Região considerada entre as mais incríveis da Itália – ou do mundo – reúne em uma porção territorial de 23 mil quilômetros quadrados, centenas de charmosos vilarejos, vinhedos e vinhos deliciosos, encostas douradas por campos de girassóis e muitas igrejas e museus. Situada na região central do país, a Toscana é formada pela capital Florença, Siena, Pisa e cidadezinhas encantadoras, além de um arquipélago onde se destaca a Ilha de Elba.
Há muito o que ver e curtir. Portanto, não desperdice a viagem se tiver pouco tempo. A chance de voltar frustrado é gigante. O melhor a fazer é estabelecer prioridades e deixar outros pontos para uma outra vez. Entenda que visitar a Toscana exige tempo e muita tranquilidade para aproveitar cada descoberta. Parar para contemplar o visual e fazer refeições sem tempo estabelecido são primordiais. Comer e beber estão entre os momentos mais importantes da viagem ao destino. Então não tenha pressa.
Quanto mais tempo tiver para dedicar aos recantos toscanos, muito melhor será. Mas não menos de uma semana. E para não perder tempo nas estradas e ter que ficar trocando muito de hotéis, o ideal é estabelecer algumas bases estratégicas. Evite também as autopistas, que embora sejam mais rápidas não oferecem o cenário das bucólicas estradinhas secundárias. Afinal, a contemplação também faz parte da magia da Toscana.
FLORENÇA – Berço da Renascença Italiana
Comece o seu roteiro por Florença, cidade considerada o centro do humanismo europeu, que guarda belíssimos monumentos renascentistas e um riquíssimo patrimônio histórico-artístico reconhecido mundialmente. Tanto que foi uma das primeiras a ser incluídas na lista de Patrimônios Mundiais da Unesco Portanto, reserve ao menos três dias à capital toscana.
Berço de artistas e intelectuais do século 13 até os dias atuais, o destino, que foi capital da Itália durante alguns anos, tem história marcada pela presença de grandes nomes das artes e da literatura. Entre os mais renomados estão Francesco Petrarca (poeta), Giovanni Boccaccio (poeta), Filippo Brunelleschi (arquiteto e escultor), Michelangelo (pintor, escultor, poeta e arquiteto), Giorgio Vasari (pintor e arquiteto), Cimabue (pintor), Giotto (pintor e arquiteto), Leonardo Da Vinci (polímata), Lorenzo de Médici (estadista), Nicolau Maquiavel (historiador, poeta, diplomata e músico) e muitos outros.
Mas nenhum deles teve a vida tão intrinsicamente ligada à cidade como o poeta Dante Alighieri, que nasceu em Florença em 1265. Considerado um dos mais importantes escritores da literatura universal, foi ele quem definiu e estruturou o idioma italiano moderno. Sua obra mais emblemática é “A Divina Comédia”, uma viagem literária escrita no século 14, onde descreve a trajetória da sua alma pelo Inferno e Purgatório até o Paraíso.
Prefira caminhar pela cidade. Os principais atrativos turísticos podem ser acessados a pé. E não é preciso andar muito para encontra-los. Na região central, praças, monumentos, igrejas e museus estão em meio a lojas de grifes famosas, cafés e restaurantes imperdíveis. Impossível não imaginar como era a vida da sociedade local há oito séculos atrás.
Não deixe de subir até o Duomo, no complexo que inclui a Catedral de Santa Maria del Fiore, construção que data do século 13; o Batistério de São João, que tem mosaicos dourados em estilo bizantino em edifício com formas octagonais; o Museu dell’Opera, que abriga uma das quatro Pietà de Michelangelo; o Campanário de Giotto e a cúpula de Brunelleschi. A fachada da igreja chama a atenção pelas formas renascentistas da porta de bronze e pelo incrível trabalho em mármore branco de Carrara e verde de Prato.
Perto dali está a Piazza della Signoria com a estátua majestosa do David de Michelangelo. Embora seja uma cópia da obra original, que está no museu da Accademia, em Veneza, ela domina as atenções. A esplendida escultura está voltada para a Loggia della Signoria – também chamada de Loggia dei Lanzi -, uma verdadeira galeria de arte ao ar livre. Ao lado da praça o destaque é o Palazzo Vecchio, um dos palácios públicos medievais mais importantes da Itália.
