A região da rota Caminhos dos Imigrantes, no Espírito Santo, reserva boas surpresas em relação à preservação das culturas que formaram a história do Estado e do Brasil. Santa Maria de Jetibá, uma das cidades que compõem o roteiro, é grande exemplo disso. Localizado a cerca de 80 quilômetros da capital Vitória, o município é considerado o mais pomerano do Brasil.
Isso porque, em meados de 1870, cerca de 800 imigrantes dessa região alemã se fixaram na então Colônia de Santa Leopoldina e, décadas depois, acabaram escolhendo Santa Maria como morada.
Dos anos mais remotos até os dias de hoje, a cultura permanece forte entre seus moradores e encanta os turistas. Seja na arquitetura, nos eventos sociais – como o casamento – ou na gastronomia, é impossível não se deparar com as influências pomeranas em uma visita pelo destino.
Graças a isso, a cidade conta com um roteiro especial por propriedades de famílias pomeranas. O passeio promove uma verdadeira experiência pelas tradições desse povo.
Com beleza exuberante, florestas e cachoeiras, e um pouco de aventura, o circuito Terras Pomeranas visita propriedades de agricultura familiar e orgânica, floricultura e fruticultura (uva, framboesa, morango, amora, entre outros). Nele, também é possível se deliciar com os produtos típicos da região, como pães, biscoitos e o tradicional brot (pão de milho dos pomeranos). Visite o ‘colha e pague’ de produção de uvas Niágara e comercialização de vinhos.
Memorial: do casamento à mesa pomerana
Parte do roteiro, o Memorial Waiands Huus se destaca por oferecer um passeio que conta um pouco da história desse povo e faz o turista imergir nessa cultura. Isso porque, em uma visita, os proprietários Marineuza Plaster Waiandt e Helmut Waiandt, fazem a apresentação de um legítimo convite de casamento pomerano – com direito a cachacinha para confirmar presença – e também a encenação da típica cerimônia do quebra-louças.
O casamento pomerano é repleto de singularidades, que vão desde o vestido da noiva – originalmente preto – passando pela produção de todos os detalhes pela família, que trata os noivos “como reis” até o ritual de quebras louças – que tradicionalmente afugenta os maus olhares da nova família.
O memorial conta também com uma casinha típica, datada da década 1950, toda mobiliada com móveis originais que retratam a vida na época. Objetos como um relógio de parede, berço, ferramentas de lavoura, louças e utensílios domésticos estão expostos e ganham vida com a explicação de Marineuza.
É também pelas mãos da matriarca Plaster que passamos para a parte gastronômica do passeio. Os visitantes são convidados a relaxarem na varanda do casal, enquanto é finalizado o almoço. No cardápio, pratos típicos do dia a dia pomerano, como purê de mandioca, trouxinhas de repolho, feijão de frigideira, sopa de macarrão e, para finalizar, arroz doce de sobremesa.
A visita ao memorial se encerra com muita vida. Cada visitante ou grupo é convidado a plantar uma muda de ipê para eternizar sua passagem. Por ali, cultura e natureza se preservam e vão vivendo em grande harmonia.
O espaço recebe visitas agendadas e ainda conta com estrutura de cama e café, para hospedagem. Para saber mais, acesse: facebook.com/waiandshuus
Anualmente, a cidade realiza a Festa Pomerana, que desfila pelas ruas as músicas, danças folclóricas, comidas e bebidas típicas dessa cultura pouco conhecida. Para mais informações: pmsmj.es.gov.br
Texto por: Eliria Buso
Fotos por Caroline de Oliveira