Em sua busca por alcançar cinco milhões de visitantes estrangeiros em 2018, Cuba registrou no começo de março seu primeiro milhão de visitantes do exterior no ano – com quatro dias de atraso em relação a 2017.
“Esses resultados se obtêm a partir do esforço conjunto de todos os organismos do governo e do Estado que intervêm na atividade turística”, escreveu a diretora de Comunicação do Ministério do Turismo (Mintur), Janet Ayala, nas suas redes sociais.
A ilha mantém o Canadá como o primeiro mercado emissor de viajantes, que também chegam de países europeus, como Alemanha, Rússia e Espanha. No ano passado, Cuba teve um recorde de 4,7 milhões de turistas, influenciado por uma maior presença de estadunidenses no país. Os visitantes dos Estados Unidos somaram 619 mil desembarques – uma alta de 217% em relação ao ano anterior, segundo dados da chancelaria cubana para os EUA.
Contando com os 453 mil cubanos residentes nos Estados Unidos que voltaram à ilha por meio da aproximação, o número de pessoas provenientes do país ao Norte chegou a 1,17 milhão em 2017. Apesar disso, as autoridades cubanas insistem que os prejuízos causados pelo embargo econômico imposto pelos EUA ao governo local custa US$ 1,5 milhão anuais.
Cuba e Estados Unidos restabeleceram relações em julho de 2015, quando os antigos inimigos entraram em uma nova etapa de normalização que, entre outras coisas, reinaugurou os voos comerciais entre os territórios, os trajetos em cruzeiros e se aprovaram medidas de flexibilização às viagens. No entanto, as reiteradas advertências emitidas pelo governo do presidente Donald Trump por supostos ataques sônicos a diplomatas estadunidenses em Havana reduziram o número de visitantes do país.
O episódio fez com que Trump emitisse um alerta aos cidadãos dos EUA para não viajarem a Cuba, além de aprovar novas restrições às viagens individuais à ilha. Dois meses depois, o chanceler cubano Bruno Rodríguez recebeu o senador republicano Jeff Flake em Havana, com o intuito de promover um projeto de lei no Congresso estadunidense eliminando as restrições.
No ano passado, uma pesquisa publicada pela consultoria Cuban Educational Travel, que organiza intercâmbios de estadunidenses à ilha, mostrou que 86% desses viajantes acreditam que ir à ilha beneficia o povo cubano. Segundo os números, 76% dos visitantes dos EUA se hospedaram em casas particulares, 85% fez algum tipo de locomoção em táxis privados e outros 86% voltaram com compras como peças de artesanato, obras de arte e discos.
Hoje, o setor turístico cubano conta com 25 empresas mistas em 14 hotéis e 19 companhias estrangeiras que administram 41 mil habitações na ilha em 82 contratos com o Estado – o que representa 62% das 67 mil habitações hoteleiras existentes na ilha. A elas se soma outras 21 mil acomodações que são gerenciadas por particulares em suas próprias casas, segundo dados do Mintur.
O turismo representa a segunda fonte de receitas de Cuba depois da venda de serviços profissionais ao exterior. Segundo analistas, a contribuição do setor é de 10% do PIB, além de geração de meio milhão de empregos. Segundo registros oficiais, a ilha possui 366 hotéis e projeta a abertura de outros 15 ainda esse ano. A ideia é chegar a 2030 com 100 mil habitações hoteleiras.
O Brasil possui poucas rotas diretas partindo das capitais em direção a Havana. Recentemente, o programa VoeGol, da Gol, conseguiu a autorização da Agência Nacional de Aviação Civil (ANAC) para operar voos entre São Paulo e a capital cubana. Normalmente, porém, as aeronaves fazem uma parada na Cidade do Panamá, em Bogotá e Lima.
O turismo em Cuba
Com o embargo econômico imposto pelos Estados Unidos, o fim da União Soviética e uma economia não diversificada, Cuba entrou nos anos 1990 apostando no turismo das suas praias deslumbrantes como principal fonte de recursos para manter o regime socialista.
Aproveitou-se de uma localização privilegiada no Caribe, próxima a Miami, e de uma indústria turística cada vez mais global, com um aumento de passagens aéreas para diversas novas partes do planeta, para tomar uma série de medidas de incremento ao lazer para turistas estrangeiros. Cresceram resorts e hotéis, houve permissões para a recepção de pessoas de fora do país nas casas dos cidadãos e até um circuito turístico foi montado, privilegiando principalmente as praias e a capital Havana.
Uma das principais iniciativas do governo cubano em relação ao turismo foi a criação de uma segunda moeda, mais forte do que o peso nacional (CUP), utilizada apenas pelos setores envolvidos com o turismo. Nascido em 1994, o peso convertível (CUC) vale 24 vezes mais que a outra e, em comparação internacional, tem quase paridade com o euro (1 CUC = 1, 36 euro na cotação atual).
Cuba também diversificou a propaganda externa sobre as belezas do país, apostando principalmente na arquitetura colonial intacta de Havana, assim como a vida cotidiana da cidade, bastante artística, e nas várias praias paradisíacas distribuídas pela ilha – sobretudo, Varadero. Deu certo: de 2009 a 2014, por exemplo, a taxa de chegadas internacionais aumentou 23%.
Em 2016, o país bateu o recorde de 4 milhões de visitantes estrangeiros. No ano anterior, o número já tinha passado os 3,7 milhões de turistas, que levaram, segundo os dados, US$ 2,8 milhões para a ilha. Segundo o Ministério do Turismo cubano, se espera que, em 2018, a cifra chegue a 5 milhões.
Texto por: Agência com edição
Foto destaque por IStock/ julianpetersphotography