Típica cidade do interior, Bariri, a 271 quilômetros de São Paulo, com 34 mil habitantes, teria na praça da Matriz sua principal atração não fosse o fato de um de seus moradores ser um homem chamado Mário Fava, e apelidado “intrépido mecânico”. A história desse jovem e impetuoso mecânico, que aos 21 anos aceitou participar junto com outros dois brasileiros da maior aventura automobilística que tem se notícia, foi a inspiração para o museu que preservará na pequena cidade um intento reconhecido no mundo todo.
O Museu Mário Fava está de portas desde 21 de julho e preserva a memória da aventura protagonizada pelo mecânico baririense, Francisco Lopes da Cruz e Leônidas Borges de Oliveira conhecidos por percorrerem, em um Ford T, 27.631 quilômetros para mapear a Estrada Pan-americana, que interliga as Américas, passando por 15 países, entre 1928 e 1938. São fotos dos desbravadores, documentos, registros, jornais da época e mapas de viagem. Na sala principal está o Ford T, fabricado em 1918, utilizado pelo trio para fazer o trajeto do mapeamento. O carro centenário foi todo restaurado para ficar em exposição.
A viagem teve início em 1928, no Rio de janeiro e durou dez anos. Além do Ford T, batizado com o nome de ‘Brasil’, os três levaram uma caminhonete Ford, ano 1925, que ganhou o nome de ‘São Paulo’. Depois de abrir caminhos entre campos, florestas, montanhas, pântanos e rios, os desbravadores encerraram a jornada sendo recebidos na Casa Branca, pelo Presidente Franklin Delano Roosevelt e o empresário Henry Ford. “O objetivo do museu é reunir essa história de pioneirismo e mostrar ao visitante parte dos desafios enfrentados pelo trio há mais de 80 anos”, conta o curador e um dos fundadores do museu, José Augusto Barboza Cava.
A aventura coincide com a popularização do automóvel no Brasil e, consequentemente, a necessidade de abrir novas estradas e mapear outras existentes em nome do progresso. De acordo com o curador, a viagem para desbravar a Pan-americana foi organizada por Leônidas Borges de Oliveira, que recebeu do então presidente Washington Luís um documento que dava fé e apoio do governo brasileiro à empreitada. “Esse registro também contribuiu para que os viajantes pudessem angariar apoio no custeio da viagem nos países por onde passavam, conforme a viagem fosse avançando”, explica o curador.
Serviço
“Museu Mário Fava”
Rua Tiradentes, nº 410. Bariri/SP
As visitas podem ser realizadas de terça a domingo, das 10 às 19 horas.
Texto por: Agência com edição Eliria Buso
Fotos: Divulgação