Reserve algum tempo para conhecer a Galleria degli Uffizi (Galeria dos Ofícios), o museu de arte mais importante de Florença e o mais antigo da Europa moderna. Construído em 1560 por Vasari e que por muito tempo serviu aos Médici – poderoso clã que dominou a cidade -, até que em 1769 foi aberta à visitação pública. Seu acervo reúne grande quantidade de obras de arte, divididas em salas dedicadas a diferentes períodos artísticos.
O roteiro das artes passa também pela Galleria Palatina, no monumental edifício do Palazzo Pitti, com obras de Giorgione, Raffaello e Tintoretto; e pelo Museu Nacional de Bargello – instalado no Palazzo del Bargello, um dos mais antigos edifícios públicos da cidade -, que guarda o famoso David di Donatello e o busto de Brutus de Michelangelo.
Importantes obras de arte também estão no interior de templos religiosos como a igreja de Santa Maria Novella, que guarda o maravilhoso afresco produzido por Masaccio e o famoso quadro do crucifixo sobre a mesa, de Giotto – que revolucionou a pintura ao introduzir a representação perspectiva; e nas capelas de Peruzzi e Bardi, na Basílica de Santa Croce, que conserva afrescos e obras de importantes artistas de várias épocas, além de túmulos de personalidades relevantes da história da cidade.
Uma outra igrejinha, construída em 1032, também é muito procurada pelos visitantes. É a de Santa Margherita, onde Dante Alighieri conheceu a sua amada Beatriz. Sobre o túmulo dela há uma cesta de palha onde, diariamente, são deixadas cartas de amor e com pedidos.
Em um passeio pelo Rio Arno, que atravessa a cidade, você irá passar pela Ponte Vecchio, onde estão lojas históricas de ourives. E, também, pelo corredor desenhado por Vasari, que ligava os edifícios na margem direita com o Palácio Pitti, na outra margem, e que era utilizado pelos Médici.
Se quiser algo mais romântico escolha um passeio de barco conduzido por um “Renaioli” – os antigos tranportadores de mercadorias em pequenos barcos que lembram as gôndolas de Veneza. Ao pôr do sol fica ainda mais interessante.
O tour deve incluir ainda a Piazzale Michelangelo, que proporciona a melhor vista da cidade; a Piazza della Repubblica, que mescla lojas sofisticadas e palácios suntuosos; e o Nuovo Mercato com sua fonte do Porcellino (um javali de bronze) onde por tradição moedas são jogadas com pedidos e desejos. Se tiver tempo aproveite para conhecer e relaxar nos belos jardins do destino. Entre ele, o Boboli com fontes e estátuas; o Giardino Bardini, que tem uma ótima vista da cidade; e o Giardino delle Rose com fontes, estátuas de Folon e rosas do mundo inteiro.
SIENA – Arte e arquitetura medieval
C ercada por belos vinhedos da rota dos vinhos Chianti, Siena possui muitos monumentos dos tempos medievais e ruelas que mais parecem um labirinto. É culturalmente rica e sua arquitetura é reconhecida pela estética marcante.
Foi rival de Florença nos séculos 13 a 15, quando disputava o poder político da região. Tanto que um dos seus ícones, a torre medieval do Palazzo Comunale – a Prefeitura Municipal construída em 1342 em estilo gótico e ornada por lindos afrescos – tem mais de cem metros de altura, 12 a mais que a do Palazzo Vecchio, na capital toscana.
O Palazzo Comunale está na Piazza del Campo, o principal ponto de encontro de moradores e visitantes. Ela é uma das maiores e mais preservadas praças medievais do continente. Um dos seus atrativos é a famosa Fonte Gaia, cuja água vem de um antigo aqueduto construído há mais de 500 anos. Com o formato de um leque, está cercada por dezenas de bares e restaurantes charmosos.
No centro histórico amuralhado uma parada obrigatória é no Duomo de Siena, considerado também um Patrimônio Mundial pela Unesco. A catedral foi construída em estilo gótico-românico entre 1136 e 1182 e guarda obras-primas de valores inestimáveis. Na Piazza del Duomo também está o Museo dell’Opera.
A praça principal da cidade é a monumental Il Campo, que data do século 13 e é onde até hoje são realizadas corridas de cavalos (Il Palio) mundialmente famosas. As disputas ocorrem sempre nos meses de julho e agosto e costumam atrair milhares de turistas.
