Conhecida como a capital brasileira do ecoturismo, Bonito é o endereço de alguns dos cenários mais exuberantes do Brasil, entre nascentes, rios cristalinos, grutas e cachoeiras. É um destino que promete grandes surpresas e experiências inesquecíveis e que pode ser visitado em qualquer época do ano.
No Mato Grosso do Sul, a cerca de 260 km da capital Campo Grande, Bonito é um desses destinos que todos os brasileiros deveriam visitar ao menos uma vez na vida. Quando o assunto é belezas naturais, poucos lugares no mundo se comparam a Bonito. Aliás, para ser justo, a cidade poderia se chamar “Extraordinário” ou “Maravilhoso”.
Foto por Divulgação Nascente Azul
Bonito guarda uma infinidade de paisagens deslumbrantes, de rios cristalinos e repletos de peixes a cavernas com piscinas naturais. Também é um dos destinos turísticos mais organizados do país, tendo como um de seus pilares a preservação do meio ambiente.
Há passeios para todos os perfis: atividades radicais para os mais aventureiros, como rafting, boia cross e mergulhos com cilindro, ou trilhas leves para contemplação e balneários tranquilos para crianças e idosos, além das famosas flutuações.
Foto por Divulgação Nascente Azul
Bonito é um destino tão especial graças à formação geológica dessa região, rica em rochas calcárias, o que possibilitou o surgimento de tantas grutas, cavernas e nascentes. Isso também provocou o alto teor de carbonato de cálcio e magnésio na água, o que faz com que qualquer partícula sólida seja decantada para o fundo dos rios, colaborando para essa qualidade cristalina tão característica de Bonito e que encanta todos os visitantes.
Planejamento da viagem
Foto por Divulgação Nascente Azul
Como uma medida de preservação ambiental, todos os atrativos de Bonito têm um limite máximo de visitantes por dia, para minimizar o impacto da ação humana. Assim, para controlar o acesso, todos os passeios só podem ser comercializados pelas agências de turismo locais credenciadas pela prefeitura, em um sistema chamado de voucher único. Uma delas é a Acqua Studio de Viagens, agência especializada em Bonito e na região da Serra da Bodoquena, que busca oferecer aos viajantes roteiros e experiências que se adaptam às suas preferências, valorizando a personalização e a flexibilidade.
Com o voucher único, os preços das atividades são tabelados, independente da agência que você escolher – o que muda é o nível de serviço e atendimento. A dica é fazer as reservas com antecedência, principalmente se você viajar na alta temporada (férias escolares e feriados). Para aproveitar sua estadia ao máximo, fique atento também à duração de cada passeio – alguns demandam um dia inteiro de viagem, enquanto outros são feitos em poucas horas, o que possibilita agendar até dois no mesmo dia.
Foto por Divulgação Nascente Azul
Quase todos os atrativos ficam em propriedades particulares nas zonas rurais, mais afastadas do centro de Bonito ou até mesmo em cidades vizinhas, como Jardim e Bodoquena. Para percorrer as distâncias, as melhores opções são alugar um carro ou agendar um transfer particular ou compartilhado que vai te levar do hotel ao receptivo. Geralmente, os atrativos oferecem boas estruturas turísticas, com banheiros, estacionamento, lanchonete ou restaurante e outras comodidades.
Flutuações e nascentes
Sem dúvida as flutuações são os passeios mais procurados em Bonito. E é fácil entender o motivo: os rios e as nascentes chegam a ser hipnotizantes de tão cristalinos, habitados por diversas espécies de peixes. A água ainda ganha diferentes tons de azul e verde e a vegetação exuberante ao redor completa os cenários.
Vários atrativos oferecem esse tipo de atividade, como o Aquário Natural, que impressiona pela quantidade de peixes, o Rio da Prata, cuja flutuação é a mais longa de todas, e o Rio Sucuri, que chega a ser ainda mais transparente. Outra opção é a Lagoa Misteriosa, que ganhou esse nome graças a uma questão curiosa: sua real profundidade ainda é desconhecida. O ponto mais fundo já explorado por mergulhadores foi a 220 metros embaixo d’água.
Foto por Divulgação Nascente Azul
Já no complexo de ecoturismo da Nascente Azul, a flutuação acontece nas águas calmas e cristalinas do rio de mesmo nome. Equipado com colete, calçados de borracha, máscara e snorkel (aqui a roupa de neoprene é opcional), o grupo primeiro passa por um treinamento já dentro do rio, importante principalmente para quem não tem tanta intimidade com a água e os equipamentos. Aliás, a flutuação na Nascente Azul é tão tranquila, com uma correnteza quase imperceptível, que é recomendada para crianças, idosos e até para quem não sabe nadar.
