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Vale do Bom Jardim oferta turismo contemplativo no sul de Minas Gerais

12 de julho de 2024

A Serra da Mantiqueira é um dos locais mais completos no tocante ao turismo de natureza de todo o Brasil, e talvez seja um dos mais importantes do mundo.  Localizada entre os estados de Minas Gerais, Rio de Janeiro e São Paulo, é uma cadeia montanhosa com mais de 500km de extensão. De natureza exuberante, não por acaso ela abriga importantes parques do país, como o Parque Estadual de Campos do Jordão-SP, o Parque Estadual da Serra do Papagaio-MG e o Parque Nacional do Itatiaia (MG/RJ).

Com diversos atrativos que combinam a conservação do meio ambiente e a visitação, a Serra da Mantiqueira é um patrimônio natural do Brasil. Diversidade natural, fauna e flora exuberantes, recursos hídricos únicos, florestas, matas e a sua cadeia montanhosa que reúne pelo menos cinco dos principais picos do país. É uma região que pode ser considerada como cenário ideal para uma imersão natural.

Dentre tudo o que o território engloba, três dados apresentam um raio-x bastante claro para o que estamos dizendo.

O primeiro deles é que em 2013 a Serra da Mantiqueira foi eleita uma das oito áreas protegidas insubstituíveis do planeta Terra. Isso mostra o tamanho do tesouro natural da região, a Serra da Mantiqueira é parte fundamental da Mata Atlântica, que está entra as sete Reservas da Biosfera brasileiras de acordo com a UNESCO.

Outro grande destaque é que a Serra da Mantiqueira é considerada uma das maiores províncias de água mineral do mundo, pela qualidade e quantidade dos recursos hídricos de seu território. São milhares de nascentes, que formam alguns dos rios mais importantes do país – como o Paraíba do Sul e o Jaguari. As águas produzidas na Mantiqueira abastecem parte significativa da região Sudeste, a mais populosa do Brasil. Só por esse exemplo já fica clara a importância da conservação da área.

Foto por: Antonio di Ciommo

Turismo de natureza na Serra da Mantiqueira

Que o local representa um dos mais importantes ecossistemas brasileiros. Mais do que uma importante cadeia montanhosa da Mata Atlântica, a Serra da Mantiqueira tem uma importância imensa para a ecologia e para o meio ambiente como um todo. Um dos pontos positivos citados por quem visita a Mantiqueira é o clima ameno. Muito disso se deve às altitudes da região, que variam entre 1.000 e quase 3.000 metros. Seja em montanhas ou em atividades de trilhas, o território é um prato cheio para turistas de natureza dos mais diversos tipos. Para quem mora na região ou para quem for viajar, o território conta com uma gama enorme de atrativos para crianças e adolescentes.

O Parque Estadual de Campos do Jordão, também conhecido como Horto Florestal, conta com estrutura completa e atividades como trenzinho, pedalinho e arvorismo que estimulam o contato das crianças com a natureza. O Parque Nacional do Itatiaia também conta com diversas atividades que podem ser praticadas pelos pequenos, como banhos de cachoeira e áreas para piquenique. O entorno do Parque da Serra do Papagaio também tem cachoeiras.

Nos três parques é possível fazer trilhas e caminhadas com observação de fauna e flora.

Caminhada de longo curso: trilhas com caminhadas de longo curso não faltam por toda a Serra da Mantiqueira. Aqui, vale destacar uma delas, que abarca a região de maneira ampla: a Trilha Transmantiqueira. Com 1,2km de extensão, ela começa no Horto Florestal de São Paulo, passa pelo Parque Estadual da Serra do Papagaio.

A origem do nome: não poderia ser mais brasileiro. O termo “mantiqueira” tem origem em um dos povos originários do nosso país, o tupi. É a união de duas palavras: amana (que quer dizer chuva) e tykyra (que significa gota. Ou seja, o nome significa “gota de chuva” – remetendo claramente à abundância hídrica).

Surgimento da serra: muito provavelmente se remete a partir de movimentos das placas tectônicas no período Paleoceno, que também formaram a Serra do Mar. Naquela época, as colisões geraram o que depois veio a ser a Serra da Mantiqueira.