Outra atração que merece uma visita é o santuário e a casa de Santa Catarina, padroeira de Siena. Em suas capelas e claustros estão pinturas e esculturas que retratam a vida da Santa que foi canonizada em 1461.
PISA – Torre inclinada e muito mais
Conhecida mundialmente por causa da sua famosa torre inclinada, a cidade de Pisa tem muito mais a oferecer. Infelizmente a grande maioria dos turistas não fica mais que um dia no destino.
A torre inclinada está na monumental Piazza dei Miracoli (Praça dos Milagres), complexo arquitetônico reconhecido como Patrimônio Mundial da Unesco, que abriga a Catedral de Santa Maria Assunta (Duomo), o Batistério (dedicado a São João Batista) e o Camposanto Monumentale (Cemitério Monumental).
A construção da torre teve início no século 12 e foi projetada para ser um campanário para os sinos da catedral. A inclinação – hoje com 4 graus – teve início ainda durante as obras. Ela tem 55,8 metros de altura em oito andares e a instabilidade do solo fez surgir um dos principais pontos turísticos do planeta. Do alto dela a vista é privilegiada e mostra todo o encanto do destino.
Depois da torre, o Batistério com 55 metros de altura é o monumento mais famoso da cidade. Ele mistura arquitetura românica e gótica e graças à sua forma, possui acústica extraordinária. A cada 30 minutos um funcionário canta algumas notas para demonstrar a qualidade do som. O ingresso para visitar o Batistério também dá direito a conhecer o Museu da Catedral (Museo dell’Opera del Duomo). No Cemitério Monumental estão sepultados personagens ilustres de Pisa e no seu interior estão obras de arte etruscas, romanas e medievais.
Turistas com mais tempo terão muito o que fazer e conhecer outros atrativos. Um passeio de barco ao longo do Rio Arno é oportunidade para observar outros ângulos do destino. Ou que tal escolher entre os diversos museus e igrejas os que mais agradam? Entre eles, o Museo delle Sinopie, que guarda uma coleção de obras de arte retirada do Camposanto após o bombardeio de 1945; o Museu Arqueológico com antigas embarcações; e as igrejas de San Francesco (1276), de San Nicola (1097) e de Santa Maria della Spina (1230).
Três palácios também estão no roteiro de visitas: o Palazzo della Corovana, localizado na Piazza dei Cavalieri, é sede da prestigiosa Scuola Normale Superiore di Pisa criada por Napoleão Bonaparte; o Palazzo dei Médici – o clã dos Médici governou Pisa entre 1392 e 1398; e o Palazzo Reale, construção de 1559, mostra representações de Galileo Galilei e os planetas descobertos por ele.
E não deixe de fazer uma caminhada por uma das regiões mais famosas da cidade, a Borgo Stretto, uma rua estreita com muitas lojas de marcas renomadas que está bem atrás das arcadas medievais do Rio Arno.
Como dá para notar, o Arno está presente no dia a dia de Pisa. E se você programou uma viagem à Toscana no mês de junho, incluía no roteiro a visita com pernoite na cidade no dia 16. Nessa data, anualmente, acontece a celebração Luminara de São Ranieri, o santo padroeiro local. À noite, todas as luzes nos prédios que margeiam o rio são apagadas e substituídas por mais de 120 mil velas colocadas nas janelas. O espetáculo é magnífico com as chamas refletindo nas águas. No dia seguinte a festa continua com a realização de uma regata. A tradição remonta desde 1688, quando uma urna com o corpo de Ranieri degli Scaccierie (morto em 1161) foi colocada na capela do Duomo, dando início à celebração.
Para fechar com chave de ouro, programe assistir a um pôr do sol em Lungarno Pisano. Quando a noite chega, a luz das lâmpadas de rua nas margens do Arno reflete na água, criando uma atmosfera mágica. É inesquecível!
LIVORNO – Dolce vita no litoral toscano
A cidade de 148,1 mil habitantes também pode ser considerada uma das portas de entrada da Toscana. Seu importante porto recebe anualmente muitos cruzeiros lotados de turistas em busca das joias da região. Os ferries que vão para a Ilha de Elba também saem do local.
Uma das atrações de Livorno é caminhar ao longo da sua orla admirando as águas cristalinas com diferentes tons de azul do Mar Tirreno. Ou fazer passeios de barco pelos diversos canais que cortam a cidade, alternativa interessante para conhecer o destino a partir de um outro ponto de vista. Além, claro, de ser bastante romântico.
