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A tradição da arte circense não pode morrer

25 de novembro de 2016

Dos chineses aos gregos, dos egípcios aos indianos, quase todas as civilizações antigas já praticavam algum tipo de arte circense há pelo menos 4 000 anos – mas o circo, como o conhecemos hoje só começou a tomar forma durante o Império Romano. O primeiro a se tornar famoso foi o Circus Maximus, que teria sido inaugurado no século VI a.C., com capacidade para 150 000 pessoas. A atração principal eram as corridas de carruagens, mas, com o tempo, foram acrescentadas as lutas de gladiadores, as apresentações de animais selvagens e de pessoas com habilidades incomuns, como engolidores de fogo. Destruído por um grande incêndio, esse anfiteatro foi substituído, em 40 a.C., pelo Coliseu, cujas ruínas até hoje compõem o cartão postal número um de Roma.

Com o fim do império dos Césares e o início da era medieval, artistas populares passaram a improvisar suas apresentações em praças públicas, feiras e entradas de igrejas. “Nasciam assim as famílias de saltimbancos, que viajavam de cidade em cidade para apresentar seus números cômicos, de pirofagia, malabarismo, dança e teatro” Tudo isso, porém, não passa de uma pré-história das artes circenses, porque foi só na Inglaterra do século XVIII que surgiu o circo moderno, com seu picadeiro circular e a reunião das atrações que compõem o espetáculo ainda hoje. Cavaleiro de 1 001 habilidades, o ex-militar inglês Philip Astley inaugurou, em 1768, em Londres, o Royal Amphitheatre of Arts (Anfiteatro Real das Artes), para exibições equestres. Para quebrar a seriedade das apresentações, alternou números com palhaços e todo tipo de acrobata e malabarista.

Circo Spacial resgata valores e vira empresa

O Brasil atualmente possui cerca de 2.500 circos ativos sendo 30 deles considerados de médio, a grande porte. Aqui existem alguns bons circos e dentre eles podemos destacar o Circo Spacial, fundado pela empresária Marlene Olímpia Querubin, em agosto de 1985.

Tudo começou com o sonho de seu filho, Jacson Querubin que na época tinha apenas quatro anos. Ele sonhou que através de uma nave espacial, conseguia levar – numa viagem fantástica e imaginária – muita alegria, magia para crianças de todas as idades. O sonho do pequeno Jacson foi apenas a semente lançada que germinou rapidamente através de sua mãe, que na época trabalhava na área de marketing .

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Foto por Cláudio Lacerda Oliva

Nascia assim o Circo Spacial que abriu pela primeira vez suas cortinas com uma equipe composta por artistas, parentes, amigos e outros profissionais que acreditaram no sonho. O Spacial acabou se transformando no primeiro circo empresa, modelo seguido anos depois por Beto Carrero.

A trupe cresceu e hoje conta com mais de 35 famílias que percorrem todo o Brasil, totalizando 120 artistas, técnicos, costureiras, aderecistas, camareiras, cenógrafos, motoristas, produtores, além do pessoal terceirizado, em 20 carretas, cavalos mecânicos, carro de som e trailers. São 200 toneladas de equipamentos e um guarda-roupa com mais de dois mil itens, com muito brilho e colorido intenso.

Consagrado pela crítica e pelo público, o Spacial é considerado atualmente um dos mais completos circos do Brasil.

Nos últimos trinta anos, o Circo Spacial foi o único a receber a visita de um Presidente da República do Brasil e também o único a sediar uma sessão solene da Câmara de São Paulo, realizada em 2007.

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Foto por Cláudio Lacerda Oliva

A arte circense é uma das mais antigas da história da humanidade e este importante resgate de valores e tradições prova que o sonho não acabou.

O Circo Spacial preserva a tradição da legítima arte circense valorizando malabaristas, contorcionistas, equilibristas, acrobatas, trapezistas e os eternos palhaços. O resultado é um espetáculo dinâmico e criativo, mas que resgata as raízes e os valores dessa expressão artística.
A verdadeira essência do circo vai muito além do lado lúdico, pois também dá lições às crianças e adultos sobre disciplina, respeito e superação de limites. Com os olhos constantemente voltados para o futuro, desde seu nascimento, há quase três décadas, o Spacial se destaca por retratar uma realidade que ainda hoje é considerada inovadora em termos circenses. Essa referência não se limita ao espetáculo – principal produto da organização -, mas também ao circo enquanto empresa: um misto de arte e racionalidade.

Adaptação e resistência são as palavras-chave do sucesso. Visionária e determinada, a empresária Marlene Querubin, fundadora e presidente do Spacial é a única mulher a montar e gerenciar um grande circo no Brasil. Com sua filosofia e coragem, inovou, arriscou e conseguiu mostrar que as crises são meramente cíclicas !

Atualmente existem 19 circos espalhados pela cidade de São Paulo em cartaz. Vale destacar que o circo também é uma atividade turística e de lazer. O Circo Spacial está montado na Avenida Atlantica em Santo Amaro e tem espetáculos de quarta a domingo em vários horários; Ingressos populares a partir de R$ 20,00, capacidade para 3.500 espectadores. Confira spacial.com.br

Texto por Cláudio Lacerda Oliva

Foto destaque por Cláudio Lacerda Oliva

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