Desconfio que, quando criaram aquela expressão “lá no fim do mundo”, estavam se referindo a Fiji. Composta por 332 ilhas no Pacífico Sul, o país pertence à Oceania e o lugar mais próximo é a Nova Zelândia, que mesmo assim fica a quase 3 mil quilômetros de distância!!! Olhe no mapa e veja direitinho se Fiji é ou não é no fim do mundo…rsrs.
Mas o que tem de isolado, este pequeno arquipélago tem de lindo!
Graças ao feriado do ano novo chinês em Cingapura, tinha 4 dias para explorar o país com mais 3 casais de amigos. Como nossa intenção era ver o máximo possível, decidimos pela inusitada (e que depois se revelou a melhor) opção de nos hospedarmos já no meio de transporte entre uma ilha e outra. Alugamos um veleiro pela empresa Wayward Wind, no qual tínhamos o barco só pra gente, com roteiro exclusivo para explorarmos o lugar do nosso jeito. S-O-N-H-O!
A equipe do barco era composta pelo capitão/dono do veleiro (que descobrimos depois ser o jogador de futebol americano aposentado Aaron Pierce, um sujeito super educado, simpático e que fez de tudo para nos sentirmos confortáveis), um chef de cozinha milagreiro (sim, porque naquela cozinha minúscula o cara conseguia fazer todas as refeições do dia para 8 pessoas com muito sabor e beleza. De panquecas fofinhas à atum selado no gergelim e poke, tudo era delicioso!!!) e um “faz-tudo” super gente boa que nos levava de barquinho para as ilhas, pescava, cuidava da limpeza e ajudava no que fosse preciso.
Apesar de estarmos num grupo relativamente grande, o veleiro acomodava todo mundo em 3 camas de casais e 2 de solteiro. Além da experiência de velejar, o Wayward Wind também oferecia outras atividades como pranchas de stand-up paddle, material para mergulho e pesca.
Interessou? Bem, fora as passagens e as bebidas alcoólicas que pedimos para o Aaron comprar, o custo da aventura no veleiro saiu por 2 mil dólares por casal.
O voo de Cingapura até Fiji levou umas 10 horas (gente, era muuuuuita vontade gastar 20 horas de viagem para explorar 4 dias!) e chegamos em Nadi no início da manhã. Do aeroporto mesmo já seguimos direto para a Vuda Marina, de onde partimos em direção à nossa primeira ilha: Navadra.
Este primeiro passeio foi o mais longo em termos travessia (3h45m) e aproveitamos para conhecer o barco, pegar um sol, curtir a vista, almoçar e, claro, bater mil e uma fotos!
Dica preciosa: se você costuma enjoar em barcos (como eu aqui!!), não esqueça de levar o dramin ou outro remédio similar. Apesar do veleiro ser um barco mais lento e de navegação mais suave, há balanço sim e pode haver enjôo sim. Eu tomava um dramin assim que acordava e outro no final da tarde. De boas!!!
Ao chegarmos em Navadra, o barquinho levou parte da turma para terra firme, enquanto outros resolveram ir de SUP ou fazendo snorkeling até alcançar os corais que ficam na parte rasa do mar de águas quentes. Sem nenhuma estrutura e nenhum outro barco na área, a ilha estava isolada e tornou-se nosso paraíso particular, no qual passamos a tarde entre cochilos sob árvores, banhos preguiçosos, lanches, vinhos, música e risadas.
Para fechar o dia um pôr do sol absolutamente perfeito que fiz questão de colocar entre os 5 mais bonitos que já vi na vida.
E assim Fiji nos deu as boas-vindas…
À noite, jantamos no barco e seguimos tocando violão e jogando conversa fora até ficarmos todos deitados no deque observando estrelas e sendo “ninados” pelo balanço do mar. Desculpem se tudo soou muito poético, mas é porque de fato foi!!! rsrsrs
Na manhã seguinte partimos para a ilha de Mondriki, que ficou famosa por ser cenário de O Náufrago. Mas antes, o Aaron nos presenteou com uma paradinha estratégica num banco de areia no meio do mar (cujo nome não descobri pessoal!). Lugar lindo demais!!
Mondriki já não era tão isolada (haviam mais uns barquinhos pela área), porém não era menos bonita. Sua praia possui águas cristalinas e é repleta de corais, num espetáculo de cores, formas e espécies de peixinhos. O mar calmo também favorece umas saidinhas de SUP, de onde podemos ver melhor a ilha. Na pontinha, apenas uma estreita faixa de areia separa os dois lados da praia e um aviso em pedras escrito “HELP ME” faz menção ao filme.
Particularmente achei esta praia mais bonita, mas o pôr do sol não foi tão legal porque o tempo começou a nublar. Hora de voltar para o barco e curtir outra noite no paraíso!
Em nosso terceiro dia recebemos uma visita surpresa logo cedo! Durante o café da manhã, 6 tubarões da espécie galha-preta vieram nos dar bom dia.
Calma! Eles estavam de boa passeando, afinal esta espécie faz parte do grupo de tubarões de corais, o que significa que eles tendem a viver e caçar em recifes de corais, nadando em águas rasas e temperadas. Meu marido até chegou a colocar a prancha na água (sob meus veementes protestos, diga-se de passagem!) pra fazer SUP com eles, mas fugiram assim que ele entrou na água!
Não eram muito grandes, mas eram lindos e nadaram bem pertinho tornando nosso dia já muito especial!
Nossa última parada foi na ilha Malolo, esta já habitada e com infraestrutura de resort. Pudemos caminhar um pouco, ver algumas lojinhas (só ver mesmo porque o preço estava absurdo…rsrs) e descansar num barzinho bem legal na beira da praia. Foi neste mesmo cenário que, à noite, desfrutamos de um churrasco feito especialmente pra gente pelo nosso chef milagreiro e encerramos a comilança com sobremesas deliciosas no restaurante do resort.
Em nosso último dia resolvemos ficar mais um pouco pela ilha Malolo porque queríamos ir até um banco de areia que estava há alguns metros do veleiro. E também minha gente estava muito difícil desapegar de todo aquele cenário, do barco, das pranchas, comidinhas, velas, SUP, peixinhos, sol…
Mas finalmente era chegada a hora de partir, pois ainda queríamos dar um rolé pelo centro de Nadi e só depois seguir para o aeroporto. Pegamos um ferry boat – que na verdade é um catamarã – que, pela módica quantia de 80 dólares por pessoa (assustei também!) nos deixou no porto de Denarau. De lá, almoçamos no Hard Rock Café, passeamos pelo complexo de lojinhas do local e ainda conseguimos assistir um show de danças típicas das tribos locais.
E foi com muita música e alegria que nos despedimos deste lugar mágico. A natureza de Fiji é exuberante e preservada, seu mar tranquilo de água morna azul turquesa e seu povo simpático e sorridente são um convite eterno à visita.
Vinaka Fiji!
Texto e fotos por: Andrea Bessa, do Blog Na Carona