Entre os principais pontos de interesse turístico e cultural estão a Fortaleza Nova (construída entre 1590 e 1594) e a Fortaleza Antiga (1521); o Santuário Montenero, localizado no alto de uma colina e com vista privilegiada da cidade; o Museu de História Natural do Mediterrâneo, que reúne em seu acervo muitos objetos da região mediterrânea e até um esqueleto de uma baleia; e o Mercado Público Central (Mercato delle Vettovaglie), onde a venda de peixes frescos atrai muita gente diariamente.
O roteiro pela cidade pode incluir, ainda, a Praça da República (projetada entre 1844 e 1848), a Catedral de Livorno, a Igreja de Santa Catarina (século 16), o Castelo Sonnino, a Torre de Meloria, o Monumento Quatro Mouros, o Portal de São Marcos, o prédio da Estação Ferroviária Central, a Terrazza Mascagni e o Teatro Goldoni.
Em termos gastronômicos, a cozinha livornese tem co-mo delicioso atrativo o Cacciucco, uma espécie de sopa à base de peixe, frutos do mar, tomate e pão. E em sua visita ao Mercado Público, aproveite para provar uma outra tradição da culinária local, o “5 e 5” – pão redondo recheado com uma torta de grão de bico (torta di ceci).
As melhores lojas da cidade estão na Via Grande e o bairro Venezia realiza anualmente no mês de agosto um grande evento de nome “Effetto Venezia”, que reúne mais de 200 mil visitantes.
LUGARES ENCANTADORES E ROMÂNTICOS
Como eu disse no início do texto, a Toscana tem – tirando as quatro maiores já mencionadas – uma série de encantadoras cidadezinhas e vilarejos em seu pequeno território. Entre elas estão algumas mais conhecidas e que merecem uma visita. São elas: Arezzo, Bagno Vignoni, Bolgheri, Cortona, Lucca, Lucignano, Montalcino, Montepulciano, Monteriggioni, Pienza, Pitigliano, San Gimignano, Volterra e a Ilha de Elba.
AREZZO
O visual medieval com muralhas do século 13 encanta logo de cara. Embora tenha aparência tranquila a cidade até que é bastante animada, principalmente nos finais de semana. Entre seus atrativos do dia a dia estão livrarias charmosas, bares e restaurantes com o melhor da culinária mediterrânea e, claro, sorveterias com os insuperáveis sorvetes italianos.
A cidade mantém um eterno clima de romantismo no ar. E foi por esse motivo que em Arezzo foram filmadas muitas cenas do filme “A Vida é Bela” com Roberto Benigni. Ao conhecer a cidade fica claro o acerto da escolha.
A Piazza Grande no centro histórico preservado remete ao passado, quando a cidade foi uma das 12 capitais etruscas e, mais tarde, durante a Idade Média, uma poderosa república independente. Amantes das artes e da cultura vão adorar o Museu Arqueológico e a Igreja de San Francesco, que guarda uma importante coleção de afrescos do século 15. Petrarca, o “pai do humanismo”, nasceu na cidade em 1304.
O destino também realiza anualmente, no terceiro sábado de junho e no primeiro domingo de setembro, uma grande feira medieval, a Giostra del Saracino. Tendo como palco a Piazza Grande, batalhas épicas são encenadas com roupas de época e tudo mais.
BAGNO VIGNONI
Essa linda cidade é um dos muitos destinos termais na Toscana e está localizada no belíssimo Val d’Orcia, um vale cortado pelo Rio Orcia e com várias pequenas aldeias medievais – considerado Patrimônio Mundial da Humanidade pela Unesco. Nessa região também estão Pienza, Montalcino, Castiglione d’Orcia, Radicofani e San Quirico d’Orcia, Montepulciano e outras.
Bagno Vignoni tem nascentes de águas quentes, que atraem muitos visitantes. Águas quentes que estão presentes até na praça principal em uma antiga piscina de pedras do século 16. Essa fonte termal vem de um aquífero subterrâneo de origem vulcânica. O visual das águas borbulhado na superfície chama a atenção e rende muitas fotos. Principalmente em alguns momentos do dia, quando ela fica envolvida por uma névoa sedutora. Para desfrutar das águas quentes há alguns bons spas e também uma área para banhos gratuitos no Parque dei Mullins.
