 1913. O crescimento do esporte foi tão grande que em 1922 o campeonato teve que mudar para um local maior, na Church Road, na mesma área do sudoeste de Londres, onde permanece até hoje.
Faça sol ou faça chuva
Os campos de Wimbledon mudaram bastante desde que se mudaram para um espaço maior, com um espaço à prova d’água que salvou o evento britânico diversas vezes – desde 2009, o campo central de Wimbledon não sucumbiu à chuva graças ao seu teto retrátil. Capaz de cobrir o campo verde em apenas dez minutos, as mudanças também incluem um ar-condicionado de última geração para climatizar o estádio. A primeira partida completa a ser disputada em um ambiente fechado foi a disputa entre Andy Murray e Stanislas Wawrinka, exatamente no ano em que o campo fechado foi inaugurado.
Raízes reais
Antes do Grand Slam de Wimbledon, o tênis era predominantemente um esporte das classes britânicas mais altas e da realeza. O exemplo mais antigo remanescente da Inglaterra de uma quadra de tênis remonta ao século XVI e pode ser encontrado próximo ao histórico Palácio de Hampton. O jogo favorito do Rei Henry VIII, o ‘tênis real’ era um esporte amado por alguns membros da nobreza e das pessoas mais ricas da terra.
O jogo de tênis, que é diferente do ‘tênis real’ e requer menos espaço, foi jogado pela primeira vez em 1873 pelo Major Walter Wingfield. Criado para ser um esporte ao ar livre, costumava ser jogado nos jardins de grandes mansões pertencentes à elite britânica.
Jogos modernos
Hoje, as partidas em Wimbledon atraem fãs de todos os lugares do mundo e são transmitidas para mais de 200 países. Embora o torneio envolva 18 campos de tênis, alguns dos pontos mais marcantes são vistos da quadra central: um estádio com 15.000 lugares que é considerado a quadra mais icônica de tênis do mundo. O padrão dos convidados que ocupam os cobiçados assentos da quadra central também é alto, com uma sala reservada simplesmente para uso da família real e seus convidados.
Observar celebridades na quadra central também acrescenta outro nível de emoção a Wimbledon – nomes como David Beckham, Claire Foy de “The Crown” e Dame Maggie Smith estão entre os vistos nos anos anteriores, além de Kate Middleton e Meghan Markle.
Por que tudo branco?
Paralelamente aos vestidos de grife e paletós de linho vistos regularmente nas arquibancadas, as roupas utilizadas pelos competidores aderem a uma regra simples: eles estão todos de branco da cabeça aos pés. Essa regra permanecem em Wimbledon desde o princípio, nos anos de 1800, onde o tênis seria jogado em certas reuniões sociais e os jogadores jogavam de branco para diminuir as manchas de suor embaraçosas. Com exceção de um centímetro de cor, hoje os jogadores ainda precisam usar roupas completamente brancas – mesmo nas roupas de baixo e na sola de seus sapatos.
Servindo à moda
As quadras de Wimbledon também influenciaram diretamente a moda através do tricampeão Fred Perry. O lindo logotipo da marca britânica é a coroa de louros, inspirada no emblema de Wimbledon – logo que era costurado na frente de cada camisa polo de Fred Perry. Lançada no campeonato de Wimbledon de 1952, a camisa de tênis branca atingiu o sucesso, levando à criação de uma coleção mais colorida que se tornou uma tendência na moda para numerosas subculturas britânicas durante os anos 1960 e além.
Campeões de Wimbledon
Vários jogadores britânicos tiveram sucesso no prestigiado torneio, incluindo o próprio Fred Perry, que venceu três vezes concecutivas o campeonato de Wimbledon durante os anos 1930. Dorothy Round Little também foi uma campeã logo após Perry, enquanto Angele Mortimer ergueu o troféu em 1961, seguido por Ann Haydon-Jones em 1969. No ano de 1977, o ano do centenário do torneio, Virginia Wade foi a vencedora, tendo sido observada por sua Alteza Real, a Rainha, que não assistia uma final desde 1962.
A vitória britânica mais recente aconteceu em 2013, quando o escocês Andy Murray se tornou o primeiro homem britânico a erguer o troféu em 77 anos. Nesse meio tempo, o suíço Roger Federer foi o que mais ganhou o título de Wimbledon, desfrutando de sucesso em oito ocasiões impressionantes até o momento.
Murray Mound
O sucesso de Andy Murray foi homenageado pela renomeação não oficial da área gramada ao redor da quadra Nº 1 de Wimbledon, agora carinhosamente conhecida como ‘Murray Mound’. Previamente era chamada de ‘Henman Hill’, em homenagem ao jogador britânico querido por todos – Tim Henman. O local é conhecido por ser um dos melhores lugares para espectadores, enquanto multidões empolgadas se reúnem para assistir às partidas em telões gigantes se deliciando com os tradicionais doces de Wimbledon.
Tradições saborosas
O sabor de Wimbledon vem em uma porção simples e deliciosa de morangos e creme fresco, regados com um pouco de Pimm, licor à base de gin (com uma seleção de frutas, hortelã fresca e limonada). Morangos e creme é o item básico de Wimbledon, com cerca de 140.000 porções geralmente devoradas durante o evento de duas semanas. Esse torneio orgulha-se de fornecer morangos cultivados em Kent, da mais alta qualidade, que são colhidos um dia antes do evento e chegam ao local às 5h da manhã para serem preparados.
Mais informações em: visitbritain.com
Texto por: Agência com edição de Patrícia Chemin
Foto destaque por: iStock / CharlieAJA