Percentual em cada estado: a Serra da Mantiqueira se divide em três estados brasileiros. Cerca de 60% dela está em Minas Gerais, aproximadamente 30% em São Paulo e os outros 10% pertencem ao estado do Rio de Janeiro. Como é possível compreender, a Serra da Mantiqueira tem uma representatividade enorme para a biodiversidade brasileira. Conhecer, entender e cuidar dela é dever de todos nós para que ela continue sendo o que é: uma maravilha natural dentro do nosso quintal.

Foto por: Antonio di Ciommo

Turismo na Serra da Mantiqueira: é sabido que os estados de São Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro oferecem várias cidades e distritos turísticos que estão inseridos dentro da Serra Da Mantiqueira. Em São Paulo temos Campos do Jordão, Santo Antônio do Pinhal, São Bento do Sapucaí e a delicada São Francisco Xavier, além de outros recantos interessantes. São Francisco Xavier, que ainda é distrito de São José dos Campos, despertou para o turismo há menos de duas décadas, mas tem conseguido trazer boas experiências aos visitantes, com pousadas de charme, trilhas pela mata, cachoeiras e restaurantes bastante interessantes.

Podemos citar ainda a cidade de Monteiro Lobato, menor e ainda iniciando sua caminhada pela consolidação, mas que tem paisagens icônicas para oferecer ao turista. Outro local que vai ganhando destaque é Bueno Brandão no lado de minas e Socorro, na outra ponta do estado de São Paulo.

Já no Rio de Janeiro, temos Visconde de Mauá, com pedras dignas de belas fotografias e uma estrada cenográfica maravilhosa. Penedo é outro destino interessante, misturando a tradição finlandesa, casa do Papai Noel e lindas corredeiras. Já o estado de Minas Gerais, orgulha-se por abrigar a maior parte das cidades e distritos turísticos da Serra da Mantiqueira. Podemos citar Passa Quatro com seu passeio de Maria Fumaça. A cidade está na direção das hidrominerais como Caxambu e São Lorenço. Poços de Caldas e Andradas, são mais tradicionais, passando por Caldas e Pocinhos do Rio Verde, até chegarmos bem ao sul do estado, onde encontramos Gonçalves, e a mais badalada de todas que é Monte Verde, que na verdade é distrito de Camanducaia – essas com acesso pela Rodovia Fernão Dias, a partir de São Paulo e Belo Horizonte.

Gonçalves também explodiu turisticamente nos últimos 20 anos. A oferta de pousadas e restaurantes cresceu muito, principalmente na última década – não faltam chalés com banheiras de hidromassagem, bons restaurantes, com cozinha variada. Nos arredores há cachoeiras lindas como a das 7 Quedas, distribuídas por 700 metros de vales, a cachoeira do Cruzeiro e do Simão – no verão dá pra fazer boia-cross no Rio Capivari. Agências levam os visitantes para trilhas, mirantes e atividades como rapel.

Mas nossa intenção nesse artigo não é promover Campos do Jordão em São Paulo, nem Monte Verde em Minas Gerais ou Visconde de Mauá no Rio de Janeiro.  Hoje vamos dividir com os leitores uma grande surpresa que está ganhando o interesse de turistas aventureiros, apaixonados ou aqueles que buscam se desintoxicar do trânsito intenso, das filas, dos congestionamentos e da poluição.

Na Serra da Mantiqueira um distrito tem ganhado a preferência de famílias que desejam respirar ar puro, ouvir os pássaros, ver estrelas cadentes ou simplesmente escutar o estampido das águas geladas nas cachoeiras e corredeiras que rasgam suas montanhas e suas matas, repletas de manacás da serra, araucárias e outras árvores centenárias.

