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Turismo espacial: um milhão em dez minutos

15 de julho de 2016

Entrar em órbita já não é mais expressão de delírio para quem tem muito dinheiro. A Virgin Galactic, empresa norte-americana de turismo aeroespacial, já vendeu mais de 700 bilhetes em direção à órbita da terra ao preço de 250 mil dólares. A duração do voo, em altitude acima de 100 quilômetros, varia entre cinco e 10 minutos.

O valor, embora alto (cerca de um milhão de Reais), nem de longe é comparável ao valor estratosférico já pago anteriormente por turistas espaciais na Rússia: cerca de 20 milhões de dólares.

FOTO 2016 MARK GREENBERG / VIRGIN GALACTIC

FOTO 2016 MARK GREENBERG / VIRGIN GALACTIC

O baixo custo cobrado pela Virgin Galactic vem do alto investimento em tecnologia. No entanto, a empresa tem tido alguns percalços pelo caminho. Em 2007, a explosão de um tanque de combustível no depósito da empresa matou três pessoas. Em 2011, a avaria da espaçonave durante a reentrada na atmosfera terrestre adiou o início dos negócios. Mas nada abalou mais a empresa do que o acidente de 2014, quando a espaçonave caiu no deserto de Mojave, na Califórnia, e matou o copiloto Michael Alsbury.

O piloto da espaçonave, Pete Siebold, teve ferimentos leves. Ele conseguiu saltar somente de paraquedas, pouco antes da espaçonave se desintegrar em voo, na velocidade do som e em altitude de 50 mil pés (15 mil metros), onde praticamente não há oxigênio. Milagre que caiu, literalmente, do céu.

Recentemente, a Virgin Galactic construiu outra espaçonave, a SpaceShip Unity, nome dado por ninguém menos que o astrônomo Stephen Hawking.

RUMO AO CÉU

Para chegar à órbita da Terra, a espaçonave projetada pela Virgin Galactic precisa ser transportada a 15 mil metros de altitude pelo WhiteknightTwo, um avião a jato cargueiro. O WK2 tem envergadura de asa de 42,7 metros e é movido por quatro motores, o que o torna a maior aeronave mista construída totalmente de fibra de carbono no mundo.

Ao atingir a altitude limite os propulsores são disparados imediatamente e a espaçonave passa a subir de forma autônoma , acima da velocidade do som, até atingir a altura de 110 km sobre a superfície terrestre. Nesse momento, as asas da Spaceship são articuladas para a posição embandeirada.

A velocidade relativamente pequena e aerodinâmica das asas desaceleram e alinham a espaçonave para a descida adequada, favorecendo a reentrada na atmosfera. Entre 21.336 metros e 18.288 metros, as asas retornam a sua posição original e planam, por 30 minutos, durante a volta à terra firme.

DESAFIO ORBITAL

O primeiro voo privado para o espaço foi realizado em 21 de junho de 2004. A Scalled Composition venceu o desafio proposto pela bilionária iraniana Anoucherh Ansari, a primeira turista espacial mulher do planeta.

O Ansari XPrize oferecia prêmio 10 milhões de dólares à empresa que criasse uma espaçonave capaz de alçar voo acima de 100 quilômetros de altitude duas vezes a cada 15 dias e com um piloto ao custo de 100 mil dólares. A Spaceship, da Scalled Composition, realizou três voos ao espaço.

Depois do feito, em 2006, os funcionários da empresa vencedora foram convidados a compor a equipe da Galactic Virgin, que tem como presidente o investidor Richard Branson e empresários de Dubai. Branson estará dentre os seis passageiros do voo inaugural.

TÃO ALTO QUANTO O DÓLAR 

Era um tempo em que o céu só podia ser conhecido pela maioria dos mortais em revistas. Reynaldo Ansarah ainda era criança e folheava algumas delas com os primos, quando viu em uma das páginas fotos do espaço. Nasceu ali o sonho visitar as estrelas. Todos duvidaram.

Aos 42 anos, já formado em engenharia civil e segurança do trabalho, o paulistano descobriu na internet a possibilidade de realizar o antigo sonho. Não teve dúvidas: entrou em contato com a Virgin Galactic e garantiu sua passagem de 200 mil dólares, com 10% de entrada. O restante será pago na data do voo.

FOTO VIRGIN GALACTIC

FOTO VIRGIN GALACTIC

O histórico de acidentes em testes não intimida o engenheiro, que também atua no ramo imobiliário. “Estou tranquilo porque não vou ser o primeiro”, diz. Ansarah reservou a passagem de número 730. Como a lotação da espaçonave é de seis passageiros por viagem, ele acredita que na sua vez a empresa já terá adquirido a experiência de cerca de 120 voos.

O empresário planejou ter tempo para acumular o valor restante, só não esperava a subida do dólar feito foguete. Como calcula a data do voo para 2018, torce por um câmbio mais “pé no chão” que o momento atual. Outros seis brasileiros também compraram passagens pela empresa.

BRASILEIROS NA FILA 

A XCOR também entrou na corrida pelo mercado de turismo espacial. Há algum tempo a empresa vem trabalhando na construção do modelo Lynks Mark I. A princípio, o projeto visa alcançar em 2019 a estratosfera terrestre, a 60 km de altitude.

Os testes estão em andamento no espaço-porto de Mojave. A partir da aprovação do protótipo será então construído o Lynx Mark II – espaçonave que também alcançará mais de 100 km de altitude, porém, partindo da ilha de Curaçao. A previsão do início dos voos turísticos é para 2023, ao valor de 100 mil dólares. Há informações de que já hajam brasileiros inscritos por essa empresa, mas seus nomes ainda não foram divulgados.

Mais informações: virgingalactic.com; xcor.com/lynx 

Texto por: Pedro Teixeira

Foto destaque por Istock/  studio023

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