Novidade na cidade de São Paulo, o Museu da Vacina foi criado para ensinar e difundir a ciência por trás dos imunizantes. A ideia é demonstrar, para toda a população, sua importância e eficácia por meio de uma base histórica, conhecimento do processo de produção e da atuação das vacinas no corpo. Para isso, a exposição é dividida em oito espaços interativos e informativos que fazem uso de diferentes tecnologias para conscientização de crianças e adultos.
É o primeiro museu da América Latina dedicado exclusivamente à vacina e se encontra no patrimônio mais importante do Parque da Ciência, a Casa Vital Brazil – também chamada Casa Rosa, sede da Fazenda Butantan no século 18. Com a missão de preservar a história do local, coube aos especialistas Celso Grion e Erick Tonin, arquitetos à frente do escritório Effect Arquitetura e de importantes projetos na cidade, realizar uma obra cuidadosa de restauro para manter a originalidade da construção.
Paredes que guardam história
A Casa Vital Brazil foi construída por volta de 1880 e serviu como residência do médico e pesquisador Vital Brazil Mineiro da Campanha, primeiro Diretor do Instituto Serumterápico do Estado de São Paulo – atual Instituto Butantan. A edificação abrigou o laboratório conduzido pelo médico onde era produzido o soro antipestoso para peste bubônica que assombrou o país em 1899. Além disso, para a trajetória das vacinas, Vital Brazil contribuiu com a descoberta dos soros antiofídico, antiaracnídico, antitetânico, antidiftérico e do tratamento para picadas de escorpião.
“Em sua expressão primordial, a construção é um exemplar remanescente de arquitetura residencial rural ao gosto eclético, neoclássico, sendo um exemplar significativo do período. Mas sua apresentação a diferencia do restante das antigas construções rurais remanescentes que possuíam particularidades mais expressivas de sedes de fazendas paulistas”, explica Celso Grion.
O casarão, que já havia passado por um processo de restauro nos anos 2000, recentemente se tornou o local do desenvolvimento e produção da CoronaVac, a primeira vacina nacional aplicada no país para combater a pandemia da Covid-19. “A construção estava um tanto descaracterizada em seu interior devido aos usos mais recentes. Embora tenha passado por diversas reformas, conservava as linhas originais e seu exterior, então nós optamos por deixar à mostra alguns desses atributos”, conta Erick Tonin.
Mudanças e adaptações necessárias
A implantação do Museu da Vacina na Casa Vital Brazil faz parte do processo de reestruturação de novas condições de uso de edificações históricas contempladas no Plano Diretor do Instituto Butantan, e, à vista disso, os arquitetos esclarecem que o projeto de preservação e restauração buscou manter, ao máximo, as camadas históricas relevantes para compreensão do valor cultural da edificação – tendo todas as ações pautadas pelos princípios contemporâneos de preservação do patrimônio cultural.
Com 550 m2 de área útil inseridos dentro de uma área verde do Instituto com cerca de 725 mil m2, o casarão teve apenas parte do bloco central demolidos para dar vez a criação de quatro áreas: corpo principal, pátio central, corpo secundário e um novo bloco de sanitários. Erick garante que todas as intervenções possuem uma linguagem propositalmente distinta à arquitetura original, a partir das diretrizes para preservação do existente e adequação ao novo uso proposto.
“O contraste do antigo e o novo é visto através do uso de materiais diferentes, novos sistemas construtivos, cores e texturas diferenciados, deixando muito claro quais são as partes novas e as preservadas da edificação”, diz Erick.
Pensando num lugar acessível para todo tipo de público, os arquitetos Celso e Erick trataram de nivelar todos os desníveis de piso com tampos de vidros, de maneira a deixar a estrutura guardada e exposta, principalmente próximo da interligação da entrada do museu com o acesso às áreas expositivas e o deck dos fundos. “Mesmo com as diferenças dos revestimentos novos com o do edifício histórico existente, mantivemos uma linguagem externa única para promover uma conexão material com o boulevard (rua de acesso às construções do Parque da Ciência)”, contam.
Novos Espaços
Criado com objetivo chamar atenção para a imunização no país, a visitação no Museu da Vacina ocorre assim: a primeira sala traz uma breve história do desenvolvimento das primeiras vacinas, como uma linha temporal, apresentando os principais trabalhos de cientistas pioneiros no mundo. No segundo espaço, é mostrada, de um jeito didático, a produção dos diferentes imunizantes a partir de vídeos educativos e interativos que induzem que a própria pessoa participe.
O terceiro espaço usufrui de hologramas de cientistas explicando o funcionamento do Instituto, dos testes e das razões pelos quais são realizados pela instituição, além disso, algumas amostras também ficam expostas em recipientes. A quarta sala é a mais interativa da casa, pois possui diversos jogos lúdicos que buscam mostrar como as vacinas agem no corpo humano com foco na atuação dos anticorpos.
As salas mais adiantes miram principalmente na informação, o público passa por uma exposição de objetos históricos como ferramentas do século passado, cartazes de campanhas, entre outros, tal como em um museu tradicional e depois por um grande glossário para tirar dúvidas que surgem ao realizar a visita.
As últimas salas contam com projeções em 360° que mostram como as vacinas foram a resposta contra a Covid-19 e buscam combater as fake news que rondam as notícias até hoje. Por fim, o passeio termina na sala de cinema 6D transmitindo o curta “Uma viagem no corpo humano”, abordando por dentro do organismo de uma pessoa vacinada e uma não vacinada.
Mais informações: instagram.com/museudavacina
Texto por: Agência com edição de Cláudia Costa
Fotos por: Eduardo Pozella