A pequena Bagno Vignoni é também o ponto de partida para viagens a cidades vizinhas de grande importância histórica e de interesse artístico, além de destino ideal para os amantes de caminhadas, cavalgadas e mountain bike.
BOLGHERI
A proximidade com o mar, as pitorescas vinícolas, os campos de oliveiras e um castelo garantem o charme e o clima de romantismo a Bolgheri. Murada e com construções em pedra, mantém intacta a aparência medieval. Aliás, o deslumbramento começa bem antes de se chegar à pequena vila que integra a comuna de Castagneto Carducci, na região de Livorno. Tem início já na estrada conhecida por Viale dei Cipressi, famosa pela beleza dos ciprestes que emolduram o cenário.
Bolgheri é muito conhecida por seus vinhos deliciosos e prestigiados como o Bolgheri Sassicaia DOC e o Bolgheri DOC, produzidos com uvas típicas de Bordeaux, uma exceção na Itália. O DOC significa Denominazione di Origine Controllata. Não visitar uma vinícola será imperdoável. Muitas delas realizam degustação de vinhos. Entre as mais conhecidas estão a Tenuta San Guido, Castello di Bolgheri, Gualdo al Tasso, Ornellaia, Argentiera e Le Macchiole.
Mas, além dos vinhos, existem outros atrativos que merecem uma visita. Caso do Oratório de San Guido, uma pequena igreja localizada na Via Aurélia, que foi construída em 1703 a mando do conde Simone Guido Maria em homenagem ao seu ancestral Guido – eremita que viveu entre os séculos 11 e 12.
As pequenas ruas estreitas do centro histórico também merecem ser exploradas. Elas estão repletas de lojinhas com artesanato local e também restaurantes e enotecas. Na Piazza Carlo Alberto está a casa onde o poeta Giosué Carducci viveu na juventude. Tudo isso ao redor do Castelo de Bolgheri de origem medieval, que desde o século 13 era propriedade da família Della Gherardesca.
CORTONA
O livro “Sob o Sol da Toscana” da escritora norte-americana Frances Mayes revelou para o mundo as belezas e encantos dessa pequena joia toscana de origem etrusca. A autobiografia virou filme e aumentou a fama da cidade, na província de Arezzo. E, claro, entrou para o mapa de locais turísticos da Itália. A fama aumentou ainda mais depois que o violinista André Rieu escolheu o destino para fazer um show ao ar livre que virou DVD (Romantic Paradise).
Localizada no coração da Toscana, no Vale do Rio Chiana, é toda cercada por uma muralha que tem seis portas de entrada. No lado de dentro, deixe-se perder por suas ruas estreitas. Quando cansar, escolha um dos restaurantes familiares para tomar um bom vinho Syrah e se deliciar com comidas típicas. Sem pressa, claro!
Depois, retome a caminhada ou pare para visitar um dos museus ou igrejas. A histórica Piazza della Repubblica é o principal ponto de referência. Outros atrativos locais são o Convento Eremo delle Celle – onde São Francisco de Assis viveu algum tempo; o Teatro Signorelli – construído em 1854 em estilo neoclássico; o Duomo di Cortona – catedral da época do Renascimento e com muitas obras sacras; a Fortezza di Girifalco – localizada na parte alta da cidade tem torre de onde se pode admirar toda a região; e a a Igreja de Santa Maria delle Grazie al Calcinaio – projetada pelo arquiteto renascentista Francesco di Giorgio Martini tem uma nave ladeada por duas capelas.
LUCIGNANO
Essa pequena vila rodeada por muralha medieval no topo de uma colina, com ruas estreitas, casas de pedra e uma vista privilegiada de Val di Chiana, entre Siena e Arezzo, é destino famoso entre casais apaixonados. E o motivo principal é uma joia chamada Árvore da Vida – também conhecida como Árvore do Amor.
Essa obra-prima de ourivesaria demorou mais de 120 anos para ser concluída (1350 a 1471). Ela está no Museo Comunale di Lucignano (Museu Municipal) dentro do Palazzo Comunale, um palácio construído entre os séculos 13 e 19. Com 2,60 metros de altura, foi criada com objetivos religiosos, porém, com o passar do tempo, ganhou nova conotação. Muitas pessoas passaram a acreditar que essa árvore de ouro tinha o poder de tornar o amor eterno. Assim, desde a Idade Média, casais apaixonados e os recém-casados fazem juras de amor aos seus pés.