Foto por: Cláudio Lacerda Oliva

Esse lugar chama-se Vale do Bom Jardim, que é uma das promessas para um turismo verdadeiramente contemplativo. Podemos destacar que o local é o Requinte da Simplicidade. A proposta é ofertar ao turista paisagens bucólicas, gastronomia raiz, passeios e cavalgadas que rasgam suas matas fechadas e suas ruelas de terra. O local é um bairro de Camanducaia que foi descoberto inicialmente por sitiantes veranistas, que se cansaram das grandes cidades, principalmente durante a pandemia e não conseguiram mais voltar aos grandes centros. Muitos desses pequenos e médios investidores se fixaram no local e contribuíram para dar à essa região, mais que plantações de brócolis ou batatas, ou no seu arredor a exploração do corte de árvores para a celulose. Aí nasceu o turismo de experiência.

A grande mudança começou a ocorrer em meados da década passada, onde surgiram as primeiras cabanas rústicas para abrigar famílias e casais, principalmente oriundos da grande São Paulo, em busca de uma experiência plena com a natureza. A proposta é bem diferente de Monte Verde, sua vizinha turística. “Aqui não temos carros barulhentos, barzinhos com som alto ou turismo de massa. Queremos que nossos visitantes caminhem tranquilamente, andem a cavalo, façam trilhas pela exuberante mata e enorme área rural do município e experimentem as águas puras de nossas corredeiras e cachoeiras, principalmente no verão”, comenta Lecy Cirilo Orsi, Vice-Presidente da Associação de Turismo do Vale do Bom Jardim.

O Vale do Bom Jardim abrange os bairros Bom Jardim e Campo Verde, unidos pelo Ribeirão Bom Jardim, com cachoeiras e corredeiras. Está localizado oficialmente na área rural do município de Camanducaia, no Sul de Minas Gerais, no coração da Serra da Mantiqueira. O turismo local tem crescido com a implantação de pequenos empreendimentos hoteleiros, gastronômicos, entretenimento e lazer além dos serviços de padaria, mercadinhos, empórios, cafés e loja de artesanato. Seu terroir tem se mostrado propício ao desenvolvimento de outras culturais como olivais, mirtilos, uvas e produtos orgânicos.

Aqueles que optam por se hospedar no Vale do Bom Jardim encontram uma oportunidade de fugir dos grandes centros urbanos e viver experiências próximas da natureza e de contemplar paisagens que vão desde o nascer ao pôr do sol em todas as estações do ano. Atualmente são 30 meios de hospedagem e mais de seis opções para refeições.

Vanderlei Silva – Foto por: Cláudio Lacerda Oliva

Um dos maiores incentivadores do turismo do Vale do Bom Jardim é Vanderlei Silva, popularmente conhecido como Leizinho, que abriu há 17 anos a Padaria Vitória, que hoje é referência no atendimento aos turistas e empresários. Ele cita que faz cinco anos que o turismo local começou oficialmente. Antes, eram donos de pequenos sítios e chácaras e hoje são pousadeiros que sabem receber e que mostram a natureza sem retoques. Ele indica alguns atrativos como a Pedra do Zé da Laje, a cachoeira Bom Jardim, as dezenas de trilhas ecológicas, e recomenda a sua padaria. O turista encontra boas refeições na Cantina Dona Celina, no Rancho Pé da Serra e no Restaurante Casa Velha.

Rubens Lopes, do Sítio Cachoeira – Foto por: Cláudio Lacerda Oliva

Outra figura importante no desenvolvimento turístico local é o Sr. Rubens Lopes, proprietário do Sítio Cachoeira, que abriga 14 casas confortáveis para locação e oferece no quintal de casa a Cachoeira do Vale aberta para fotos, contemplação ou banhos em dias mais quentes. Outro grande trabalhador é o sr Wagner, que trabalha com madeireira e tem uma pousada chamada Alpes da Mantiqueira. São chalés em alvenaria, revestidos de lareira e com uma vista incrível da Pedra do Zé da Laje. Ele está concluindo um lindo mirante com uma visão de 180 graus para a exuberante Serra da Mantiqueira.

Pousada Alpes da Mantiqueira – Foto por: Cláudio Lacerda Oliva

A estrada até chegar ao bairro de Vale do Bom Jardim tem cenas de beleza cênica impactante, hora serpenteada por corredeiras de águas cristalinas, outra hora por montanhas mágicas de uma beleza ímpar.

