Começou a temporada de observação de baleia Franca no Uruguai! O país mais Austral além de nos surpreender com os clássicos saltos e sopros em forma de “V” da baleia Franca que podem ser vistas a poucos metros da costa, agora conta com uma escultura que rende tributo aos cetáceos, desenhada pelo artista uruguaio Raúl Sampayo. Ela foi construída com restos do hotel San Rafael demolido a pouco tempo, e se instalou em junho na Parada 35 da praia Brava, em Punta Del Este, um dos pontos estratégicos para avistagem.
Maldonado e Rocha são os principais pontos do oceano Atlântico onde a baleia Franca nos visita em busca de águas tranquilas e temperadas para se reproduzir, amamentar e cuidar dos seus pequenos. Esse ano desde abril começou-se a ver os primeiros exemplares que “no geral são as primeiras mães prestes a parir, que se dirigem a uma de suas áreas de criação ao sul do Brasil em Santa Catarina, onde existem enseadas protegidas”, explicou Rodrigo García, diretor da Organização para Conservação de Cetáceos (OCC). Os registros nesse mês são esporádicos e não permanecem nas costas uruguaias. No final de julho segundo os dados, que desde 1995 revela a OCC, começa a temporada no Uruguai e vai até novembro.
As costas do Oceano Atlântico Sul são parte de sua rota migratória. Durante o verão se alimentam de toneladas de “krill” em zonas próxima a Antártida, para logo começar sua migração em direção a Península de Valdés (Argentina), Maldonado e Rocha (Uruguai), até chegar a Imbituba, Ferrugem (em Santa Catarina), onde se reproduzem e dão a luz a seus filhotes.
A observação dos Cetáceos no Uruguai pode-se realizar desde a própria costa em terra firme ou em embarcações. Diferente empresas privadas oferecem excursões em barco que partem desde o porto de Piriápolis.
Hino da baleia
Raúl Sampayo, 56 anos, é escultor e nasceu em Melo (cidade onde foi gravado o filme uruguaio “El Baño del Papa”), reside desde os 4 anos em Punta de Salinas, Maldonado. “Para mim as baleias sempre formaram parte da paisagem do meu dia a dia e quando o Município de Punta Del Este me convidou para realizar uma obra relacionada com o cuidado da costa, imediatamente pensei nos cetáceos, foi a oportunidade para render-lhe homenagem a baleia Franca Austral e gerar consciência sobre seu rol e cuidado”, recordou Raúl.
O projeto se converteu em uma estrutura metálica que imita a forma e o movimento da cauda da baleia, perfeitamente moldado no tamanho real de 5 metros de altura por 5 metros de largura. O estudo dos movimentos e a fisiologia do animal chegou a um mês, enquanto construí-la dois meses.
A escultura, que se caracteriza por ser de textura de malha vazada e não interrompe o horizonte, convive e respeita a paisagem, permanecerá por e para a comunidade, já que é uma doação do artista ao Município de Punta del Este.
A musa inspiradora foi uma baleia mãe dando rabadas na água, acompanhadas de seus filhotes exibidas por fotos e vídeos das pesquisas do artista. Os materiais foram registrados por fotógrafos de natureza como Álvaro Perez Tort e Diego Rubio, da Fauna Marina Uruguay, que busca divulgar a riqueza natural e diversidade marinha do vizinho.
Sampayo utilizou ferro reciclado do antigo hotel San Rafael em Punta Del Este para erguer um novo emblema que vai passar cada inverno com as baleias. “Queria agregar valor e por isso usamos parte da memória do lugar para criar o ícone que teve um impacto muito positivo na comunidade e que me reconforta ao ver as crianças irem em direção a escultura e interagirem com ela” retoma o artista.
Pores do sol sem igual
Em Maldonado, além da habitual observação de baleias, um de seus pontos na costa evoca o dorso de uma baleia no balneário homônimo, Punta Ballena, onde sua altura facilita a observação e contemplação da paisagem junto com pores-do-sol únicos. Uma vez lá, os visitantes podem visitar o museu e a casa do artista uruguaio Carlos Páez Vilaró, Casapueblo, que prestou homenagem à estrela do sol com um poema e várias pinturas e esculturas. “Casapueblo é a sua casa, é por isso que todos lhe chamam a casa do sol. O sol da minha vida como artista. O sol da minha solidão. Sinto-me um milionário nos sóis, que guardo no mealheiro do horizonte”, admite no final do seu poema.
Inicialmente era a casa de verão e oficina do artista, e inclui um museu, uma galeria de arte, uma cafeteria e um hotel.
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