Lucignano faz parte de um circuito turístico que revela uma Itália ainda pouco conhecida. Horizontes até onde os olhos podem ver e um campo bem cuidado, em plena harmonia com a paisagem, dão ao visitante a sensação de um lugar que parou no tempo.
PIENZA
A história da pequena cidade localizada ao Sul de Siena, na belíssima região da Val d’Orcia, está ligada à de Enea Silvio Piccolomini, o Papa Pio II – nomeado em 1458. Nascido em Pienza, ele transformou uma aldeia medieval em uma residência papal em estilo renascentista. Parte do relevante patrimônio histórico e artístico do destino está concentrado em uma praça dedicada ao pontífice.
Em seu centro histórico estão o Palácio Piccolomini e o Duomo, os principais pontos de atração. No interior da catedral não deixe de visitar a Bibliotecca Picolomini, construída e decorada no fim do século 15, após a sua morte de Pio II. Os afrescos que cobrem as paredes são de autoria de Pinturricchio, com a ajuda do jovem Rafael Sanzio.
Casas de pedra e a população de pouco mais de 2,2 mil habitantes dão ao destino uma tranquilidade incomum. Chama a atenção os nomes das ruas. Casais em escapadas românticas procuram principalmente a Via dell’Amore (Rua do Amor) e a Via del Bacio (Rua do Beijo).
Uma caminhada em torno das muralhas medievais, levam a visuais de tirar o fôlego, principalmente com o Monte Amiata no horizonte.
Uma especialidade local é o delicioso queijo Pecorino (cacio), produzido com leite de ovelhas. Quem gosta de queijo vai se sentir no paraíso. O Pecorino de Pienza pode ser encontrado na sua forma tradicional ou, ainda, trufado, apimentado, fresco, envelhecido em gruta, envolvido com folhas de nogueira ou embebido com vinho. Aproveite! Além dos queijos, geleias, embutidos, azeites e vinhos locais também são facilmente encontrados em pequenas lojas espalhadas do centro.
O Pecorino é tão importante para Pienza que ele tem uma festa dedicada exclusivamente a ele, a Festa do Cacio, realizada durante uma semana entre agosto e setembro. São muitas atrações, porém, a mais esperada é uma competição que consiste em fazer rolar um queijo Pecorino dentro de círculos com diferentes pontuações. Estranho? Eles não acham e adoram!
Pienza é tão romântica que foi o lugar escolhido por Franco Zeffirelli para filmar o clássico “Romeu e Julieta” (1968), vencedor de dois Oscars. Precisa falar mais?
VOLTERRA
Mais uma cidade romântica da Toscana. O visual medieval com palácios e igrejas envolvidos por cenários naturais de beleza singular garantem essa fama.
Seu centro histórico do século 14 permanece preservado. Nele estão ruas estreitas e sinuosas, palácios renascentistas, museus, igrejas, ruínas etruscas e até túneis e passagens secretas. A Porta di San Francesco e o Palazzo dei Priori são joias arquitetônicas do ínicio do século 13. Caminhando ao longo da Vicolo Mazzoni chega-se ao Palazzo Viti com seus cômodos elegantes e ricamente decorados. Na antiga muralha (século 4 a.C.) é possível visitar a Porta all’Arco, o único portal etrusco italiano completo.
Vale também uma visita às ruínas de um anfiteatro romano e ao Museu Etrusco Guarnacci, que reúne muitos achados etruscos da região.
MONTERIGGIONI
Pequena vila medieval próxima de Siena, foi erguida no século 12 sobre uma colina cercada por plantações de uvas e olivas. Originalmente era uma fortaleza para defesa contra invasões da então rival Florença. A cidade surgiu no interior das muralhas de pedra e circundada por torres.
No interior da antiga fortaleza estão praças, um museu, igrejas e uma basílica. As entradas principais são a Porta di Levante (onde o sol nasce) e a Porta di Ponente (onde o sol se põe). O acesso ao topo da muralha oferece um visual maravilhoso em 360 graus.
Restaurantes e os vinhos locais Le Cerchia convidam a bons momentos de prazer à mesa. Lojas de produtos em couro, principalmente sapatos feitos à mão, oferecem boas oportunidades de compras.
Como em outros destinos da Toscana, Monteriggioni também realiza uma grande festa anual – no mês de julho – com muita música, gastronomia, mostras de arte e uma encenação de uma batalha que remete à Idade Média com personagens vestidos com roupas típicas, armas e espadas.
