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5 dias inesquecíveis em Noronha

Um roteiro escrito pelo Juju na Trip com o que há de melhor na ilha: como ver golfinhos, as melhores praias, trilhas, hotéis e spots secretos.

Uma ilha no meio do Atlântico, com o mais belo conjunto de praias do Brasil. Não é pouco, principalmente quando se trata de um país com mais de 7000 km de litoral. Em Fernando de Noronha, tudo é superlativo. A praia do Sancho é considerada uma das mais lindas do mundo, Noronha é um dos destinos mais perfeitos de mergulho do planeta, há tartarugas, raias e tubarões nadando juntos numa mesma praia, sem falar na maior colônia de golfinhos selvagens do planeta.

Para ajudar vocês a aproveitar ao máximo esse paraíso, o Juju na Trip montou um roteiro de 5 dias pela ilha, e um guia com tudo o que você precisa para organizar a sua viagem.

No entanto, vale uma ressalva: o turismo na ilha tem crescido vertiginosamente, e de alguma forma questionável. Embora a área do parque – que representa 70% da ilha – ainda esteja protegida, o aumento do número de voos vêm impactando a ilha, há registros de hotéis verticais sendo erguidos, tartarugas atropeladas por embarcações e, curiosamente, turistas que preferem ouvir seus rádios na praia em vez do barulho do mar. Noronha ainda é um paraíso, mas há que se cuidar para que continue assim.

1 Dia 

Seja lá quantos dias você ficar em Noronha, eles serão sempre pouco, e você irá embora sonhando com algumas horas a mais. Por isso, a primeira recomendação é pegar o voo mais cedo rumo ao destino. As primeiras aeronaves pousam ao meio dia, depois de sobrevoar a ilha e provocar o viajante com um sucessão de imagens indecentes. O Morro do Pico, os Dois Irmãos, o mar azul desbundante do Sancho.

O pequeno aeroporto tem cheiro de maresia misturado com mato – os ares de Noronha são inconfundíveis. Para não perder tempo à entrada da ilha, desembarque com todas as taxas de preservação pagas. Noronha faz parte de um Parque Marinho, e a cobrança das taxas ajuda na preservação.

Foto por Juju na Trip

Se tiver pego o voo matinal, dará tempo de um mergulho. A praia do Cachorro é um bom começo. Embora tenha estrutura de barracas, é lindíssima. Dela, a vista estende-se até às praias do Meio e Conceição, coroando com o Morro do Pico. Para quem gosta, o Cachorro tem ainda uma piscina natural entre as pedras, conhecida como Buraco do Galego.

Vale, inclusive, fazer um batidão a pé elas três praias, que são conectadas pela areia. No final da tarde, rume para o Fortinho São Pedro, um dos clássicos do por-do-sol em Noronha. De lá, vê-se o sol cair pros lados do Dois Irmãos.

Foto via iStock por Stephanie Kenner

Termine o dia com uma moqueca ou um arroz de polvo no Cacimba Bistrô, que fica na Vila dos Remédios sob o comando do chef Auricélio Romão. Na minha opinião, é um dos melhores restaurantes da ilha, e fica na Vila dos Remédios, em uma casa que confere um clima ainda mais especial. Nos fundos do casarão, há um deque a céu aberto com pufes e mesas baixas. É a parte mais gostosa. Não deixe de pedir também o churros de sobremesa.

2 Dia 

Dia de conhecer as praias mais lindas de Noronha: Cacimba, Baía dos Porcos e Sancho. Acorde cedo e comece pela Praia da Cacimba, a mais extensa da ilha, e locação – não à toa – de quem escolhe casar no destino. É na Cacimba que ficam os Dois Irmãos, e – se for época de swell – é muito provável que você esbarre com os nomes mais conhecidos do surfe mundial. O pico de ondas da praia tem um fundo misto de areia e pedra que garante formações tubulares perfeitas que podem chegar a 5 metros.

Fora da temporada de swell, que costuma entrar entre outubro e março, o mar é mais calmo, e vale à pena o snorkel em torno das rochas para ver a vida marinha. Da Cacimba, sai a trilha para a Baía dos Porcos, uma pequena baía preciosa de águas esmeraldas, cercada por um paredão de pedra. Vá sem pressa, e na melhor hora: a da maré vazante.

Foto por Juju na Trip

Tome uma pausa para o almoço, que pode ser no Empório São Miguel, um restaurante a quilo com preço justo, e pegue o caminho da Praia do Sancho.

