Viajar para vários países, conhecer lugares exóticos, estar à frente de seu tempo. A aventura de Dina Barile, a primeira mulher brasileira a voar na estratosfera terrestre, não parece ter limite.
Dina Barile já contabiliza 127 viagens para o exterior ao longo de seus 60 anos de idade. Embora a jornalista prefira lugares exóticos a grandes capitais como São Paulo, onde nasceu, nenhum foi tão excêntrico quanto o visitado em novembro de 2015: a estratosfera terrestre.
A experiência durou uma hora e dezessete minutos, em um caça russo MIG – 29. Um passeio com mistura de frio e calor, velocidade, cor e ausência de luz. “No dia do voo estava nevando, mas logo que o caça ultrapassou as nuvens, o calor e o azul do céu predominaram pelos minutos seguintes. Em alta velocidade, logo alcançamos a estratosfera e entramos na escuridão. À esquerda, se via a curvatura da terra”, lembra.
O incrível passeio foi feito na Rússia. O voo transformou Barile na primeira e, até então, única mulher brasileira a alcançar 16 mil e 700 metros de altitude.
No céu com o Brasil
O ápice da viagem durou apenas três minutos – momento para se lembrar da vida e agradecer ao céu pelo feito. “A gente se lembra da família, a emoção do patriotismo também toma conta e o coração parece sair pela boca. É indescritível”, diz Barile.
A emoção ainda continuou no retorno da estratosfera: voou a 1.850 km/h, na velocidade do som, fez manobras militares, experimentou a força da gravidade ao extremo e ainda assumiu, por alguns minutos, o controle do caça. “O manche é muito sensível. Sem querer, fiz um giro de 360º, mas logo o piloto me orientou e comecei a fazer manobras apenas para ambos os lados”, conta a jornalista.
Durante a vida, Barile afirma ter feito grandes manobras também. Filha única de um casal de italianos que imigrou para o Brasil depois da Segunda Guerra Mundial, a jornalista afirma nunca ter tido vida fácil. “Meus pais não queriam que eu crescesse mimada, por isso nunca me davam razão”, diz, ao justificar o esforço de tentar ser melhor em tudo: era a melhor aluna da sala e adorava competir: “ganhei até um torneio de arremesso de peso”, relembra.
Da estratosfera para a chama olímpica
A paixão por olimpíadas a fez querer carregar a tocha olímpica. Barili se inscreveu em vários concursos, mas conquistou o direito por meio de voto na internet, ao utilizar o vídeo do voo estratosférico como argumento. Ela foi eleita representante de São Paulo para conduzir a chama olímpica por duzentos metros. Ao todo, 12 mil pessoas no Brasil farão parte dessa cerimônia.
Todo esforço competitivo levou Barile a rodar o planeta e até ao redor dele. Estar à frente de seu tempo talvez seja a forma de compensar o pouco incentivo dentro de casa durante a infância. “No fundo, faço tudo isso pelo reconhecimento”, finaliza.
A vida tem espaço ilimitado para desafios.