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Museu Afro Brasil expõe nomes da arte contemporânea de Portugal

29 de dezembro de 2016

Com 270 obras, a mostra é um amplo panorama da arte contemporânea portuguesa e de suas relações com a África e o Brasil

Até 8 de janeiro, quem visitar o Museu Afro Brasil vai poder admirar obras de artistas lusos que integram a exposição internacional “Portugal Portugueses – Arte Contemporânea”.  Com a curadoria de Emanoel Araujo, a mostra faz parte de uma trilogia desenvolvida pelo Museu Afro Brasil e pretende aproximar alguns dos principais artistas portugueses da atualidade do universo cultural brasileiro.

As influências interculturais de Portugal, África e Brasil, nascidas com o antigo império português e aprofundadas decisivamente pela escravidão, são redesenhadas na perspectiva contemporânea. “Nossos olhares se voltam para as manifestações criativas nascidas no triângulo da invenção, um eixo geográfico que envolve Portugal, África e Brasil”, diz Araujo. “O corpo da exposição tem muitas vertentes. Procuramos mostrar uma arte contemporânea entre o modernismo e a construção de uma nova identidade, que envolve artistas jovens e outros consolidados”.

Foto por Divulgação/ Fabio Chiba

Foto por Divulgação/ Fabio Chiba

No museu, 270 obras – entre pinturas, esculturas, fotografias e instalações – compõem um amplo panorama da arte lusitana realizado no Brasil nos últimos anos. Entre os destaques, Coração Independente Vermelho, instalação de Joana Vasconcelos, um dos maiores nomes da arte portuguesa na cena internacional.

A obra desta artista tem a forma de um enorme “coração de Viana”, peça icônica da filigrana portuguesa, associada à cidade de Viana do Castelo e ao estabelecimento do culto do Sagrado Coração de Jesus. Trata-se de uma emotiva instalação sonora e cinética.

No itinerário, destacam-se ainda as obras de Helena Almeida e Maria Helena Vieira da Silva, centrais na arte portuguesa no século 20. Outras instalações também marcam presença nos 3.000 m² destinados à exposição, como Plataforma, de Miguel Palma, que promete surpreender os visitantes por suas dimensões e originalidade.

Os seguintes núcleos expositivos especiais foram articulados para a exposição: “Africanos portugueses”, “Brasileiros portugueses” e “Homenagem a Bordalo Pinheiro”, um espaço criado em celebração à memória do artista Rafael Bordalo Pinheiro, que viveu no Brasil entre 1875 e 1879, e reúne livros e cerâmicas, além de caricaturas e desenhos publicados em revistas como O Psit!!! (1877), O Besouro (1878), O António Maria (1879-85;1891-98) e A Paródia (1900).

“Por muitas razões, a arte portuguesa tem um leque enorme de situações que nos comove, porque nele existem resquícios da África, do Brasil e, naturalmente, do próprio Portugal. Houve um tempo em que essas influências e fluências estavam tão ativas, que transpirava uma espécie de suor com cheiros da complexa história de fluxos e refluxos”, avalia Araujo, no texto curatorial.
Antonio Manuel, português radicado no Rio de Janeiro, participa com as duas instalações Frutos do Espaço e A Nave. O artista começou a destacar-se com seu trabalho crítico à ditadura militar brasileira. Em 1968, ele integrou a célebre exposição “Apocalipopótese”, organizada por Hélio Oiticica e Rogério Duarte.

Na área da fotografia, participam Fernando Lemos e Orlando Azevedo, também radicados no Brasil. Com 90 anos, Lemos é um membro histórico do grupo surrealista de Lisboa, na década de 40. Por sua vez, o fotógrafo Manuel Correia traz a série Reis, parte de um projeto fotográfico sobre o poder tradicional em Angola.

Entre os pintores, destaca-se Michael de Brito, artista com ascendência portuguesa que desenvolve cenas que retratam o cotidiano português nas telas Woman with Chorizos e At the Table. Gonçalo Pena, com três pinturas a óleo de grandes dimensões, reforça o painel de pintores.

Com uma pesquisa que se move entre o desenho, a escultura e a arquitetura, o artista José Pedro Croft integra a mostra com duas grandes esculturas em aço, vidro e espelhos, que interagem umas com as outras formando uma única peça, além de dois desenhos.
“Portugal Portugueses” é uma ótima oportunidade para revisitar artistas como João Fonte Santa, Francisco Vidal, José de Guimarães e Yonamine, conhecidos do público do Museu Afro Brasil, pois já participaram de outras coletivas.

Yonamine, que faz uma ponte artística entre Brasil, Portugal e África, apresenta Pão Nosso de Cada Dia, um grande painel de cerca de oito metros com pães de forma torrados. João Fonte Santa traz pinturas inspiradas no relato da viagem realizada no Brasil pelos naturalistas bávaros Johann Baptist von Spix e Carl Friedrich Philipp von Martius no século 19. Francisco Vidal participa da mostra com Utopia Luanda Machine, um grande painel composto de mais de uma centena de papéis feitos à mão.

Foto por Divulgação/ Fábio Chiba

Foto por Divulgação/ Fábio Chiba

Além desses artistas, “Portugal Portugueses” conta com obras de Albuquerque Mendes, Ana Vieira, Artur Barrio, Ascânio MMM, Cristina Ataíde, Didier Faustino, João Pedro Vale e Nuno Alexandre Ferreira, Joaquim Rodrigo, Joaquim Tenreiro, José Loureiro, Jorge Molder, Julião Sarmento, Lourdes Castro, Miguel Palma, Miguel Soares, Nuno Ramalho, Nuno Sousa Vieira, Paula Rego, Paulo Lisboa, Pedro Barateiro, Pedro Cabrita Reis, Pedro Valdez Cardoso, Rui Calçada Bastos, Sofia Leitão, Teresa Braula Reis, Tiago Alexandre, Vasco Araújo e Vasco Futscher.

SERVIÇO

O Museu Afro Brasil fica na Avenida Pedro Álvares Cabral, s/nº, Parque Ibirapuera – Portão 10, São Paulo (SP), tel. (11) 3320-8900, site museuafrobrasil.org.br. Funciona de terça-feira a domingo, das 10 às 17 horas, com permanência até às 18 horas.

Texto por: Fabíola Musarra

Foto destaque Divulgação/ Fábio Chiba

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