SAN GIMIGNANO
Com apenas pouco mais de 7 mil habitantes, San Gimignano recebe 3 milhões de visitantes por ano. Entre os motivos para tamanho movimento nessa cidade com mais de mil anos de história estão as 14 torres medievais, a arquitetura feudal e as paisagens maravilhosas. Tanto que foi eleita Patrimônio Mundial da Unesco em 1990.
Seu centro histórico é bem pequeno e pode ser percorrido em 15 minutos. Comece o passeio no Portão de San Giovanni, a porta de entrada do destino. As praças são decoradas com muitas flores e nas ruas estreitas estão restaurantes e lojinhas que vendem produtos locais como o saboroso salame de javali. Na Piazza della Cisterna está a famosa Gelateria Dondoli, que ganhou várias vezes o concurso de melhor sorvete do mundo. Bem pertinho, na Piazza del Duomo, estão o Duomo de San Gimignano e outro conjunto de torres.
MONTEPULCIANO
Destino imperdível para os apreciadores de um bom vinho. A fama da bebida nessa cidade localizada na região Sul da Toscana, vem do Nobile di Montepulciano, um vinho que tem sido produzido desde a Idade Média. É considerado por enólogos como sendo um dos melhores da Itália.
Mas o destino de 14,5 mil habitantes, pertencente à província de Siena, tem muito a oferecer além do vinho famoso. São várias as praças, palácios renascentistas, monumentos e fortificações medievais. No centro histórico estão a Piazza Grande, o Duomo, dedicado a Santa Maria Assunta, o Poço Medieval, o Palazzo dei Capitano del Popolo, a Igreja Sant’Agnese, a Fortaleza Del Sangallo e a Porta de Gracciano com a coluna de Marzocco.
Outros destaques são a Piazza Savonarola, onde está a pequena igreja dedicada a São Bernardo; o lindo Palazzo Avignonesi del Vignola; o Palazzo Bucelli; a Igreja de Sant Agostino; e a Torre dell’Orologio.
Nos arredores da cidade – na estrada que leva a Pienza – vale uma paradinha na igreja Templo di San Biaggio, uma construção renascentista do século 16. O visual lá do alto é fantástico!
LUCCA
Certamente Lucca é uma das cidades mais visitadas da Toscana. E motivos não faltam. Principalmente por suas muralhas renascentistas espetaculares que envolvem a cidade velha. Uma boa pedida é caminhar relaxadamente por elas apreciando o visual.
Outro motivo são as obras de arte mais conhecidas da Itália. Como, por exemplo, a “A Última Ceia”, de Tintoretto, que está no Duomo San Martino, a impressionante catedral gótica construída entre os séculos 11 e 13.
A região central é muito bonita e repleta de atrativos como praças, jardins, igrejas e torres. Se estiver com tempo, valem à pena visitas ao Pallazzo Pfanner, a Igreja de San Michele e a Piazza Anfiteatro.
O destino que é conhecido pelos italianos como “a cidade das 100 igrejas” também reserva refúgios românticos como a Villa Garzoni com seus lindos jardins.
MONTALCINO
Pequena no tamanho e grande na fama. Montalcino tem apenas pouco mais de 5 mil habitantes, mas recebe muitos visitantes em busca do seu Brunello, vinho tinto considerado entre os melhores da Itália. Foi o primeiro vinho italiano a receber o selo DOCG (Denominação de Origem Controlada e Garantida), em 1980.
Patrimônio Mundial da Unesco desde 2004, esta província de Siena está sobre uma colina rodeada por um cenário de tirar o fôlego. Um tour deve incluir a fortaleza La Rocca, erguida em 1361 aproveitando em parte a muralha do século 14 que circunda a cidade; a Catedral do Santissimo Salvatore (Duomo de Montalcino), construção em estilo neoclássico (1818-1832) sobre uma antiga igreja românica do século 11; a Igreja da Madonna del Socorsso (1330); a Piazza del Poppolo e Palazzo dei Priori – o centro político da cidade desde a Idade Média; e a Badia di Sant’Antimo, igreja construída e fundada em 781 por Carlos Magno, exemplo de arquitetura românica lombardo-francês, construída em ônix e alabastro.