Foto por Divulgação Nascente Azul
Enfim, chega a hora de ver a nascente de perto. Ela é única na região por estar em uma fenda rochosa. Esse é o ponto mais fundo da flutuação, em torno de 7 metros, onde dá para fazer um mergulho de apneia. Depois é só deixar a água te levar calmamente por um lindo percurso pelo rio e flutuar em meio a um rico e colorido jardim subaquático, com a água em um forte tom de azul turquesa. Você consegue ver tudo ao seu redor com uma riqueza de detalhes, até mesmo as pequenas bolhas de oxigênio que as plantas submersas produzem na fotossíntese. Fique de olho nos cantos protegidos pelas sombras das árvores, já que costumam ter ainda mais peixes.
Foto por Divulgação Nascente Azul
Além de uma estrutura turística completa, que inclui um restaurante de gastronomia típica assinado pelo conceituado chef Sylvio Trujillo, o complexo da Nascente Azul oferece o Balneário (integrado à flutuação ou disponível para visitação no formato day use), que conta com circuito inflável aquático, pontes suspensas, tirolesas aquáticas, praia de água doce com faixa de areia, quiosques, piscina ecológica, cascata, trilhas e muito mais. Quem quiser mais adrenalina no passeio pode adicionar ainda, por um valor à parte, as atrações de aventura, como a tirolesa e o pêndulo humano.
Banhos de cachoeira
Foto por Divulgação Boca da Onça
Para quem quer se refrescar em cachoeiras, vale conhecer a Boca da Onça, na Serra da Bodoquena. O complexo é famoso por abrigar a cachoeira homônima, que é a mais alta do Mato Grosso do Sul. Mas vai muito além disso. Há duas opções de trilhas: a Adventure, com 4,5 km e uma duração média de 5h, e a Discovery, que inclui boa parte da trilha anterior mais um trecho extra de 2 km. A Adventure, que é a mais popular, é formada por um trajeto circular, atravessando toda uma encosta da serra de cima a baixo, começando pela parte mais alta.
Foto por Patrícia Chemin
Entre cachoeiras, piscinas naturais de águas cristalinas e mirantes, há várias paradas pelo caminho, sendo cinco delas para banho e outras seis para contemplação. Prepare as pernas para dar conta dos muitos degraus ao longo da trilha. Aliás, do lado mais íngreme, existe uma sequência de 886 degraus que você vai enfrentar na subida ou na descida. Apesar disso, as trilhas entre uma parada e outra são de nível fácil, muito bem marcadas, cuidadas e seguras. Outra vantagem é que boa parte do caminho é coberta pela sombra das árvores. Vá com roupa de banho, use calçados fechados e confortáveis e leve uma toalha e uma garrafinha de água.
Foto por Divulgação Boca da Onça
Uma das paradas para banho é na própria Cachoeira Boca da Onça, que impressiona pela queda d’água de 156 metros de altura. Outro ponto para se refrescar é o Buraco dos Macacos, um poço com cachoeira que lembra os cenotes mexicanos. Para acessá-lo é necessário nadar por um canal sob as rochas. Algumas cachoeiras são apenas para contemplação, já que apresentam estruturas mais frágeis. Na região da Serra da Bodoquena, as cachoeiras têm a curiosa característica de aumentar de tamanho devido ao depósito de carbonato de cálcio (presente naturalmente na água) sobre as pedras e a matéria orgânica, formando as tufas calcárias – estruturas que se assemelham a degraus e parecem esculpidas de forma intencional de tão perfeitas.
Foto por Divulgação Boca da Onça
Ainda no complexo, um lugar favorito para fotos é a Janela para o Céu, um espelho d’água no topo de uma cachoeira. Ali, com o reflexo da luz do sol, a pessoa parece caminhar sobre o lago, tendo ainda uma vista panorâmica de tirar o fôlego para a serra. Além das cachoeiras, o complexo da Boca da Onça tem o maior rapel de plataforma do Brasil, com uma descida de 90 metros em meio ao Cânion do Rio Salobra.
Grutas, cavernas e muito mais
Foto por iStock / vbacarin
Parte da ampla rede de cavernas, grutas e galerias subterrâneas de Bonito, a Gruta do Lago Azul é o famoso cartão-postal da cidade. O visual é de tirar o fôlego: são dimensões enormes, sendo esta uma das maiores cavidades inundadas do mundo, grandes espeleotemas projetados no chão e no teto da caverna e um profundo lago que reflete um azul intenso, onde já foram encontradas ossadas de animais pré-históricos. A visita é contemplativa, pois não é permitido entrar na água.