Outro local para uma refeição caseira é o restaurante Fazenda Esperança, localizada no bairro vizinho de Jaguary de Cima. O buffet é caseiro com o preço fixo e a vontade a partir de R$ 50,00 por pessoa, com destaque para o feijão tropeiro, a carne de lata, o frango frito, torresmo crocante, carne de porco, saladas e legumes fresquinhas e as batatinhas fritas estilo chips que são de dar água na boca.

Fazenda Esperança – Foto por: Cláudio Lacerda Oliva

Três meios de hospedagem são recomendados em Bom Jardim; a Pousada Pinho Bravo da precursora Lecy Cirilo, essa empreendedora começou há mais de uma década e foi precursora deixando um legado e pontapé inicial. A Pousada é Pet Friendly, e está instalada em meio à natureza numa área de 40.000 metros de área verde e a 1.700 metros de altitude. E oferece serviço personalizado, onde a palavra sensação é o principal legado. Informações: www.pousadapinhobravo.com.br

Pousada Timber Lodge – Foto por: Divulgação

Outro local bastante interessante é a Pousada Timber Lodge, são apenas dois chalés, com valores médios de R$ 950,00 o casal com café da manhã, localizado no bairro de Campo Verde, encostadinho a Bom Jardim e oferece excelente estrutura de passeios. Subindo a serrinha, margeando a belíssima Cachoeira do Morro Grande ou mais conhecida como Cachoeira do Costura. Na fazenda onde fica o Timber Lodge você tem pontos de observação para pôr do sol, 19 trilhas de 10 quilômetros pela mata nativa, lago com passeios de barco e um café da manhã quase todo regional.

Régia Loewens – Foto por: Divulgação

Coordenada por Régia Loewens, Engenheira Florestal de Formação natural de Piracicaba, dedicou-se a criação da pousada que só aconteceu de fato no ano de 2022, inaugurando dois chalés completos com três ambientes. Informações: www.timberlodge.com.br

Outro local de destaque é de Antônio Diciommo – um grande fotógrafo renomado que deixou a correria da cidade de São Paulo para criar o sítio Santa Maria, aconchegante e abraçado pela natureza.  Informações: www.instagram.com/sitio_santamaria

O que se espera da administração pública de Camanducaia é que apoie de fato o turismo no Vale do Bom Jardim, um local com imenso potencial turístico, onde o turismo contemplativo e de experiência possa ser a nova ferramenta para o desenvolvimento dessa região, fixando o homem na área rural e promovendo um roteiro de verdade, sem maquiar as experiências vividas em alguns destinos mais consagrados da Mantiqueira. Não se pode permitir a urbanização de um local onde a presença da fauna e flora sejam os elementos básicos de uma ruralidade quase que em extinção em outros destinos da Mantiqueira.

Chegou a hora do Vale do Bom Jardim ser reconhecido e divulgado

Foto por: Antonio di Ciommo

O turismo do Vale do Bom Jardim tem de ser exercido por suas duas associações, tanto a de turismo como a de moradores, pra que não vire um “Mc Donalds” turístico. Vamos torcer para que os pequenos empresários não sejam contaminados por ideias globalizadas de tornar as experiências verdadeiras em um produto único. Esse artigo tem a intenção de contribuir para que esse belo vale turístico seja tratado com respeito. A pergunta que fica é: por que no site da prefeitura de Camanducaia não existe nada sobre essa belíssima região?

Por que não existe sequer um folder eletrônico para promover essa bela região, nas feiras de turismo por todo o Brasil, onde a Secretaria de Turismo do Estado de Minas Gerais sempre tem estande e Camanducaia nunca se faz presente?

Nossa dica é para que os turistas usem e abusem dessa verdadeira Pérola da Mantiqueira, um novo olhar e uma nova proposta de turismo raiz para a região sul do estado de Minas Gerais.

Mais informações para reservas e passeios consulte: instagram.com/valedobomjardim.mg e instagram.com/visitebomjardim

Texto por: Agência com edição

Foto destaque por: Antonio di Ciommo

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