O Sancho já faz parte do Parque Nacional Marinho e, portanto, é necessário pagar a entrada. Da sede até a areia, é preciso atravessar passarelas suspensas – instaladas para que a passagem de visitantes não impacte a vegetação nativa – , depois uma fenda entre as rochas, e finalmente uma longa escadaria.

Foto via iStock por Reuber Duarte

O Sancho é considerada a praia mais linda do Brasil, e merece o título. Aqui, um paredão avermelhado protege a baía de águas mais cristalinas e azuis de Noronha, abrigo de peixes, raias e tartarugas. Antes, porém, de descer até a praia, vá ao mirante e deslumbre-se com a vista da Baía dos Porcos, do Dois Irmãos e Morro do Pico, tudo numa tacada só. Depois, para ver um poente deslumbrante, a escolha pode ser do Bar do Meio, que fica entre a praia de Conceição e a praia do Meio.

De noitinha, você pode conferir as palestras na sede do Tamar, que ocorre sempre às 19h e às 20h, e aborda temas ligados à preservação da fauna marinha. Para ver a programação, é só acessar a página do projeto (tamar.org.br).

3 DIA

A maior chance de ver um golfinho de perto, sem desrespeitar as regras de proteção do parque, e sem estressar o animal, é remando pela costa de Noronha numa canoa havaiana. Quem faz o passeio é o Noronha Canoe Clube (noronhacanoeclube.com.br), e é possível remar do porto até a praia da Cacimba. A atividade – que pode ser em canoas de 2, 4 e 6 pessoas – é guiada todo o tempo pela Bárbara Polezer, Rafael Pinheiro, e Danilo Junior, os dois últimos condutores credenciados do Parque Nacional e ex-pesquisadores do Projeto Golfinho Rotador.

Nossa experiência com eles foi emocionante em todos os sentidos: não só pela observação dos golfinhos – às dezenas! – mas pela equipe também. O respeito deles pelo mar é uma lição bonita.

Foto via iStock por Reuber Duarte

Na mesma linha, tem o caiaque com fundo transparente, passeio sensacional no qual ainda pode-se ver os animais passando por baixo da pequena embarcação (passeiosnoronha.com)! O caiaque também fica mais próximo da água e a observação é mais olho no olho.

Recomendo almoçar no Museu do Tubarão, que fica ao lado do porto, e onde há uma isca de peixe e um bobó divinos. Vale dizer que os peixes servidos no restaurante são pescados diariamente pelo Leo Veras no anzol – dono do museu e um estudioso dos tubarões na ilha – e que é o restaurante com o melhor custo-benefício de Noronha.

Depois, volte para a praia do Porto para um mergulho de cilindro. Para os iniciantes, acho o mergulho na praia do porto mais interessante que o mergulho embarcado.

Foto por Juju na Trip

Explico o porquê: O mergulho embarcado acontece para os lados da ilha Rata e Gineta, e exige deslocamento por mar, que pode estar batido e causar enjoos. Além disso, é preciso esperar por todas as rodadas de mergulho de quem está no barco, o que acaba levando horas.

Já o mergulho realizado no porto sai da areia, e tem horário agendado, de forma que não existe espera. Mas o pulo do gato é o local onde a experiência ocorre: no porto há um naufrágio de 1929, e a vida marinha é exuberante. Sem falar na quantidade de tartarugas que visitam essa praia. Quem faz é a Sea Paradise (seaparadisefn.com.br).

De noite, você pode jantar no Pico, na Vila dos Remédios. A comida é sensacional. Comece pela salada de folhas com coalho empanado, tomates assados e castanha, e prossiga com o risoto de camarão com vinho e dendê. Para fechar, vá de rabanada uruguaia com doce de leite caseiro e sorvete; vale cada caloria.

4 DIA 

Trilhas também fazem parte do roteiro de Noronha. Uma delas é a Trilha do Atalaia, que fica dentro do Parque Nacional Marinho e leva a uma piscina natural que se forma na maré baixa. O cenário é de um “berçário” aquático, com várias espécies filhotes de peixe.

É preciso reservar o horário para passeio o Atalaia na sede do ParnaNoronha. Mas antes, verifique a tábua de marés, que indica os melhores horários e dias para visitar a piscina. E não deixe para reservá-lo em cima da hora. Por ser uma área de preservação, a entrada é controlada e restrita a 100 visitantes por dia.