Depois de bater perna pelas estreitas ruas de pedra de Montalcino, nada melhor que parar em uma cantina e degustar um Brunello.
PITIGLIANO
Olhando de longe o visual é impressionante. Esta pequenina cidade foi construída em um penhasco rochoso. Por esse motivo, existem muitos túneis nos subterrâneos, bem como tumbas etruscas com mais de 4 mil anos.
Por ser bem pequena, o acesso aos principais pontos de interesse turístico pode ser feito facilmente a pé. Carros não entram em seu centro histórico. Entre as atrações estão a catedral (Duomo), localizada na Piazza San Gregorio; o Palazzo Orsini (1545) que conta com um aqueduto para fazer o abastecimento de água; o Museu Zucarelli, que reúne obras do artista que viveu na cidade; e o Museu Etrusco com objetos dos antigos povos da região.
Um emaranhado de ruelas medievais esconde um bairro judeu do século 17, época em que eles fugiam da perseguição da igreja católica. Essa comunidade judaica fez com que Pitigliano também seja chamada de “Pequena Jerusalém”.
ILHA DE ELBA
Distante 20 quilômetros da costa da península itálica, é a maior ilha do Arquipélago Toscano e a terceira maior do país. Elba apresenta lindas paisagens e vilas pitorescas em um agradável clima mediterrâneo. Mas ela é muito mais conhecida por ter sido o local de exílio de Napoleão Bonaparte entre os anos de 1814 e 1815, depois do Tratado de Fontainebleau e da tentativa fracassada de invadir a Rússia.
As praias da Ilha de Elba são um espetáculo à parte. São mais de uma centena em um lindo mar azul turquesa e cristalino. Entre elas, estão Sansone, Capo Bianco, Cavoli e Fetovaia, sendo que algumas são de areia branca, bem diferente das com pedrinhas tão comuns no Mediterrâneo.
A ilha tem algumas pequenas cidades, que possuem um visual muito parecido com as da parte continental da Toscana. Uma delas é a capital Portoferraio, com construções em tons de terracota debruçadas sobre uma baía e vários fortes. No centro histórico, protegido por torres e uma fortificação, estão o Museu Arqueológico e a Casa dos Moinhos (Palazzina dei Mulini), onde Napoleão morou em seu exílio. Também vale conhecer as cidades de Capoliveri e Porto Azzurro.
Elba é muito procurada por quem gosta de fazer trilhas a pé ou de mountain bike junto à natureza. A subida até o topo do Monte Capanne, a mais de mil metros acima do nível do mar é opção para os fortes. Mas para quem apenas quer curtir a vista é possível subir de teleférico.
Como chegar
Não há voos diretos do Brasil para a região da Toscana, que tem como principal porta de entrada a cidade de Florença. A Alitalia (alitalia.com) tem voos diretos entre o São Paulo e também do Rio de Janeiro para Roma. Da capital italiana é possível tomar um voo de conexão ou fazer o trajeto de trem. Outras possibilidades são utilizar os serviços de companhias aéreas como a British Airways (britishairways.com), KLM (klm.com) ou Lufthansa (lufthansa.com) e fazer uma conexão direto ao Aeroporto Internacional Firenze a partir das cidades de Londres, Amsterdã e Frankfurt, respectivamente. Uma opção interessante é a Royal Air Maroc (royalairmaroc.com), que tem voos saindo de São Paulo e Rio para Casablanca e de lá para Roma e Milão – diariamente. Podendo ficar até 7 dias no Marrocos sem custos adicionais na passagem.
Onde ficar
A Toscana oferece uma infinidade de lugares românticos e aconchegantes. Entre as opções charmosas estão inclusive alguns castelos medievais.
O que comer
Todo mundo já sabe que a culinária italiana é uma das melhores do mundo. E na Toscana a tradição mediterrânea de excelente gastronomia é levada muito a sério. Preparados com ingredientes frescos e de qualidade, os principais pratos levam carnes (javali, porco e boi), aves, peixes e frutos do mar. Entre os mais tradicionais estão o pão toscano (sem sal), a Bistecca alla Fiorentina (bife alto, aromático e suculento), a Ribollita (sopa com couve, feijão, cebola e cenouras), a Pappa al Pomorodo (sopa de tomate), a Pici Senesi (massa feita à mão) e o Zuccotto (bolinho recheado de amêndoas e chocolate).
Texto por: Tino Simões
Foto destaque por istock/ StevanZZ