Curitiba, com seus 324 anos de história, tem uma grande diversidade cultural, fruto das diferentes etnias e nações que a colonizaram. A arquitetura, gastronomia e até o sotaque são frutos dessa miscigenação. Uma das teorias que explicam o jeito de falar curitibano diz que os moradores da cidade procuravam falar todas as sílabas de forma bem clara, para que todo tipo de gente pudesse entender. Para celebrar essas heranças, nas manhãs de domingo, no Memorial de Curitiba, a Fundação Cultural promove o Pavilhão Étnico, com apresentações folclóricas de vários países e etnias.
Confira abaixo alguns locais da cidade marcam a importância dos povos que formaram Curitiba:
Parque Tingui
O nome do parque é uma homenagem ao povo indígena que primeiro habitou a região de Curitiba. Os tinguis eram índios combativos, hábeis na execução de armas e utensílios de pedra. O nome tingui significa “nariz afinado”. Numa das entradas do parque está a estátua do cacique Tindiquera, feita pelo artista plástico Elvo Benito Damo. Conta a lenda que o líder da tribo Tingui foi quem indicou aos colonizadores o local como deveria ser instalada a Vila de Nossa Senhora da Luz dos Pinhais.
O parque tem uma área de 380 mil m², com lagos, parquinhos e ciclovias e foi inaugurado pelo prefeito Rafael Greca em 1994. Cumpre um importante papel ambiental na proteção da bacia do Rio Barigui.
Localização: Entre as ruas Rua Fredolin Wolf e José Valle, ao longo do Rio Barigui, São João.
Bosque Portugal
Os portugueses foram os fundadores de Curitiba. Entre o século XVII e o século XIX, a cultura lusitana predominava na cidade. A arquitetura colonial portuguesa ainda está presente no patrimônio histórico de Curitiba. No século XIX e início do século XX, imigrantes portugueses chegaram com a leva de imigrantes europeus da época. Enquanto a maioria se fixava em colônias agrícolas, os portugueses preferiram o comércio e a indústria.
O Bosque Portugal possui um painel decorativo e vinte pilares decorados com azulejos pintados à mão, com trechos de poesias de autores brasileiros e lusitanos. O espaço foi inaugurado em 1994.
Localização: Rua Fagundes Varela, Jardim Social.
Praça Zumbi dos Palmares
A contribuição das tradições africanas para o Brasil é muito profunda e toca diversos traços da nossa cultura: gastronomia, música, dança, costumes e muito mais. Em Curitiba não é diferente. Até o início do século XIX, os curitibanos eram basicamente descendentes de índios, portugueses e africanos. Os escravos negros chegaram a Curitiba a partir do século XVII. No fim do século XVIII, estima-se que a população de pretos e pardos na capital paranaense era superior a 40%. Poucos sabem, mas o primeiro curitibano retratado é um trabalhador negro, na ilustração do francês Debret, de 1827.
Um marco da cultura africana em Curitiba, a Praça Zumbi dos Palmares homenageia um ícone da resistência contra a escravidão. Lado a lado, 54 totens de quatro metros de altura representando cada nação da África. Duas colunas representam a Educação e a Cultura centradas sobre um piso de petit-pavê que compõe um mapa do continente africano. A praça foi inaugurada em 2010.
Localização: Rua Elói Orestes Zeglin, Pinheirinho.
Portal Italiano
Os italianos chegaram na segunda metade do século XIX e se estabeleceram, em sua maioria, em áreas rurais da região. Estes núcleos deram origem aos atuais bairros de Santa Felicidade, Pilarzinho, Umbará, entre outros. A maior parte dos imigrantes italianos de Curitiba vieram do norte da Itália, das regiões do Vêneto e de Treviso.
Para homenagear a vinda desses imigrantes, o Portal Italiano foi inaugurado em setembro de 1990. O portal marca a entrada do bairro de Santa Felicidade, maior polo gastronômico da cidade e um dos marcos da cultura italiana na capital.
Localização: Avenida Manoel Ribas, Mercês.
Bosque Alemão
Os imigrantes alemães chegaram a partir de 1833 e trouxeram inovações como a construção de casarões. Algumas destas edificações ainda existem no bairro de São Francisco, como o Palacete Wolf, atual sede do Instituto Municipal de Turismo de Curitiba.