Foto via iStock por Reuber Duarte

Além do Atalaia, há diversas outras trilhas na ilha: a do Capim-Açu que vai até a praia do Leão; a da Costa Esmeralda que passa pelas praias do Bode, Quixaba e Cacimba do Padre; a do Farol que passa por vários mirantes; e Costa Azul que parte da Vila dos Remédios, passa pelas praias do Meio e Conceição, e termina nas ruínas do Forte Sta. Cruz.

E como o pôr-do-sol em Noronha é sempre um ritual, encerre seu dia vendo o sol cair no Restaurante Mergulhão, com vista para o Morro do Pico.

5 DIA

Noronha também é um paraíso para o mergulho livre e travessias a nado, e essa é uma experiência que vale à pena, principalmente se o seu instrutor for o Luis Felipe Bortolon (instagram.com/tournoazul), biólogo que conhece profundamente o mar da ilha.

Depois de trabalhar por 9 anos como pesquisador do Tamar, ele passou a atuar na ilha como mergulhador, e é um dos poucos certificados para apneia em Noronha. O bacana é que a atividade pode ser feita por qualquer um, mesmo por quem nunca mergulhou. – A gente faz uma instrução rápida e fácil das técnicas básicas de mergulho livre e depois inicia o mergulho recreativo pela área – explica ele, acrescentando que, no caso das travessias, há apoio de boias e coletes para quem quiser.

Foto por Juju na Trip

Outro passeio sensacional é o planasub, onde o visitante é rebocado no mar segurando uma prancha, o que permite que ele desça até o fundo e retorne à superfície de forma rápida e segura. O tour acontece na área próxima ao porto, e recomendo fazer com o Noronha Passeios (noronhapasseios.com).

Para jantar no seu último dia, uma ótima pedida é o bistrô da Pousada do Vale (pousadadovale.com), que serve peixes frescos da ilha e verdes que vêm da horta deles, 100% orgânicos. Peça o atum com purê de raiz forte e crisps de couve.

SERVIÇO

Quanto tempo ficar 

Recomendo, no mínimo, 5 dias.

Onde ficar 

Há em Noronha algumas pousadas super luxuosas, mas são empreendimentos sem identidade, e que muitas vezes impactam negativamente o meio ambiente. Dito isso, gostamos muito a Pousada del Mares: tem DNA local, quartos bem decorados, é aconchegante e tem um astral maravilhoso. Já para uma estada bem econômica, recomendo a Casa Swell, um hostel super bonitinho e bem transado, confortável, e que além dos quartos coletivos, conta com suítes.

Quando ir 

Em Noronha, chove bastante de março a julho. De agosto a outubro é a temporada seca. E do fim de outubro a fevereiro/março, o mar sobe e Noronha vira o paraíso do surfe. É ótimo para quem gosta de ondas, mas se essa não é a sua praia, tente se programar para vir nos outro meses (até porque, quando o mar sobe muito, o porto fecha, passeios são cancelados, e o que se tem pra fazer é mesmo surfar). No resto do ano, o mar é uma piscina.

Transporte 

Só existe uma rodovia por lá, que liga o norte e o sul da ilha. Existe transporte público em Noronha, mas circulando apenas nessa rodovia, e não vai até às praias. Da rodovia até o mar, é preciso caminhar bastante. A melhor opção é alugar um bugre. Recomendo alugar com o Dejair, do Noronha Passeios, que tem bugres novos, bem conservados e um ótimo atendimento.

O whats dele é (81) 8765-4031.

Mas atenção: há blitz de lei seca; se for beber, pegue um táxi.

TPA NORONHA e outras taxas

Noronha faz parte de um parque de preservação, então existem algumas taxas a serem pagas quando se viaja para lá: A Taxa de Preservação (TPA) é cobrada de acordo com os dias que você passar na ilha. No site www.noronha.pe.gov.br existe uma tabela e a opção para emissão do boleto e pagamento antecipado.

Também é cobrada a entrada no Parque Nacional Maringo (Parnamar), que engloba praia do Sancho, Leão, Atalaia, Baía Sudeste, ilhas Gineta, Rasa e do Meio. A carteirinha dura 10 dias e custa R$ 70 para os brasileiros, R$ 150 para os gringos. 70% desse valor é revertido em ações no Parque Nacional. Você obtê-la na sede do IBAMA/ICM-BIO, na ilha mesmo.

Texto por Juju na Trip

Imagem Destacada por Juju na Trip

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