A comunidade de Caraíva, na Bahia, é o vilarejo mais antigo do Brasil. Os primeiros portugueses chegaram por volta de 1530, e por aqui viviam diversas tribos indígenas, a região é conhecida como “Costa do Descobrimento”. Durante muitos anos a comunidade viveu da pesca, que precisava ser salgada e transportada em lombo de mulas ou barcos até as cidades vizinhas para a venda.
Até início do século XX também trabalhavam com a exploração de madeira. Na década de 1970, a vila vivia exclusivamente da pesca e foi nesta época que grupos de aventureiros começaram a frequentar o lugar. A estrada para chegar até o vilarejo era muito precária e nela quase não transitavam carros. Para chegar a Caraíva era preciso caminhar pela praia saindo de Trancoso, ou fretar um barco de pesca. Com o movimento de visitantes crescendo, a vila foi se adaptando. Ainda na década de 70 chegaram os primeiros motores para os barcos, que até então eram movidos por velas. Ecologicamente preservada.
Desde 1962, quando foi demarcado o Parque Nacional de Monte Pascoal, a vila é o limite norte do Parque. Dentro dele, está a aldeia Pataxó que ajuda a cuidar do Parque Nacional de Monte Pascoal. Em 2007 chegou a energia elétrica na Vila de Caraíva. Com o empenho da população a Vila resistiu e não admitiu a colocação de postes. Toda a fiação é subterrânea para não interferir na paisagem. Cada morador ilumina a sua porta como lhe convêm, luzes em árvores ou na porta das casas, iluminam apenas o suficiente para as noites de lua nova.
No Centro Cultural de Tradições Indígenas, que fica na subida do rio, é possível conhecer um pouco mais da cultura dos índios. Danças , culinária e histórias contatas pelos próprios Pataxós são uma atração a parte.
O artesanato feito pelos Pataxós é mais do que uma alternativa de renda é uma representação de sua cultura e crença. A diversidade de cores e formas encanta a todos. São colares, pulseiras, prendedores de cabelo, farinheiras, gamelas, colheres e outros utensílios feitos de madeira, penas de aves, fibras e sementes locais. O parajú, madeira de cor vermelha escura, amarronzada, é utilizado para os utensílios domésticos, que chama a atenção pelo esmero no entalhe. Colares, pulseiras e adornos femininos, feitos com sementes de jacarandá, jacanaíba, maçaranduba e outras da região, são de extremo bom gosto. E os tradicionais passarinhos de madeira com penas coloridas, que são uma ótima lembrança do lugar. Todo o artesanato é produzindo com matéria prima renovável e garantem renda e melhores condições de vida para as famílias. O colar para o povo Pataxó representa uma proteção com a crença de que as sementes e materiais naturais utilizados passam a força da energia da mãe natureza.
Caminhando em direção ao sul o visitante encontra praias desertas e já dentro do Parque Nacional de Monte Pascoal, está a reserva de Barra Velha dos índios Pataxós. Enquanto indo em direção ao norte, o visitante chega à praia do Satu. Satu é um senhor nativo da região que tem boas histórias e muita alegria em receber os turistas. Sua barraca é simples e fornece água de coco, refrigerante, cerveja e alguns biscoitos.
E não deixe de experimentar a especialidade da casa, uma cocada sem igual. Andando para além do Satu é possível alcançar uma lagoa de água doce que parece um cenário. Lugar ideal para descansar um pouco antes de continuar a caminhada. Andando um pouco mais se chega as falésia e encontra-se a trilha para subir. Do alto o visual é ainda mais impressionante e do outro lado uma surpresa. A praia do Espelho é considerada uma das mais belas do mundo e realmente impressiona, vale o passeio. Mas atenção, para caminhar até o Espelho é bom estar preparado a distância é de aproximadamente 9 quilômetros.
Onde ficar
Como chegar
A melhor maneira de se chegar a Caraíva de São Paulo é pegar um voo até Porto Seguro. As cias aéreas Azul, Gol e Tam possuem voos diárias de São Paulo, Campinas e Guarulhos para Porto Seguro. De lá, alugue um carro, são aproximadamente 200 quilômetros. Do aeroporto de Porto Seguro são cerca de duas horas e meia de percurso.
Texto por: Agência com edição Cláudio Lacerda Oliva
Foto destaque por Eduardo Machado Freire via Commons Wikimedia