O Bosque Alemão é uma homenagem à imigração alemã em Curitiba. Inaugurado em 1996, o local guarda o Oratório de Bach, que homenageia o compositor alemão Johann Sebastian Bach, enquanto a Torre dos Filósofos homenageia os grandes pensadores germânicos. A Trilha de João e Maria, personagens do conto dos irmãos Grimm, passa pela Casa da Bruxa, uma biblioteca infantil com espaço para encenações de contos e fábulas.
Localização: Rua Francisco Schaffer, Vista Alegre.
Memorial Polonês
Os primeiros poloneses chegaram ao Paraná em 1871 e fizeram de Curitiba a maior colônia polonesa do Brasil. Pilarzinho, Abranches e Santa Cândida foram alguns dos bairros que abrigaram as colônias. Em sua maioria, dedicaram-se à agricultura e difundiram o uso do arado e de outras técnicas agrícolas.
O Memorial Polonês foi inaugurado em 1980 para marcar a visita do Papa João Paulo II. É formado por casas tradicionais polonesas, remontadas no bosque. Dentro das casas pode-se encontrar antigos artefatos utilizados pelos imigrantes. Uma das casas abriga a Capela em homenagem à Nossa Senhora de Czestochowa, padroeira da Polônia.
Localização: Rua Euclides Bandeira, Centro Cívico.
Memorial Árabe
O maior fluxo da imigração árabe para Curitiba ocorreu após a Segunda Guerra Mundial. Nessa época representavam cerca de 10% da população. Já os sírios e libaneses do início do século XX estabeleceram-se no comércio. Destacaram-se também na área gastronômica com seus temperos e culinária típica.
O Memorial Árabe foi inaugurado em 1996 para homenagear os imigrantes da região que contribuíram para a formação da cidade. A construção abriga o Farol do Saber Gibran Khalil Gibran, poeta e filósofo libanês marcou época ao produzir obras literárias respeitadas em todo o mundo.
Localização: Praça Gibran Khalil Gibran, Centro Cívico.
Memorial Ucraniano
A maioria dos imigrantes ucranianos chegou ao Paraná no século XIX. Estabeleceram-se na região das Mercês e no Bigorrilho, onde existe uma praça dedicada à Ucrânia.
O Memorial Ucraniano localiza-se no Parque Tingui e foi inaugurado em 1995. No espaço encontra-se uma réplica da Igreja Ortodoxa de São Miguel Arcanjo, localizada no interior do Paraná. O interior da igreja é utilizado como museu. Nele encontram-se os tradicionais Pêssankas (Pysanka), símbolos de boa fortuna na cultura eslava.
Localização: Rua Dr. Mba de Ferrante, Parque Tingui, São João.
Praça da Espanha
Os espanhóis estão presentes no sul do Brasil há séculos. No entanto, a maior onda migratória de espanhóis para o Paraná aconteceu nas décadas de 1950 e 1960. A maioria veio das regiões de Galícia, Andaluzia e Catalunha e se fixaram em maior parte em Curitiba, onde se dedicaram ao comércio, à gastronomia, à construção e às profissões liberais. Os espanhóis têm grande tradição no trabalho com pedras e granitos e realizaram trabalhos importantes como marmoristas na Biblioteca Pública, no Palácio do Governo, no Tribunal de Contas e no Teatro Guaíra.
A Praça da Espanha foi inaugurada na década de 1990 e possui o Farol do Saber Miguel de Cervantes, onde está o busto do famoso escritor espanhol. Próximo à praça encontram-se muitos restaurantes e bares, ótimos para um roteiro gastronômico.
Localização: Rua Coronel Dulcídio, Bigorrilho.
Praça do Japão
Os japoneses chegaram a Curitiba a partir de 1915, mas foi em 1924 que um número maior de imigrantes se fixou na cidade. Os principais bairros foram o Uberaba e o Campo Comprido. A capital paranaense possui a segunda maior comunidade japonesa do Brasil, atrás somente de São Paulo.
A Praça do Japão é uma homenagem aos imigrantes japoneses e possui o Portal Japonês, o Memorial da Imigração Japonesa, a Biblioteca Municipal da Praça do Japão, onde estão disponíveis publicações em japonês, a Casa de Chá e a Casa da Cultura, onde é possível conhecer as dobraduras de papel (origami), a arte floral (ikebana) e os poemas de três versos (haikai).
Localização: Avenida Sete de Setembro, Água Verde.
Mais informações em: turismo.curitiba.pr.gov.br
Texto por: Agência com edição de Patrícia Chemin
Foto destaque por: Jaelson Lucas / SMCS