Foto por Divulgação Abismo Anhumas
Já em um dos lugares mais surreais de Bonito, você vai se sentir como um explorador em uma expedição ao centro da Terra. Estamos falando do Abismo Anhumas. Na superfície, não dá para imaginar que uma pequena fenda no chão é a porta de entrada para uma caverna imensa, descoberta por acaso. Sentado confortavelmente em um rapel elétrico, você será transportado através dessa fenda entre as rochas, até que se abre aos poucos sob seus pés uma câmara gigantesca de 72 metros de altura (o equivalente a um prédio de 24 andares), inundada por um lago que chega a ter 80 metros de profundidade. Quando a luz do sol atravessa a fenda no alto do abismo, ela cria um visual mágico, fazendo o lago brilhar em um lindo tom azul turquesa. Por todos os lados, há grandes estalactites e estalagmites, que resultam do depósito contínuo de carbonato de cálcio ao longo de milhares de anos.
Foto por Divulgação Abismo Anhumas
Os turistas descem até um deck flutuante, onde se preparam para as diferentes atividades, como dar uma volta de bote inflável por todo o lago para ver de perto as diferentes formações rochosas. Os mais aventureiros podem optar entre a flutuação com snorkel ou o mergulho com cilindro. O Abismo Anhumas tem águas cristalinas, com uma visibilidade que chega a 60 metros. Ali, não há peixes ou plantas subaquáticas, mas sim uma “floresta” de enormes cones calcários no fundo do lago, alguns com quase 20 metros de altura. É até difícil descrever a sensação de flutuar nesse ambiente, mas tenha a certeza de que esta será uma experiência inesquecível.
Foto por Patrícia Chemin
Bonito tem ainda outras dezenas de atrativos e passeios, como as cachoeiras da Estância Mimosa, da Ceita Corê e do Parque das Cachoeiras, as grutas de São Miguel, do Mimoso e Catedral, o Balneário Municipal, o Buraco das Araras e muito mais. É só escolher uma agência e montar o seu roteiro.
Centro de Bonito e gastronomia
Com pouco mais de 20 mil habitantes, Bonito é aquela típica cidade do interior do Brasil – pequena, tranquila e muito segura. Por isso, sinta-se livre para caminhar pelas ruas a qualquer hora, sem preocupações. Aliás, é durante a noite que o centro de Bonito ganha vida, depois que os turistas voltam dos passeios.
Foto por Patrícia Chemin
A rua principal (Rua Cel. Pílad Rébua) concentra ao longo de poucos quarteirões uma boa variedade de lojas de souvenires, roupas e outros itens (nossas dicas são a Udu Cerâmica e a DiBonito Cachaça), além de restaurantes, bares, sorveterias e mais pontos comerciais. É só ter a Praça da Liberdade como ponto de referência. A oferta hoteleira de Bonito também é bem completa, de opções mais luxuosas a hostels e pousadas simples, a maioria localizada no centro da cidade.
Foto por Divulgação Bacuri Cozinha Regional
Quando o assunto é gastronomia, vale destacar o restaurante Bacuri Cozinha Regional, que busca resgatar as autênticas tradições culinárias sul-mato-grossenses em uma celebração daqueles que formaram o estado e de suas raízes culturais, como as fazendas, os povos indígenas, as comitivas de gado, o Pantanal e a Serra da Bodoquena.
Foto por Divulgação Bacuri Cozinha Regional
Em uma mescla de referências dos maiores cozinheiros e historiadores do Mato Grosso do Sul e toques autorais do chef Sylvio Trujillo, o cardápio do Bacuri apresenta pratos como o cupim de colher (cozido por 8h, fica tão macio a ponto de desfiar com uma colher, servido com mandioca cremosa temperada, chimichurri de tereré, arroz e farofa da casa), a chipa Guazú (à base de milho e queijo curado, semelhante a uma torta cremosa e gratinada), o frango com bori bori (coxa e sobrecoxa de frango com bolinhos de farinha de milho e queijo) e o pintado ao molho da Mineradora Urucum (empanado, com molho à base de urucum nativo e gratinado com queijo meia cura de Bonito).
Foto por Divulgação Bacuri Cozinha Regional
SERVIÇOS
Como chegar
Bonito recebe voos diretos da Azul a partir de Viracopos e, até agosto, da Gol a partir de Congonhas. Outra opção é desembarcar em Campo Grande e seguir pela BR-262 e MS-345, passando por Aquidauana, ou pela BR-060.
Onde ficar
Pousada Arte da Natureza – pousadaartedanatureza.com.br
Bonito Ecotel – bonitoecotel.com.br
Wetiga Hotel – wetigahotel.com.br
Onde comer
Bacuri Cozinha Regional – bacuricozinharegional.com.br
Casa do João – @casadojoaorest
Juanita Restaurante – juanita.com.br
Passeios
Acqua Studio de Viagens – acquaviagens.com.br
Mais informações em: turismo.bonito.ms.gov.br
Texto por: Patrícia Chemin
Foto destaque por: Divulgação Nascente Azul